Já
faz quatro décadas que 1974 ficou para trás, mas as suas marcas ainda estão
presentes na música porque foram muitos os clássicos lançados naqueles dias e
quando o assunto é o rock é indiscutível e só nos resta ouvir esses discos e
tiramos as nossas próprias conclusões sobre o que foi aquele ano. Nessa época,
eu nem era nascido e na minha adolescência cresci ouvindo esses discos e não
era uma coisa imposta pela mídia porque o que estava na crista da onda na
década de 1990 era o grunge e não o rock setentista.
Na
década de 1990, o rock setentista começou a ser resgatado e novos grupos de fãs
surgiram ao redor do planeta colecionando os discos e desejando ver no palco o
que não viram décadas atrás. Muitas bandas voltaram das trevas para mostrar o
que essa geração não viu e continuam caminhando por ai e por ali. Esta lista
surgiu para mostrar o que rolava de legal naqueles dias e mostrar algumas
bandas que os iniciantes ainda não conheçam e quem sabe ouvindo-as podem vir a
tornar-se admiradores e colecionadores de seus discos e materiais raros.
Espero que você leitor e leitores possam tirar o máximo proveito dessa pequena lista cuja função em primeiro é agradar você mostrando que existem mais caminhos que do que você imagina. Cada banda e cada disco foi meticulosamente pensado para integrar esta lista, eu me embasei em épocas de mudanças de formação para mostrar discos excelentes que de uma maneira ou de outra ficam sempre numa posição de segunda opção com outros que são considerados desde o dia que nascem clássicos indefectíveis. Terminando ofereço um caminho escrito linhas tortas e muito turbulento por sinal, pois a ideia é fazer algumas provocações para você, para te desafiar a abandonar a sua zona de conforto e mergulhar em mares desconhecidos e sem mais espero que não se afogue e boa viagem.
Deep Purple - Burn
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Inglaterra
Estilo: Hard Rock
Line-up: David Coverdale (v), Ritchie Blackmore (g), Glenn Hughes (v, bx), Jon Lord (t) e Ian Pace (bt).
Premiação: Disco de ouro (RIAA)
Produção: Deep Purple
O Deep Purple renasceu com David Coverdale e Glenn Hughes, ou seja, dois músicos brilhantes um inciante e outro já experimentado e detentor de certa fama no cenário hard rock setentista. Juntos com os três membros remanescentes do MKII soltaram no mercado Burn, a estreia que comprovava definitivamente que o grupo poderia continuar seguindo o seu caminho tranquilamente. O disco é um clássico de mão cheia vibrante, rápido, pesado e melódico. Havia algo novo e diferente no ar em termos da sonoridade que lentamente rumava para o lado funk/soul que a partir dessa lição acentuaria-se cada vez mais, pois é sempre bem vindo fugir de comparações e construir a sua própria identidade.
Aqui tudo está no seu devido lugar e sem exageros. O quinteto fantástico cada um em sua especialidade dão show, aula completos e mostram através de Burn, Mighty Just Take Your Life, You Fool No One, Mistreated e Lay Down, Stay Down que isto era apenas o começo de uma era dourada. O grupo tinha várias cartas na manga, porém usou apenas o necessário para dizer que poderia se auto sustentar e que a criatividade ainda alcançava altos picos num nível altíssimo de genialidade, o principal pilar do grupo, que manteve-se voando alto nos estúdios e palcos da vida mostrado que tinham poder para tomar a vida de quem quer que fosse em qualquer lugar do mundo a qualquer hora sem aviso prévio.
Thin Lizzy - Nightlife
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Irlanda
Estilo: Hard Rock
Line-up: Phil Lynott (v, bx), Scott Gorham (g), Brian Robertson (g) e Brian Downey (bt).
Premiação: Desconhecida
Produção: Phil Pynott e Ron Nevison
Thin Lizzy - Nightlife
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Irlanda
Estilo: Hard Rock
Line-up: Phil Lynott (v, bx), Scott Gorham (g), Brian Robertson (g) e Brian Downey (bt).
Premiação: Desconhecida
Produção: Phil Pynott e Ron Nevison
Este disco já é com a dupla de guitarras Scott Gorham e Brian Robertson e obviamente as mudanças levaram os caras para outro patamar. O som é aquele hard rock pesado e repleto de riffs e solos bacanas. As guitarras gêmeas criaram camadas, texturas que levam o ouvinte para várias dimensões. Nightlife é um incentivo a vida noturna e um convite para se desfrutar de todos os prazeres que ela esconde.
