8 de janeiro de 2014

Álbuns Clássicos: Led Zeppelin - Houses of the Holy (1973)


Nascido das cinzas do Yardbyrds, o Led Zeppelin estreou em 1969 com um disco auto intitulado e na seqüência veio o segundo também auto intitulado, mas com a númeração 2, no fim, porém ambos apresentavam uma banda elétrica e por sinal muito pesada e de fato quando chegaram aos Estados Unidos, eles chocaram e aterrorizaram as platéias devido ao peso e ao alto volume ensurdecedor.



Esse blues nervoso tocado nos dois primeiros álbuns sofreu algumas alterações. Em 1970, com o lançamento do terceiro álbum, Led Zeppelin III, que gerou polêmicas pelo novo direcionamento musical adotado, pois metade do set era acústico, folk misturado ao blues elétrico e pesado. Em 1971, chegava as lojas, Led Zeppelin IV, a síntese, pois o blues e o folk resultaram num disco forte cujo sucesso abalou todas as estruturas e foi sucesso imediato aclamado pela imprensa e principalmente pelo público.

Desde o primeiro lançamento o Led Zeppelin trabalhava incansavelmente fazendo longas turnês e praticamente as emendava com o estúdio, pois o sucesso do grupo era enorme e ia até a estratosfera. As turnês tinham shows sold out e os álbuns vendiam horrores e todos eles estavam nas listas de mais vendidos, todos premiados com discos de platina, enfim o que dá azo para imaginação considerando a época em estes gigantes caminhavam sobre a terra arrebatando os corações de suas plateias.

Assim sendo o próximo passo não seria diferente, e o empresário Peter Grant é lógico que manteria a máquina funcionando a todo vapor e de fato foi o que aconteceu e logo a banda entraria em estúdio para registrar o seu quinto álbum. Jimmy Page, o capitão do návio, sempre soube o onde queria chegar e o queria para si e para os seus companheiros e tinha consigo o pessoal certo. O guitarrista já experimentado e renomado por seus trabalhos de estúdio que lhe auferiram experiência e competência ímpar para produzir os seus próprios álbuns, pois até ali quem comandava a produção era ele.


Eclético, o guitarrista, nunca se prendeu a um único estilo embora o preferido fosse o blues, como compositor devido a essa qualidade provou estar a frente de seus contemporâneos e o próximo o seu próximo trabalho continuaria a seguir essa linha. O fato que o quinto álbum do grupo intitulado Houses of the Holy flertava descaradamente com o blues, o folk, o reggae, o progressivo, o psicodélico entre outros, e essa profusão bombástica de estilos dizia muito sobre a banda e o principal é que estavam sempre de braços e corações abertos a novas sonoridades, experiências e emoções. 

Depois de ficar de janeiro até agosto de 1972 transitando entre os estúdios Stargrooves, Headley Grange (com o estúdio móvel dos Rolling Stones onde também gravaram Led Zeppelin IV), Island Records, Olympic Records, na Inglaterra e nos EUA onde usaram o Electric Lady Studios, em New York, o disco foi finalmente lançado em 28 de março de 1973. Assim como os outros, Houses of the Holy também se saiu muito bem sucedido em termos comerciais, pois ultrapassou a marca de onze milhões de cópias vendidas e por isso ganhou onze discos de platina e foi mais um a integrar as paradas de sucesso e a se juntar aos seus antecessores e ajudar a crescer ainda mais fama do Led Zeppelin, enfim era mais uma missão cumprida na carreira dos britânicos.

