6 de julho de 2012

Rock News: Ihshan diz que ninguém sabe o que é ou que não é black metal


Recentemente a Radio Metal entrevistou ex- frontman do Emperor cujo nome verdadeiro é: Vergard Sverre Tveitan. Confira alguns trechos desta entrevista. 



Metal Radio:O título do álbum é "eremita" cuja palavra em latin significa "eremita". Essa é uma questão muito óbvia, mas você realmente se vê como um "eremita"?   

Ihsahn: Artisticamente falando, sim é correto dizer isso. De um certo modo mundo eu tenho a necessidade de trabalhar sozinho. Eu apenas sigo o meu caminho, mas eu acho que isso não é necessariamente preciso fundir e se misturar. Mas o título do álbum reflete esse conceito em outro nível muito mais importante, penso eu. A filosofia de Nietzsche tem sido uma grande influência para mim , pois o próprio Nietzsche escreveu o Zaratustra cujo tema era a existência eremita. Ao longo de minha carreira eu sempre visitei essas figuras mitológicas como: Prometeu, Ícaro ou Lúcifer, todos aqueles personagens profanos que de alguma forma desviaram-se dos padrões, ou seja que pretenderam ir além da conformidade, do coletivo para mostrar a sua própria opinião. Isso reflete muito bem o título desse álbum cujo personagem empreende fuga para a floresta, enfim foi espontâneo, natural. 


Metal Rádio: Você disse o seguinte sobre esse álbum: "Eu realmente sinto que ele é parte de um trabalho ainda mais inspirado", que na verdade é algo clássico para um artista dizer quando lança um álbum novo, mas eu não me lembro ter escutado você dizer isso, ou afirmar algo do tipo. O que este álbum trás de tão especial? 

Ihshan: Eu penso que existem muitas razões. Porque depois de terminar três álbuns "a triologia", acabei encontrando um lugar especial musicalmente falando, do qual eu gosto muito. Eu tenho as bases dessa música, as raízes claro são do metal extremo, mas ele me permitiu ter um novo playground para poder fazer as experimentações que julgasse necessárias que poderiam acrescentar algo mais neste trabalho. Pois penso que neste álbum eu me mostrei mais confiante. Eu tive mais mais controle ao passo que eu fui desenvolvendo o álbum. Com toda essa confiança adquirida eu pensei que poderia voltar lá atrás e desenterrar algumas influências dos tempos passados de minha carreira. Eu poderia voltar ao Black Metal do qual eu já estou afastado a um longo tempo. Eu me sinto como se tivesse falando de um touro nesse momento.Isso é apenas um sentimento, pois quando eu ouvir o álbum terei mais uma série muitas outras considerações a fazer sobre ele. Eu não fiquei satisfeito com as coisas anteriores, mas eu sinto que há algo de especial neste álbum. Eu penso que pelo menos ele chegou perto do que eu planejava fazer desta vez. É assim que eu tento avaliar o meu sucesso: O quanto que eu me aproximei dele desta vez? 


Metal Radio: Você disse numa entrevista recente que você concluiu a trilogia "After", a sua decisão inicial era fazer um trilogia ou era reinventar, reconstruir sua plataforma musical para você mesmo. Pode-se dizer que você fez estes três álbuns visando descobrir-se musicalmente, ou seja criar a sua identidade?


Ihshan: Sim e não também. Durante o tempo em que fiz estes três álbuns eu queria poder explorar o meu potencial e assim saber até onde eu poderia chegar, sem ninguém me influenciando e tentando colocar as sua idéias nele (risos). Mas também tive a sorte deste trabalho se diferenciar, ou seja, não ser uma extensão do que eu já fazia no Emperor. Eu queria fazer algo sólido que pudesse caminhar com os próprios pés em relação a estes níveis que neste caso foi o mais importante para mim. Agora que eu cheguei até aqui, vejo que a distância e tempo que eu levei para percorrer não fizeram a miníma diferença para mim. Hoje eu estou muito mais tranqüilo e satisfeito em relação ao início de minha carreira. Estou em um nível mais confortável e prático, pois eu não queria chegar e fazer apresentações com apenas dois álbuns, por causa do set list, pois isso seria desconfortável ter que colocar músicas do Emperor para cobrir o resto do show.  Eu não quero que isso seja algo que dependa ou esteja diretamente ligado Emperor. 


 Metal Radio: Já faz dois anos desde a última vez que nos falamos e naquela ocasião você me disse que: "Hoje em dia as pessoas tendem a ver  o Black Metal como um tipo metal tradicional com fórmulas definidas dizendo o que ele é ou não é. Isso vai contra o que eu sempre acreditei ser Black Metal ou não. Para mim o Black Metal sempre representou a idéai de liberdade musical. Agora existem tantas regras, ele não é mais "Black Metal". Poderíamos dizer que o que matou o Black Metal foi quando decidiram lhe dar tal nome?


Ihshan: Não necessariamente. É apenas um rótulo, mas isso é muito subjetivo.Eu só posso entendê-lo à minha maneira. Basicamente ninguém sabe o que é ou não realmente o Black Metal.Para mim, o Black Metal é um sentimento, sabe? Eu não faço um grande show ou um grande álbum visando chamar-lhe de Black Metal, mas se existe alguma coisa que eu identifique como Black Metal é porque existe certos sentimentos que levam a classifica-lo como tal. Eu não me importo com o que as pessoas ou dizem, pois eu pensava que fosse a questão de estar atrelado as raízes e que seria isso que deveria ser seguido e por isso deveria ser ou não ser Black Metal. Eu nem ligo para o que vão me dizer se é ou não Black Metal, porque eu adicionei um saxofone e isso não é permitido. E porque eu deveria me importar? Na minha própria interpretação desses fatos eu digo com tranqüilidade que a música mais obscura e sombria de heavy metal que eu já fiz foi "Sepultura A", e é, exatamente esta faixa que eu chamaria de a essência do Black Metal é justamente essa. 














        

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