12 de agosto de 2012

Classic Rock: Eric Clapton - Eric Clapton (1970)


Após uma brilhante passagem pelo The Yardbyrds, o guitarrista Eric Clapton mergulha de cabeça no blues e vai tocar na banda de John Mayall onde deixa um registro Blues Breakers John Mayall with Eric Clapton (1966), que faz justiça a sua fama e ao apelido "Deus" e dessa maneira estabelecerá-se como um músico de blues e sua passagem pela banda de John Mayall foi curta, pois o guitar-hero abandonou-a pouco tempo depois do lançamento do álbum, para formar um dos maiores e mais influentes power trios da história do rock, onde a sua fama e prestígio subiriam a níveis inimagináveis de adoração e devoção por parte dos seus adeptos. 



Junto com seus colegas, o baixista Jack Bruce e Ginger Baker (cuja escola é o jazz), Clapton formou o Cream e ainda em 1966 a banda lança o seu primeiro atentado sonoro Fresh Cream que na verdade é verdadeiro culto ao blues e ao rock totalmente potente e ficou ainda mais forte aliado a psicodelia que levaria a banda a caminhar por outros lados aonde o rock ainda não havia nem sequer chegado perto e o momento apoteótico na carreira deste power trio chega com o lançamento de Disraeli Gears (1967) era o auge e o sucesso andando lado a lado e mostrando ao mundo que o grupo tinha competência cuja prova estava em faixas como Sunshine of your Love, Strange Brew e World of Pain, mas de maneira inesperada o grupo após lançar outro grande álbum, o Wheels Of Fire (1968) anuncia o fim precoce de suas atividades, mas quem pensa que o grupo se resume apenas aos álbuns de estúdio está enganado, pois tem que ouvir Goodbye (1969) e Livre Cream (1970), onde toda a habilidade do grupo principalmente de Eric Clapton que simplesmente barbarizava, aterrorizava e escandalizava nos seus longos solos e improvisos se aflorava de maneira mágica enfim era uma viagem ácida demais para os ouvidos alheios. 

O guitarrista partiu para outra empreitada desta vez contava apenas com Ginger Baker seu ex-companheiro de Cream e mais Steve Winwood vocalista do Traffic e o baixista Ric Grech  que somava em currículo passagens por bandas como o Family (onde construiu a sua fama) e depois trabalhou como músico de estúdio para outras caras como Rod Stewart, Muddy Water entre outros e assim o Blind Faith estava pronto e o primeiro e último álbum do grupo Blind Faith (1969), um excelente registro que a época foi mal sucedido comercialmente (mas a turnê foi bem sucedida financeiramente) e hoje simplesmente transformou-se em um item obrigatório para os fãs de rock e do guitarrista que pouco tempo também desfez a banda e mergulhou profundamente no silêncio mantendo-se longe dos palcos.

Cansado da fama, do burburinho em torno do Cream e do Blind Faith, apaixonado pela mulher do seu amigo (o ex-Beatles George Harrison), e também pelo fato de ficar afetado pela música do The Band (e manifestar interesse pedindo para tocar no grupo depois do fim Cream) o músico caí na estrada para exorcizar os seus demônios e passa excursionar como convidado com a banda Delaney and Bonnie and Friends e durante as suas andanças com o grupo o Delaney Bramlett que acabou tornando-se amigo íntimo do guitarrista simplesmente tratou de encoraja-lo a voltar a compôr  e continuar na estrada fazendo o que melhor sabia fazer cantar e destruir na guitarra. 

                   
O jeito para Clapton continuar com os seus ambiciosos planos foi começar se aproveitando da banda de Delaney, Bonnie & Friends inteira cujo o elenco trazia grandes nomes da música como: o próprio Delaney (na guitarra base, backing vocals), Leon Russel (que assumiu o piano), Bobby Whitlock (orgão e vocais), John Simon (também no piano), Carl Radle (no baixo), Jim Gordon (na bateria), Jim Price (trompete), Bob Keys (saxofone), Tex Johnson (percussão), Bonnie Bramlett (vocais), Rita Coolidge (vocais), Sonny Curtis (vocais, The Cricktes), Jerry Allison (vocais, The Crickets) e Stephen Stills (do Crosby, Stills, Nash & Young também nos vocais) e agora depois dessa "pequena" lista de músicos pense qual seria o resultado final dessa parceria que se faz presente em todo o disco. 

Tem um detalhe fundamental já que, Eric Clapton era fruto daquela época, pois o cara estava vivendo ali dentro do furacão e assim como os músicos daquela época que seguiam os passos do rock e também pelo ego se viam obrigados, impelidos a se diferenciar a buscar a sua marca para apregoa-la nem que fosse a ferro, fogo, suor, sangue e lágrimas e ai o dilema o que fazer, para onde ir bom o blues e o rock ficam, mas o que mais poderia ser testado devido ao line-up reunido para gravar este disco seria algo fora do comum e mais uma vez os limites seriam testados e por isso o country, o R&B e o Gospel entrariam na jogada e desse diálogo que marca o período de transição de Clapton que começa a caminhar para música pop, assim como fizeram os Rolling Stones poucos anos depois quando lançou os clássicos Sticky Fingers (1971) e Exile on Main St.(1972).

