Nascido das cinzas do
Yardbyrds, o Led Zeppelin estreou em 1969 com um disco auto intitulado e na
seqüência veio o segundo também auto intitulado, mas com a númeração 2, no fim,
porém ambos apresentavam uma banda elétrica e por sinal muito pesada e de fato
quando chegaram aos Estados Unidos, eles chocaram e aterrorizaram as platéias
devido ao peso e ao alto volume ensurdecedor.
Esse blues nervoso tocado nos
dois primeiros álbuns sofreu algumas alterações. Em 1970, com o lançamento do
terceiro álbum, Led Zeppelin III, que gerou polêmicas pelo novo direcionamento
musical adotado, pois metade do set era acústico, folk misturado ao blues
elétrico e pesado. Em 1971, chegava as lojas, Led Zeppelin IV, a síntese, pois
o blues e o folk resultaram num disco forte cujo sucesso abalou todas as
estruturas e foi sucesso imediato aclamado pela imprensa e principalmente pelo
público.
Desde o primeiro lançamento o
Led Zeppelin trabalhava incansavelmente fazendo longas turnês e praticamente as
emendava com o estúdio, pois o sucesso do grupo era enorme e ia até a
estratosfera. As turnês tinham shows sold out e os álbuns vendiam horrores e
todos eles estavam nas listas de mais vendidos, todos premiados com discos de
platina, enfim o que dá azo para imaginação considerando a época em estes
gigantes caminhavam sobre a terra arrebatando os corações de suas plateias.
Assim sendo o próximo passo não
seria diferente, e o empresário Peter Grant é lógico que manteria a máquina
funcionando a todo vapor e de fato foi o que aconteceu e logo a banda entraria em estúdio
para registrar o seu quinto álbum. Jimmy Page, o capitão do návio, sempre soube
o onde queria chegar e o queria para si e para os seus companheiros e tinha consigo o pessoal certo. O
guitarrista já experimentado e renomado por seus trabalhos de estúdio que lhe
auferiram experiência e competência ímpar para produzir os seus próprios
álbuns, pois até ali quem comandava a produção era ele.
Eclético, o guitarrista, nunca
se prendeu a um único estilo embora o preferido fosse o blues, como compositor
devido a essa qualidade provou estar a frente de seus contemporâneos e o
próximo o seu próximo trabalho continuaria a seguir essa linha. O fato que o
quinto álbum do grupo intitulado Houses of the Holy flertava descaradamente com
o blues, o folk, o reggae, o progressivo, o psicodélico entre outros, e essa
profusão bombástica de estilos dizia muito sobre a banda e o principal é que
estavam sempre de braços e corações abertos a novas sonoridades, experiências e
emoções.
Depois de ficar de janeiro até agosto de 1972 transitando entre os estúdios Stargrooves, Headley Grange (com o estúdio móvel dos Rolling Stones onde também gravaram Led Zeppelin IV), Island Records, Olympic Records, na Inglaterra e nos EUA onde usaram o Electric Lady Studios, em New York, o disco foi finalmente lançado em 28 de março de 1973. Assim como os outros, Houses
of the Holy também se saiu muito bem sucedido em termos comerciais, pois
ultrapassou a marca de onze milhões de cópias vendidas e por isso ganhou onze discos de platina e foi mais um a integrar as paradas de sucesso e a se juntar
aos seus antecessores e ajudar a crescer ainda mais fama do Led Zeppelin, enfim
era mais uma missão cumprida na carreira dos britânicos.
O set list do álbum, as
composições foram assinadas pelo quatro integrantes. Procurar um destaque neste
disco é querer arranjar dor de cabeça porque todas elas se sobre saem pelo fato
de possuírem personalidade própria e quando você coloca o álbum para rodar já
começa a perceber que trata-se de um clássico imediato ao escutar os primeiros
acordes de “The Songs Remains the Same”. Fica emocionado com a balada “The
Rain” e pede voar alto por cima de todos e quaisquer morros e montanhas em
“Over the Hills and Far Away”. Pira no groove de “The Crunge” para homenagear James Brown. Espera por dias
melhores na piração de “Dancing Days”. Passa pela Jamaica em “D´Yer Mak´er” e viaja e se alucina no Reggae e depois passeia pelo sobrenatural em “No Quarter” dialogando com a morte e termina essa viagem ao oriente místico dando uma mergulhada nos oceanos cheios de fãs com “The Ocean”.