Nightlife é um disco obrigatório que você deve escutar inúmeras vezes seguidas sem tirar os ouvidos de cada nota tocada e cantada por estes caras. A capa desenhada por Jim Fitzpatrick faz referências diretas a Martin Luther King e Malcom X (ativistas pelos direitos civis que foram assassinados) e aos Panteras Negras (que lutaram pela afirmação dos negros nos EUA). As músicas são o ponto alto desta obra prima She Knows, Slowdown e o Still in Love With You, o maior hit do disco e também obrigatória nos shows (consta no Live & Dangerous) mostravam o caminho que o grupo seguiria no futuro que lhes reservava muitas surpresas.
Wishbone Ash - There's the Rub
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Inglaterra
Estilo: Hard/Progressivo
Line-up: Martin Turner (v,bx), Andy Powell (g), Laurie Wisefield (g) e Steve Upton (bt).
Premiação: Disco de prata (BPI)
Produção: Bill Szymczyk A indústria musical as vezes comete injustiças que só o tempo vai reparar de muitas décadas. O Wishbone Ash é uma das grandes bandas da década de 1970, mas assim como muitos de seus contemporâneos não obtiveram o devido reconhecimento. O grupo teve uma fase brilhante cujo ápice foi alcançado muito cedo com Argus (1972). Nos álbuns posteriores o grupo tentou repetir o sucesso só que não foi feliz e sabe-se lá porque o grupo acabou relegado a segundo plano.
Este álbum é um ponto de mudança na carreira dos caras, pois a formação original começou a se desmanchar com a saída de Ted Turner. Com a entrada de Laurie Wisefield (que ficou 11 anos na banda e influenciou a banda a mudar os rumos) a banda soltou There's The Rub um disco que resgata a sonoridade dos anteriores e não é cópia muito pelo contrário tem vida e identidade própria e por isso não fica devendo nada para nenhum dos álbuns da banda e dos que foram lançados nessa época. Os precursores das guitarras gêmeas mostraram toda a sua habilidade e complexidade em faixas magnificas como Persephone, Silver Shoes, Lady Jay e a polêmica F.U.B.B diziam tudo sobre os novos tempo desse monumento do rock pesado que ainda teima em resistir ao tempo para contar a sua história.
Blue Öyster Cult - Secret Treaties
Ano de lançamento: 1974
País de origem: EUA
Estilo: Hard Rock
Line-up: Eric Bloom (v,g), Donald "Buck Dharma", Roeser (g), Allen Lanier (t, g), Joe Bouchard (bx) e Albert Bouchard (bt).
Premiação: Disco de ouro (RIAA)
Produção: Murray Krugman, Sandy Pearlman.
Essa é uma daquelas bandas pesadas sombrias e que de certa maneira lembram o Black Sabbath, mas tem seu charme próprio. O culto da ostra azul começou a atormentar o mundo 1972 com o seu álbum auto intitulado e pronto não haveria nada mais que parasse o grupo nessa estrada iluminada, mas em seu segundo álbum lançado em 1973 algo já começava a ficar evidente para o grupo. Era necessário ter um hit para as rádios, pois não adiantava ter dois álbuns fortes e nenhum hit que chamasse as pessoas para si.
Secret Treaties foi uma tentativa, mas não deu certo. Rendeu frutos e foi comercialmente bem sucedido e deixa a banda numa posição confortável e já dava indícios que na próxima eles iriam emplacar um hit ou uma dúzia deles, mas como isso é história para outro momento vamos nos entreter em faixas brilhantes como Carreer of Evil, Subhuman, Dominance and Submission e Astronomy que apesar não serem radiofônicas a ponto de levá-los aos topos das paradas mostram uma banda cujo talento, criatividade não tinham limites e foi nesse caminho insano que eles escreveram um capítulo para posteridade.
Status Quo - Quo
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Inglaterra
Estilo: Hard Rock
Line-up: Francis Rossi (g,v), Ricky Parfitt (v,g), Allan Lancaster (bx) e John Coghlan (bt).
Premiação: Disco de ouro (BPI)
Produção: Status Quo.
Pense numa banda que toca rock n roll pesado, calcado no blues e faz a alegria de muito gente, mas faça isso rápido. A reposta é simples: Status Quo. Os caras fizeram a década de 1970 tremer, balançar, chacoalhar com a sua música simples, pesada, direta e cheia de uma energia contagiante. Disco e mais discos foram se acumulando e clássicos abarrotavam as malas destes britânicos. Depois de Hello (1973), o grupo soltou um disco de primeira linha intitulado apenas de Quo cuja simplicidade no título já revelava o seu conteúdo.
