Poderia ser a música uma ciência, uma arte
de curar e até mesmo de terapia para a alma? Eu não sei, mas entendo que a música
nas mais variadas formas é uma expressão dos sentimentos, da vida e dos
tormentos que vivemos que na vida moderna que não para de nos testar e a qualquer
momento sempre existe lá no horizonte em novo desafio. Por falar em desafio também temos aqui uma atividade cerebral ao ouvir música e juntando os dois
pensamos, refletimos sobre "1001 discos para ouvir antes de morrer" podemos entender a música
como a quebra das regras de conduta e abre-se o salvo conduto para experimentações
diversas, ilimitadas neste campo. Que tal experimenta-las extrapolando todos os limites sem freios, culpas
e auto flagelos porque fugiu dos seus padrões? Então, e ai vamos transgredir as regras?
Esses dias eu fui fazer uma turnê pelas
livrarias daqui de Ribeirão Preto atrás de alguns livros para ler enfim me
divertir fazendo longas sessões de leitura aos finais de semana. Ai depois de já
ter pego alguma legal do Jack Kerouac outras do Henry Miller e mais outras de
caras como Jon Krakeuer e Bukowski me volvi a parte de música para encerrar com
alguma biografia, mas ao fuçar nas prateleiras acabei me surpreedendo com o
livro 1001 Discos, pois só o tinha visto em três ocasiões e lido algumas partes
nessas vezes. Fiquei até surpreso com o material que não se prende a estilo “x”
ou “y” vai do Jazz ao Heavy Metal, pop entre outros.
Comecei a folhar a criança e quando me parei
já tinha avançado umas cinquenta páginas e decidi compra-lo. Ele foi elaborado
pelo pessoal da Rolling Stones e tem circulação em quase todos os lugares do
Brasil e do planeta e o livro em si, ou seja, no conteúdo é bacana sim. Quem
fala mal geralmente é cara radical que acha que só o estilo que ele houve é que
existe e, portanto é merecedor de todas as honrarias existentes.É uma leitura rápida e fugaz e bem
proveitosa para quem pouco conhece sobre música e quer conhecer e montar uma
coleção razoável de discos sem prender-se a gêneros musicais, enfim é obra para
iniciantes. Quem já ouviu todos os discos presentes nesta lista interessante e
justa obviamente vai questionar a presença e principalmente a ausência de uma série de obras que poderiam estar aqui presentes.
O legal de “1001 Discos que você ouvir antes
de morrer” é justamente a diversidade e por isso existe a possibilidade de
despertar o interesse do leitor de questiona-lo, provoca-lo a sair de sua cômoda
zona de conforto para se aventurar em outras praias musicais concordando,
discordando através de longas discussões com os colegas nas mesas de bares ou
em casa mesmo tomando uma breja gelada e fumando aquele tradicional Marlboro. Os
textos são bons e apesar de curtos trazem informações desconhecidas, pois algo
de especial, inédito tem que ter para justificar a existência da obra.
Eu mesmo já comprei alguns discos listados
aqui, ou seja, o livro realmente abduz você para dentro do esquema dele e você
pode confiar nele como um guia para compra de discos para sua coleção desde que
você esteja disposto a ouvir músicas fora de seu eixo tradicional. O material
gráfico é de primeira linha, pois fotos é o que não faltam para ilustrar o giro
pela história da música que é muito bem contada por este almanaque o que
não é exagero algum apesar da intimidade, individualidade alheia.
No caso dos meus preferidos alguns foram
publicados, pois é no mínimo estranho falar de rock e não ter Black Sabbath,
Led Zeppelin, Deep Purple, Rolling Stones, The Doors e companhia ilimitada nas
páginas que fala de clássicos e mais clássicos que funcionaram como o combustível
de uma geração inteira há exatos cinquenta, quarenta anos atrás. O jazz e o
blues as maiores influências para a criação do rock, heavy metal e hard rock não
tiveram o espaço merecido, porém o soul e o funk já tiveram maior espaço e também
tiveram um grande diálogo com o rock setentista, mas apesar disso não tiveram a mesma influência e impacto que os outros dois. Para quem pensa que esse livro
restrigiu-se apenas ao eixo EUA/Europa se engana, a obra traz impresso em suas
páginas alguns discos brasileiros de caras como João Gilberto, Tom Jobim,
Mutantes, Chico Buarque, Seputura e por ai vai.
Quando eu comprei esse livro vi outros dessa
mesma série sobre filmes, livros e outra sobe 1001 músicas e fico pensando qual
será o próximo a entrar em cartaz dessa série e se tiver mais algum tomara que
seja polêmico e radical para rolar aquelas acaloradas discussões. Atualmente
ainda estou lendo e pela diversão que está me proporcionando resolvi antecipar
este texto, porém depois que terminar o destino certo para ele é ocupar um
lugar da minha prateleira e ficará lá descansando e pegando poeira, mas também é
ideal para qualquer recepção pelo menos para enfeitar.
Este é um livro que não é para se levar a sério,
ou seja, é para divertir-se e gargalhar muito discordar, discutir as suas opiniões
e espantar o famigerado tédio dos finais de semana quando você não tem nada
para fazer. Uma coisa é certa é que a minha lista eu já tenho e quem sabe eu a
publico e você já tem a sua? Eis um bom motivo para ler e escapar das avenidas
melancólicas que esse mundo cada vez mais vem abrindo nos corações e por isso vai
ficando sem graça, medíocre e sem brilho que você pode tentar em 1001 dias
atenuar.
Por Ricardo Matos Machado Jorge
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