Justamente nesse esquema é que o novo som de Eric Clapton se encaixará e cada vez mais ao longo da década irá persegui-lo. O disco foi produzido por Delaney Bramlett ao lado do engenheiro de som Bill Halverson e a empreitada aconteceu em Los Angeles, na Califórnia no Village Recorders e outra parte rolou em Londres Island Studios e o lançamento do disco ocorreu em julho de 1970, mais um clássico do rock estava circulando livre por ai pronto para conquistar fãs e mais fãs e louco para aumentar ainda mais a reputação de Clapton que anunciava o seu início no pop e mostrava a sua versatilidade pela quantidade de estilos que entraram no seu lidiquificador eram a prova definitiva que a música não tinha limites e poderia caminhar para bem mais longe se fosse necessário. 


O disco começa com tudo com a jam session "Slunky" com as belas linhas de sax e a guitarra ensolarada de Clapton mandando riffs e solos muito bem encaixados num ritmo alucinante tipico do blues. E este verdadeiro culto dá suas pintas de clássico definito do rock, pop com uma seqüência matadora com "Bad Boy" outro daqueles blues de arrepiar os cabelos cheios de malicia que te faz para e cantar o refrão grudento por horas a fio e a outra faixa a "Lonesome and a Long Way From Home" já entra no esquema do gospel e do R&B que na verdade serve como uma espécie de introdução para um dos maiores hits da carreira deste cara "After Midnight (um belo cover de J.J Cale que foi imortalizada com uma versão incrível no álbum ao vivo Rainbow Concerts) um belos blues com a cara da nova fase do cantor e na seqüência vem calma balada acústica "Easy Now" e depois o disco volta a pegara fogo na blues rock "Blues Power" (que também recebeu uma versão ainda mais matadora cheia de solos num clima mais rock no álbum Rainbow Concerts) que aqui conta com belos solos cheios de melodias. 

E o disco segue em frente com outra faixa excelente, a "Bottle of Red Wine" (que também esteve presente no álbum Rainbow Concert e também ganhou uma versão mais pesada calcada em poderosos solos e riffs de guitarra) e nesta gravação aliás todas as faixas mostravam-se capazes de ir além do seu status original e caso fosse necessário improvisar em cima delas para leva-las ao outro nível ainda maior era possível e isso foi realmente comprovado no clássico Rainbow´s Concert lançado em 1973, pois as faixas que constam no disco se estendem além do tempo original. O country aparece em "Lovin' You Lovin' Me" e os destaques aqui pelo vocais de Clapton que passeiam pela melodia sem quaisquer problemas e isso denota a eficiência do cara neste trabalho. E o country novamente ataca em "I've Told You For the Last Time" e o R&B também tem sua presença garantida em "Don't Know Why" cheia de doses cavalares de guitarra e fechando o álbum vem outro grande momento do álbum a faixa "Let it Rain" puro pop rock com refrões grudentos cujas melodias instrumentais são igualmente grudentas, enfim uma faixa iluminada pela inspiração do mestre e Clapton e sua família que pode ser considerada uma reunião de gênios. 

E dessa reunião de gênios seria fornecida a base para a próxima empreitada de Clapton em forma de banda, ou seja, nasceria daí o Derek and the Dominos cujo resultado seria um dos maiores clássicos da carreira do grupo o super romântico Layla and Other Assorted Love Songs (1970), seria a declaração de amor que já começava pela sua polêmica capa, para Patty Boyd na época esposa de George Harrison (ex-Beatles). Esta banda ainda o acompanharia por várias caminhadas durante a década de 1970, época em que o astro viu-se perdido nos vícios (álcool e drogas). Esta aqui uma verdadeira obra prima que o tempo fez questão de preservar e torna-la obrigatória para o fãs do velho e bom rock 'n' roll cujo o lema é quebrar barreiras e não se restringir a padrões estéticos e por isso pôde ajudar a construir as bases do pop e ao contrário do que muitos pensam não é descartável (já que foi pervertido pela indústria e transformado, convertido em música de consumo barato e raso visando lucros rápidos) e aqui ainda temos a possibilidade de vislumbrar as possibilidades de uma época que se faz tão presente em nossas vidas e mostra o nascimento de um gênio e sua criação atemporal sempre disposta a mudar a vida de alguém e assim como mudou a minha pode mudar a sua e por isso abra a cabeça e entre nesta viagem sem medo de ser feliz.       

   

      


           











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