A faixa de abertura Backwater é uma porrada direto na cara de deixar de queixo, cabeça caídos de tanto agitar.O disco quebra todas e quaisquer regras e deixa bem claro que regras foram feitas para serem desafiadas, quebradas nem que fosse na marra e as demais faixas como: Slow Train e Just Take Me fazem isso com um pé nas costas. O grupo tinha mais cartas nas mangas para os tempos futuros que seriam muito bem usadas.
Rush - Rush
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Canadá
Estilo: Hard/Progressivo
Line-up: Geddy Lee (v,bx e t), Alex Lifeson (g) e John Rutsey (bt).
Premiação: Disco de ouro (RIAA)
Produção: Rush
Existem discos de estréia que são realmente inesquecíveis, memoráveis por fazerem as pessoas vibrarem imensamente e esse é o caso da estréia do Rush. O power tio canadense sempre priorizou a música e de cara deixou isso muito claro. O disco auto intitulado anda na praia do hard rock na linha do Led Zeppelin, Budgie entre outros e enfim o som é realmente matador e não dá para passar desapercebido é uma audição apaixonante do começo até o final que você faz questão de renovar por horas a fio e que de quebra te tira do ar e te faz viajar em cada nota faixa por faixa.
A indiferença é algo que não condiz aqui e quando você coloca para rodar o disco e confere os solos vibrantes de What Are You Doing, os riffs geniais de Working Man e ois vocais rasgados de Lee em Finding My Way e as levadas de bateria super inteligentes e descoladas de Rutsey nem imagina que Peart só entraria depois. Está aqui uma mina de ouro pouco visitada e esquecida do grupo esperando a galera e se você não conhece a banda pode começar do começo que decididamente será ótimo.
Hawkwind - Hall of the Mountain Grill
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Inglaterra
Estilo: Space Rock
Line-up: Dave Broke (v,g), Lemmy Kilminster (v,bx), Simon House (sy), Nik Turner (sx), Simon King (bt) e Del Dettmar (k).
Premiação: Desconhecida
Produção: Roy Thomas Baker, Doug Bennett,Hawkwind
O Hawkwind é uma baita de uma banda, mas que infelizmente a fama ficou conhecida devido a breve passagem de Lemmy por ela onde registrou quatro álbuns um ao vivo e três de estúdio cujo penúltimo é este. Podemos falar sem sombra de dúvida que trata-se de uma grande banda e que poderia ter alçado voos maiores em sua carreira que se estende até os dias atuais e é recheada de ótimos lançamentos. Na década de 1970, o papo, os sentimentos eram outros referente ao mundo, as pessoas nos seus relacionamentos pessoais e som do Hawkwind é um exemplo desse sentimento e por isso nunca se fechou no lugar comum e ouvi-lo é uma experiência sensorial, cerebral enfim é inexplicável.
Os caras não venderam milhões de discos, porém deixaram um legado poucas vezes visto no mundo do rock e mantiveram-se na ativa aos trancos e barrancos. Sabe quando você deixa rolar este álbum e já de cara seus ouvidos sentem e digerem uma faixa excêntrica como The Psychedelic Warlors você já sabe que trata-se de um som viajado, lisérgico e que vai te levar numa viagem intergalática sem igual e o mesmo clima espacial te abduz no decorrer do disco. Não tem como resistir a sonoridade imponente e esotérica deste álbum clássico de um tempo imemorial que ainda subsiste nas memórias dos loucos dos tempos atuais e você por acaso não é ou não quer fazer parte desse time.
Budgie - In For The Kill
Ano de lançamento: 1974
País de origem: País de Gales
Estilo: Hard Rock
Line-up: Burke Shelley (v, bx), Tony Bourge (g) e Pete Boot (bt).
Premiação: Desconhecida
Produção: Budgie
O Budgie foi uma banda excelente, clássica para falar a verdade em 1973 soltaram um clássico, mas infelizmente não foi o suficiente para coloca-los entre os grandes nomes do cenário e por isso sempre andaram na injusta posição de banda de segundo escalão que não condiz com os discos e sempre figuraram como banda de abertura e fizeram uma reputação invejável, pois eram considerados uma das melhores. O grupo foi brilhante no seu tempo fazendo um hard rock pesado influenciado pelo Led Zeppelin também e foram comparados ao Black Sabbath e influenciaram bandas como Van Halen e Rush, mas pelo lado das comparações o grupo não lembra nenhum e nem outro, eles tinham identidade própria algo difícil nos dias de hoje.