As sessões
de gravação foram tão bem sucedidas e acabaram por gerar excedentes, pois as
faixas “The Rover”, “Houses of the Holy”, Black Country Woman acabaram ficando de fora do álbum, mas
foram adicionados no seu sucessor Physical Graffiti (1975), enquanto a faixa Walter's Walk foi sua usada em CODA (1982), o último álbum de estúdio da banda. Os singles extraídos
do álbum foi “D´Yer Mak´er” (que revela a quantas andava o processo criativo do
grupo, que ao invés de fazer um cover fez o seu próprio reggae/rock) no lado A,
enquanto “The Crunge” a faixa recheava o lado B e o resultado foi até
satisfatório, pois atingiu a 20º posição, enquanto o segundo single composto
por “The Over Hills and Far Away” e “Dancing Days” ficou apenas na 51º posição,
ambos no chart Billboard Pop Singles e o álbum entrou na segunda posição e
pouco tempo depois foi para o topo por onde permanceu por trinta e nove
semanas, no Billboard To 40. Na Inglaterra, o álbum entrou de cara na primeira
posição. Além disso ao longo de sua história encabeçou listas e mais listas dos
melhores álbuns de todos os tempos nas publicações mais quentes do eixo
Europa/América do Norte.
A arte da
capa é de autoria do pessoal da Hypgnosis mestres na arte de fazer capas de
discos tão clássicas e polêmicas quanto o próprio conteúdo musical dos álbuns.
A ilustração de Houses of the Holy foi inspirada na obra O Fim da inocência, de
Arthur C. Clarke. O desenho da capa foi construído por meio de várias colagens
de fotos tiradas da Calçada dos Gigantes por Aubrey Powell, na Irlânda do
Norte. A ideia de captar o nascer e o pôr do sol ao longo de 10 dias não deu
certo porque no local havia a presença constante de nuvens e chuvas. As
crianças que aparecem na capa ao contrário do que se pensa não são os filhos de
Robert Plant (Karac & Carmen Plant), os modelos infantis são os irmãos
Stefan e Samantha Gates cujas fotos foram tiradas em preto e branco e
utilizaram a multi-impressão para fazer parecer que eram 11 indíviduos. Os
resultados das sessões de fotos foram ainda menos satisfatórios, mas alguns
pequenos acidentes com o uso de um tintométrico acabaram dando um resultado
inesperadamente satisfatório. As fotografias foram tiradas também na Irlânda do
Norte em Dunluce Castle
perto da calçada.
Houses of
the Holy foi o último lançamento do Led Zeppelin via Atlantic Records, pois a
banda criou o seu próprio selo, o Swang Song, mas a distribuição era feita pela
Atlantic, porém a banda agora teria total controle sobre todos os seus
trabalhos. Mesmo com todo o sucesso conquistado e apesar de ser um clássico
consagrado e dono de uma incrível coleção de faixas de arrepiar os cabelos,
Houses of the Holy acabou ficando apagado porque ficou no meio de Led Zeppelin
IV e de Phsycal Graffiti, que ao contrário deste álbum andavam na linha do
blues e do folk. O disco de fato pode ser considerado um injustiçado bem
sucedido, mas que cuja força sobrevive e com toda certeza pode tranquilamente
entrar em qualquer lista dos melhores de todos os tempos. Ele já está na minha
lista e na sua?
Lista de músicas:
A1. The Songs
Remains the Same
A2. The Rain Song
A3. Over Hills
and Far Away
A4. The Crunge
B1. Dancing
Days
B2. D´Yer
Mak´er
B3. No Quarter
B4. The
Ocean
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