15 de agosto de 2012

Classic Live: The Who - Live At Leeds (1970)


Em 1969 o The Who deu um grande passo em sua carreira ao lançar o álbum Tommy, pois inaugurava um conceito que a banda repetiria quatro anos mais tarde, ou seja, a opera rock e a sonoridade continuava absurdamente pesada seguindo fielmente os passos do rock e os exageros principalmente, porque não haviam limites traçados e naqueles tempos dourados tudo que surgia era novidade que caminhava numa longa avenida como uma fila de carros velozes e potentes sempre sedentos por mostrar seus diferenciais para os seus admiradores: os fãs!.



Depois do lançamento de Tommy (1969) cujo sucesso estrondoso tornava-o o grande momento do grupo naquele momento e o como sempre era necessário levar esse espetáculo para os fãs que fizeram dele um álbum bem sucedido e o jeito foi cair em turnê, pois a banda vinha da década de 1960 e tinha em sua bagagem quatro álbuns de estúdio My Generation (1965), Quick One (1966), Sell Out (1967) e mais a opera rock que a banda acabava de despejar no mercado e também acabava de entrar em turnê para promovê-la, mas tinha um detalhe importante ai: a banda ainda não tinha um disco ao vivo que era muito desejado pelo grupo. 

Ao final da tour, a banda havia colhido material suficiente para esta empreitada tão desejada, já que o set list não seria problema, e por isso não haveria desculpas para que não acontecesse o tão sonhado álbum ao vivo. Só que teve um problema e uma decepção porque o material era longo demais e ter que ouvir tudo minunciosamente afim de escolher o que seria aproveitado no tal álbum, e quando os caras se ligaram que iriam ter que fazer isso e depois decidir o que iam utilizar para concretizar os seus planos e assim diante do imediatismo que se instalara no quarteto naqueles dias eles simplesmente resolveram queimar as fitas para evitar que elas caíssem nas mãos dos pirateadores (naquela época o disco pirata era conhecido por ser um material, cuja origem provinha de um show mal gravado conhecido como bootleg, e não uma cópia ipsis literis de um álbum independente do seu formato disponível para venda nas lojas). 



E para sanar essa dificuldade com o tal material que eles tanto desejavam, marcaram dois shows nos dias 14 e 15 de fevereiro, um que aconteceria primeiro na Universidade de Leeds e o segundo no Hull City Hall, e depois de serem realizados os shows a banda correu para o estúdio para ouvir as fitas e finalmente poder selecionar qual dos shows iria utilizar no seu futuro álbum ao vivo e novamente  começaram os problemas, porque quando a banda ouviu os dois shows ficou decepcionada porque achavam que o segundo havia sido o melhor show, mas não ele não tinha condições de ser lançado por causa dos problemas que rolaram em cima da captação de áudio, motivo pelo qual ele não pode ser aproveitado como desejava a banda, apenas o primeiro show (que havia sido feito e portanto gravado no dia dos namorados), já que ele reunia todas as condições necessárias para ser lançado e assim nascia primeiro álbum ao vivo do The Who. 

Live At Leeds desembarca nas prateleiras das lojas em maio de 1970, e o resultado foi o seguinte: os fãs e os críticos o receberam muito bem e o tanto é verdade que o álbum recebeu duas vezes o certificado de platina nos EUA e tornou-se uma referência do que é um álbum nesse formato, pois ele captura perfeitamente o que era o The Who em cima dos palcos naquela época e a energia que emanava dos seus integrantes e fica difícil de dizer se o melhor ali era o Pete Towshand, ou o Roger Daltrey, ou o Keith Moon ou John Enstwistle (The Ox), pois o grupo era uma reunião de gênios do rock que apenas colocavam para fora tudo o que sabiam nem que para isso tivessem demolir o palco e a casa onde se apresentavam, para apenas dar o seu recado para a galera. 



Como já foi dito sobre o repertório não era problema para realização de Live At Leeds, já que a banda tinha quatro álbuns lançados e o material fornecido veio justamente da turnê de promoção do quarto álbum de estúdio todas as faixas da primeira parte vieram dos três primeiro álbuns e o set lista da primeira parte são as faixas: Heaven And Hell, I Can't Explain, Fotrtune Teller, Tattoo, Young Man Blues, Substitute, Happy Jack, I'm a Boy, A Quick One, While He's Anyway, Summertime Blues, Shakin' All Over, My Generation e Magic Bus e nesta primeira parte já podemos sentir o quanto era pesado e portanto potente o som dos caras, pois eles encontravam-se em um grande momento e estavam totalmente inspirados detonando em solos, nos vocais e alguns dos muitos improvisos uma das marcas registradas do ego dos músicos que iam lá nas alturas, mas faziam a alegria da rapaziada que se apinhava aos milhares nos estádios da vida para vê-los detonar ao vivo.

A segunda parte do show surpreende porque eles estavam tocando o álbum Tommy na íntegra, mas isso não era problema já que o grupo fazia esses temas de maneira que pudessem reproduzi-los nos palcos sem ter a necessidade de levar uma infinidade de equipamentos para reproduzir todos os mínimos detalhes e como a banda era um quarteto que tocava os instrumentos básicos para se fazer rock tudo rolava tranquilamente e nesse dia essa parte do álbum, diz isso claramente e também deixa claro o óbvio: que o resultado desse disco não poderia ser diferente. A capa do álbum foi projetada para se parecer justamente como um disco pirata e no seu interior possuía alguns fac-símiles de alguns momentos importantes da carreira do The Who como o contrato do festival de Woodstock, o pôster Maximum R&B com Pete Towshand girando o seu braço e uma carta da EMI recusando o grupo e o selo do álbum foi escrito a mão trazendo instrução para que os engenheiros de áudio não fizessem nenhum tipo correção, deixando-o como ele realmente era.   



A primeira versão de Live at Leeds continha apenas sete faixas: Young Man Blues, Substitute, Summertime Blues e Shakin' All Over todas no lado A, e no Lado B desfilavam a longa My Generation e Magic Bus, pois o álbum foi lançado em formato reduzido porque as condições técnicas não eram favoráveis para ele ser lançado na íntegra e pelo espaço e quantidade de vinis necessários para armazenar aquele show completo, mas esse problema foi superado décadas mais tarde e várias versões foram aparecendo apresentado mais faixas desse concerto. E nos primeiros anos do século XXI, para ser mais preciso em 2001 a extinta gravadora Polydor relançou o álbum em uma versão Deluxe contendo dois discos com a apresentação completa para alegria dos fãs, o álbum recebeu uma versão box set contando com vinil duplo e mais quatro cd's trazendo as duas apresentações completas, ou seja na íntegra sem quaisquer problemas.                     

Outra verdade que pode ser dita é que o The Who, mais uma vez surpreendia e ao mesmo tempo conseguia quebrar mais uma barreira, e em pouco tempo conseguiu entregar dois clássicos em formatos diferentes na mãos de seus fãs que podiam conferir a qualquer momento sem aviso prévio a banda ao vivo ou ouvindo uma clássica opera rock, que poucos anos mais tarde estaria rodando as tela de cinema outra barreira que o The Who quebrou, pois nada mais poderia detê-los na década que eles ajudaram a inaugurar com o pé direito e os resultados seriam ainda mais positivos para estes britânicos que conquistaram os corações de gerações e mais gerações de fãs fazendo algo simples tocando muito e quebrando todas as regras e derrubando quem ficasse pelo caminho em oposição. 
    


  


     


















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