Existem
alguns discos que penetram nas nossas mentes e ficam atormentando e exigindo
mais do que uma audição, bajulação, ou seja, eles querem ser investigados além
das fronteiras habituais, o que eles querem é revelar algo mais que você não
tinha enxergado antes. É assim que eu sinto Paranoid, pois ele esconde mais do
que apenas a música como um fim em si próprio, ou seja, ele é um retrato, um
testemunho de tempos insanos. Os discos revelam as tensões, conflitos e em
Paranoid isso está evidente, impresso na voz, nos instrumentos, na música, nas
letras e na atmosfera que os cercava naquele momento crucial para todos. O
mundo estava dividido em dois e ao redor lutas sangrentas pela liberdade de ser
sujeito da própria autonomia e é exatamente este ponto nebuloso e sombrio que o
grupo encaixa um gancho de direita, esquerda que abalou as estruturas da época
e agora eu vos convido a ler a essa análise dizendo de ante mão um disco
carrega mais significados além do que imaginamos e mesmo depois de ser
re-significado.
Em
1970 numa sexta feira 13 chuvosa e fria, em Birmingham, na Inglaterra surgia
das trevas o Black Sabbath cujo primeiro álbum causou arrepios e medo em sem
número de pessoas que ficaram assombradas pelo poder de sedução emanado de seu
curto disco, que em quase quarenta minutos protagonizavam uma revolução
anunciando novos tempos para música e para os jovens chamando todos nos quatro
cantos do planeta para participar dessa “missa negra” chamada heavy metal.
Para
aproveitar a onda do sucesso de estréia os cavaleiros do apocalipse voltaram
para o estúdio afim de gravar a segunda parte de sua saga homérica. O grupo ja
tinha pare das canções compostas e prontas para a gravação e assim sendo uma
parte desse caminho fugaz já estava andada. As composições já mostravam uma
evolução natural em relação as do primeiro álbum deixando claro que não haveria um álbum igual ao outro e estava
na pauta dos caras andar para a frente.
Neste
novo material ao contrário do primeiro, o tema não abordaria o ocultismo e sim
a guerra do vietnã fato compreensivel dado a época e como bons filhos do seu
tempo, o quarteto aproveitou para fazer uma reflexão e algumas críticas e
denúncias sobre as barbaridades promovidas pelos governantes do país da
liberdade, terra das oportunidades onde tudo se transforma em ouro.
O
novo material construído a base de urânio e demais artefatos bélicos durou um
pouco mais de tempo para ser gravado, mas o tempo a mais provou compensar e quando
o álbum finalmente foi as lojas os fãs mais uma vez caíram duros para trás com
a pancadaria promovida pelo Black Sabbath em Paranoid. Um álbum
pesado, sombrio com uma pitada de gótico e o já tradicional e característico heavy
rock trataram de incendiar o cenário. A capa foi polêmica, pois ninguém sabia e
nem nunca soube quem era o maluco trajando uma roupa muito louca, um capacete,
uma espada e um escudo saíndo de trás de uma árvore sendento de sangue, mas uma
coisa era certa sobre essa cena, o protagonista como sugeriram não era Tony
Iommi.
A
polêmica não se encerrou na capa e atingiu o material e o alvo foi War Pigs um
tema onde a banda deixou bem claro a sua posição contra a guerra do Vietnã e
também fazia uma denúncia, pois a eram mandados para a guerra os pobres (o
mesmo aconteceu no Iraque). A gravadora como não queria ter problemas naquela
altura, pois o governo havia baixado a repressão nesse caso a censura nua e
crua então negaram-se a chamar o álbum por esse nome e colocar essa faixa para tocar
nas rádios, porém ainda assim ela é um clássico totalmente relevante e uma
referência indiscutível para o gênero.
