Legs McNeil e sua companheira Gillian McCain resolveram contar a história do punk sem censura e sem qualquer censura mesmo, a obra não reserva nenhum pudor para descrever o que foi cenário punk norte americano desde o período de nascimento do embrião até o estouro que abalou o resto do planeta espalhando suas sementinhas. O melhor do livro é que ele não é uma mera biografia que traça um panorama. Aqui quem conta a história para o leitor são varias pessoas que viveram aquele momento e só para você ter uma ideia de quem está na jogada é só ligar nas páginas do livro que vai dar de cara com Dee Dee Ramones, Wayne Kramer, Iggy Pop, Patti Smith, Malcom McLaren e além destas personalidades fundamentais você ainda encontra jornalistas como Lester Bangs.
Mate-me Por Favor está muito próximo de um trabalho de história oral, porém é mais do que um amontoado de fofocas de bastidores como alguns podem apontar pelas histórias presentes nele. Além de fazer o que se propõe, o livro ainda de quebra conta como funcionava o contexto cultural da época e do local onde esta turma estava inserida. No caso da narrativa ela começa na década de 1960 contando sobre a Factory, Velvet Underground e depois a história chega em Detroit lar do MC5 e do The Stooges e entra na década de 1970 apresentando ao leitor o cenário em que bandas como os New York Dolls, Ramones, o Television, Patti Smith entre outros surgiram.
Além de ser sobre o Punk nos EUA, o livro chega na Inglaterra também. O livro narra a diferença entre ambos, os europeus no caso abraçaram o lado político mais condizente com a situação do país na época já nos EUA o lance era outro e não havia a política como força motriz, porém havia um lado mais intelectual ligado as artes. Até o Sex Pistols, os novos pupilos de Malcom MacLaren, que havia sido o empresário dos New York Dolls e também foi o responsável pelo surgimento do gênero na sua terra natal.
As diferenças entre o gênero e seus efeitos em ambos os lugares não se resume apenas ao local e os seus problemas e vai além, pois nos EUA muitas bandas não foram adiante e, portanto, saíram de cena, mas em contra partida na terra da rainha, o gênero foi mais bem sucedido e perambulou entre os dois mundo estampando as capas das principais revistas, aparecendo com largo destaque em programas de televisão, mas como tudo aquilo que é bom logo acaba e no caso da música tudo acontece numa velocidade ainda maior, pois o gênero acabou tornando-se tudo o que mais combatia.
E para encerrar esta resenha deixo as considerações finais sobre o que significou o Punk com Legs McNeil, que dispara o seguinte: "Aquela maravilhosa força vital articulada pela música na real tinha haver com corromper todas as formas - tinha a ver com defender que os garotos não esperassem que lhes dissessem o que fazer, mas fizessem a vida por si mesmos; tinha a ver com dizer que tudo bem ser amadorístico e engraçado, que a verdadeira criatividade vinha de se fazer lambança; tinha a ver com o que você tinha na sua frente e transformar tudo de embaraçoso, medonho e estúpido da sua vida em pontos a favor.
O livro foi lançado no Brasil pela editora gaúcha L&PM Pocket e além da tradicional versão de bolso, que no caso deste livro conta com dois volumes, a editora lançou-o no formato tradicional e os preços ficam no caso dos de bolso R$ 22,00 cada e o livro no formato tradicional custa por volta de R$ 42,00. É fácil de achar em qualquer livraria tem.
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