O set list do álbum, as composições foram assinadas pelo quatro integrantes. Procurar um destaque neste disco é querer arranjar dor de cabeça porque todas elas se sobre saem pelo fato de possuírem personalidade própria e quando você coloca o álbum para rodar já começa a perceber que trata-se de um clássico imediato ao escutar os primeiros acordes de “The Songs Remains the Same”. Fica emocionado com a balada “The Rain” e pede voar alto por cima de todos e quaisquer morros e montanhas em “Over the Hills and Far Away”. Pira no groove de “The Crunge” para homenagear James Brown. Espera por dias melhores na piração de “Dancing Days”. Passa pela Jamaica em “D´Yer Mak´er” e viaja e se alucina no Reggae e depois passeia pelo sobrenatural em “No Quarter” dialogando com a morte e termina essa viagem ao oriente místico dando uma mergulhada nos oceanos cheios de fãs com “The Ocean”. 


As sessões de gravação foram tão bem sucedidas e acabaram por gerar excedentes, pois as faixas “The Rover”, “Houses of the Holy”, Black Country Woman acabaram ficando de fora do álbum, mas foram adicionados no seu sucessor Physical Graffiti (1975), enquanto a faixa Walter's Walk foi sua usada em CODA (1982), o último álbum de estúdio da banda. Os singles extraídos do álbum foi “D´Yer Mak´er” (que revela a quantas andava o processo criativo do grupo, que ao invés de fazer um cover fez o seu próprio reggae/rock) no lado A, enquanto “The Crunge” a faixa recheava o lado B e o resultado foi até satisfatório, pois atingiu a 20º posição, enquanto o segundo single composto por “The Over Hills and Far Away” e “Dancing Days” ficou apenas na 51º posição, ambos no chart Billboard Pop Singles e o álbum entrou na segunda posição e pouco tempo depois foi para o topo por onde permanceu por trinta e nove semanas, no Billboard To 40. Na Inglaterra, o álbum entrou de cara na primeira posição. Além disso ao longo de sua história encabeçou listas e mais listas dos melhores álbuns de todos os tempos nas publicações mais quentes do eixo Europa/América do Norte.   

A arte da capa é de autoria do pessoal da Hypgnosis mestres na arte de fazer capas de discos tão clássicas e polêmicas quanto o próprio conteúdo musical dos álbuns. A ilustração de Houses of the Holy foi inspirada na obra O Fim da inocência, de Arthur C. Clarke. O desenho da capa foi construído por meio de várias colagens de fotos tiradas da Calçada dos Gigantes por Aubrey Powell, na Irlânda do Norte. A ideia de captar o nascer e o pôr do sol ao longo de 10 dias não deu certo porque no local havia a presença constante de nuvens e chuvas. As crianças que aparecem na capa ao contrário do que se pensa não são os filhos de Robert Plant (Karac & Carmen Plant), os modelos infantis são os irmãos Stefan e Samantha Gates cujas fotos foram tiradas em preto e branco e utilizaram a multi-impressão para fazer parecer que eram 11 indíviduos. Os resultados das sessões de fotos foram ainda menos satisfatórios, mas alguns pequenos acidentes com o uso de um tintométrico acabaram dando um resultado inesperadamente satisfatório. As fotografias foram tiradas também na Irlânda do Norte em Dunluce Castle perto da calçada. 


Houses of the Holy foi o último lançamento do Led Zeppelin via Atlantic Records, pois a banda criou o seu próprio selo, o Swang Song, mas a distribuição era feita pela Atlantic, porém a banda agora teria total controle sobre todos os seus trabalhos. Mesmo com todo o sucesso conquistado e apesar de ser um clássico consagrado e dono de uma incrível coleção de faixas de arrepiar os cabelos, Houses of the Holy acabou ficando apagado porque ficou no meio de Led Zeppelin IV e de Phsycal Graffiti, que ao contrário deste álbum andavam na linha do blues e do folk. O disco de fato pode ser considerado um injustiçado bem sucedido, mas que cuja força sobrevive e com toda certeza pode tranquilamente entrar em qualquer lista dos melhores de todos os tempos. Ele já está na minha lista e na sua?   


Lista de músicas:

A1. The Songs Remains the Same
A2. The Rain Song
A3. Over Hills and Far Away
A4. The Crunge

B1. Dancing Days
B2. D´Yer Mak´er
B3. No Quarter
B4. The Ocean            











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