Paranoid
embora tenha mais de 90% de suas letradas centradas em temas de guerra atômica
e no conflito asiatico ambos efeitos colaterias da guerra fria também tinha em
sua faixa título o maior hit da banda de todos os tempos, que falava sobre
felicidade, insatisfação e as frustrações do cotidiano. Na faixa de
encerramento Fair Wear Boots o tema é a embriaguez por entorpecente e uma surra
que os caras levaram de uns Skin Heads na noitada. Para entender o Black
Sabbath é necessário entender a origem dos caras, pois eles vieram do suburbio
e não foram caras criados com todos os mimos que tinham o pessoal da classe
média liberal que na época formava a imprensa “especializada” em rock music.
Assim
sendo é possível entender porque os temas eram tão pesados e tão arrebatadores
e ao mesmo tempo emocionais, trágicos e sombrios, pois ao contrário dos seus
contemporâneos que ainda insistiam em sustentar o slogan paz e amor, Ozzy
Osbourne e sua trupe não queriam saber de nada disso, pois isso para eles era
conversa afiada a realidade era brutal e o mundo não era só amor flores e muito
menos livre e a missão de Paranoid foi exatamente essa mostrar essa face brutal
do planeta. Extremo,
caótico para a sua época, porém muito bem sucedido tanto junto ao público
quanto a mídia que os elevou nas alturas como se fossem deuses e, portanto, o
lugar no panteão dos grandes nomes, gigantes do rock estava garantido e daí em
diante era dividir para conquistar fãs e mais fãs mundo a fora.
A
aula promovida por este clássico ainda segue na viagem interplanetária com
Planet Caravan uma verdadeira viagem pelos confins do universo num clima calmo,
tranquilo feito para viajar nas brisas da noite tomando umas biritas e fumando
uns cigarros estranhos por ai. Outro dos maiores hits de todos os tempo é Iron
Man e aqui é a vingança de um homem quew havia alertado os seus conterrâneos
sobre os males que eles estavam causando e ele então se revolta e resolve
destruí-los, mas não poderia faltar um dos maiores riffs, solos e um conjunto
matador de linhas de baixo e bateria para esmagar os miolos.
A
segunda parte começa com Electric Funeral um tema nada amigável cheio de
flashes e explosões arratados e sérios como se não fosse mais haver amanhã,
pois o mundo entre riffs cortantes, bateria e baixo e os vocais lugubres de
Ozzy derreteriam não apenas as flores, mas os edificios, as casas e os rios e
os mares transformariam tudo em morte e destruição radiotiva. Em Hand of Doom,
o destino da humanidade já estava traçado e todos estão condenados a pagar
eternamente pelos seus pecados deviando-se dos caminhos corretos e não existe
moralismo aqui, o que existe é um recado muito preciso sobre os rumos que a
soceidade estava e ainda está tomando atualmente a medida que se automatiza.
Rat Salad é apenas um interlúdio para a última faixa e não passa de um ótimo
solo de jazz muito bem tocado onde Bill Ward mostra-se um dos maiores
bateristas de seu tempo.
O
que encontramos nesse disco não é apenas a celebração e a definição de um
gênero musical, mas sim um caminho para refletir o mundo e pensar o dia a dia
não de uma maneira erúdita, mas de uma maneira mais simples e direta, pois
enquanto houver exploração e gente chateada com o mundo o heavy metal
continuará existindo, pois assim como o Black Sabbath e seu magum opus são uma
forma de expressão, o gênero também o é e continuará sendo e por isso é tão
revolucionário, atual, instigante e mostra como o mundo pouco ou nada mudou
nos últimos quarenta e quatro anos.
Quem
ouvi-lo hoje não terá a mesma senção de quem o ouviu, pois não viveu o mesmo
período e não teve as mesmas experiências e então ouvirá este álbum como um
garoto dos tempos atuais e a impressão que a primeira vista causará é que este
álbum é libeluo em prol da liberdade de uma época especial que jamais
retornará.
Lista de músicas:
A1 War Pigs
A2 Paranoid
A3 Planet Caravan
A4 Iron Man
B1 Electric Funeral
B2 Hand of Doom
B3 Rat Salad
B4 Fair Wear Boots
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