Quando você pega o In For The Kill para rodar de cara com a faixa título você já saca na hora que é para matar mesmo e isso fica ainda mais evidente na faixa Crash Course in Brain Surgery e a afirmação vem com demolidora Zoom Club. Ai depois da audição você entende porque até o Metallica tem orgulho de dizer que foi influenciado por eles e até fizeram cover dos caras, enfim este power trio de Gales era a revolução em curso no rock vindo a toda velocidade entrando com os pés no peito de quem estivesse pela frente, entendeu juvenal?
Kiss - Kiss
Ano de lançamento: 1974
País de origem: EUA
Estilo: Hard Rock
Line-up: Paul Stanley (v, g), Gene Simmons (v, bx), Ace Frehley (g) e Peter Criis (bt).
Premiação: Disco de ouro (RIAA)
Produção: Kenny Kerner, Richie Wise
Eis outro baita disco de estréia e este não é um disco qualquer, pois esta é a banda mais quente da terra quando o assunto é rock, festa, mulherada e bebedeira naquele estilo badalado que todo roqueiro que se preza não dispensa de jeito e maneira alguma. Quatro caras mascarados trajando roupas, calçados plataforma num estilo espacial meio que excêntrico a primeira vista sem rodar o disco você pensa que está num circo, show de horrores o show pode até ser verdade, mas quando você coloca o disco para rodar ai a coisa muda de figura e as aparências surpreendem e ate rendem-te de coração e alma.
Um disco que não traz novidades em termos musicais, mas que oferece adrenalina e mostra quatro caras bons no que fazem. Ainda por cima de cara te apresentam logo na abertura Struter e depois com outras pérolas como Nothin' to Lose, Firehouse, Cold Gin, a pesadona Deuce que te faz bater cabeça, dar piruletas e outras coisinhas mais e ainda por cima nesta lista de clássicos consta 100,000 Years e o fechamento desta obra prima se desenrola com Black Diamond cujo solo de Frehley é lindo, inteligentíssimo. Essa uma festa imperdível até para aqueles que não gostam da banda, pois aqui é uma reprodução fiel do que era Kiss naquela época todo selvagem quebrando tudo, mas infelizmente a Kissmania foi adiada porque o disco não pegou de imediato, mas é atemporal, divino e mágico uma marca registrada do que é rock no seu estado bruto e lascivo, imoral e contraventor principalmente.
Bachman Turner Overdrive - Not Fragile
Ano de lançamento: 1974
País de origem: Canadá
Estilo: Hard Rock
Line-up: Randy Bachman (v, g), Blair Thornton (g), C.F Turner (v, bx) e Robbie Bachman (bt).
Premiação: Disco de Platina (RIAA)
Produção: Randy Bachman
Not Fragile realmente faz justiça ao título e o Bachman Turner Overdrive é uma prova de que o Canadá não possui apenas o Rush, o Triumph e o Mahogany Rush. Este é o terceiro álbum do grupo canadense e também foi muito sucedido comercialmente falando e a premiação como você leitor e leitora podem ver fala e atesta a importância desse álbum para a música e para carreira desse super quarteto que sabia fazer o rock ser como ele tem que ser pesado e recheado por camadas e mais camadas de riffs e solos alucinantes de guitarra. Está é uma banda que pouco se fala aqui no Brasil quando fala-se sobre o rock feito pelos canadenses e o motivo mais certo para isso é o desconhecimento sobre os discos dessa rapaziada e gente os caras fazem um som como ninguém podem conferir é garantia de diversão da primeira a última faixa.
O peso vibrante do hard rola de cara com a faixa título que abre o disco e deixa bem claro o que você os seus ouvidos vão encontrar pela frente. Outras faixas como Blue Moanin e Second Hard deixam claro porque é obrigatória a audição e até é uma injustiça deixar passar uma pérola dessas na sua coleção. E como o rock é rock mesmo com o Bachman Turner Overdrive os caras não poderiam deixar de prestar a sua ode ao gênero e disparam Rock Is My Life, and This Is My Song. Realmente o rock é um estilo de vida uma maneira de viver e encarar o mundo e formador de opinião, e ai qual é a sua?
Nenhum comentário:
Postar um comentário