25 de novembro de 2012

Álbuns Subestimados: Rush - Caress of Steel (1975)


Em 1974, o Rush estréia com o seu álbum auto intitulado, e trás impresso nele um hard rock forte, pesado e altamente influenciado por Led Zeppelin e Budgie, e isso já indicava os caminhos que a banda seguiria na sua incipiente carreira. No ano seguinte, ou seja, em 1975 a banda tomaria novos rumos e neles estava incluso a primeira e única mudança na formação do grupo, pois saía o baterista John Rutsey não por problemas técnicos, mas de saúde porque o cara era diabético e também porque o cara não gostava de sair em turnê e para o seu lugar veio outro baterista, um monstro sagrado do instrumento chamado Neil Peart (o novato, apelido dado pela dupla Geddy Lee e Alex Liefson), um cara de personalidade reservada, mas conhecido como uma pessoa gente finíssima, e a prova de fogo veio com o álbum Fly By Night e ai as mudanças no som começaram a aparecer devagar. 


Aquele hard rock do primeiro disco continuava lá, mas não estava mais sozinho, pois a banda começava a buscar outros rumos e começou o seu flerte com o progressivo e o tal álbum foi concebido nesse novo esquema. Isso ainda era pouco para os caras, pois era o começo para o caras e também um marco para um trio de canadenses, que entrava de cabeça aberta no mercado fonográfico e queria ver-se entre os gigantes e para isso era necessário ousar e experimentar ainda mais. O Rush queria moldar a sua sonoridade, afim de atingir os seus objetivos que não eram poucos então podemos pensar que o disco seguinte viria justamente para selar o futuro musical da banda, pois o Caress of Steel além de manter as características do blues e de ser resumido à apenas cinco faixas apresentando de forma definitiva a entrada da banda no rock progressivo e detalhe em grande estilo. 

Quando o álbum chegou as lojas, não foi bem recebido e isso causou enorme mal estar pela saraivada de criticas negativas por parte da imprensa "especializada" e dos fãs também. As críticas acusavam os caras de serem megalomaníacos, que o álbum era pretensioso demais e que os caras eram muito imaturos para fazer um som daquele tipo e que era necessário aprender primeiro para depois fazer aparecer com um disco nestes moldes. E por ser fã do disco e de discordar dessas avaliações e pelo impacto negativo que teve sobre a banda é que eu mais uma vez me pergunto e deixo a mesma questão para você leitor pensar e fazer você também a sua avaliação, o álbum Caress of Steel foi e ainda é merecedor dessas enxurrada de críticas negativas, ele é um álbum mediano mesmo? 

Mais um vez eu volto a bater na tecla da incompreensão. Primeiramente a banda estava em processo de transformação e seria natural buscar outras fórmulas para aquecer e dar gás ao som do grupo e geralmente isso se faz no começo de carreira, e os resultados de todas essas mudanças lógico que iriam aparecer e no caso do Rush aconteceu no quarto álbum, o 2112 onde a banda finalmente mostrou aonde queria chegar e o fez em grande estilo e o sucesso começou aparecer de fato. Essas perguntas que eu me faço sobre Caress of Steel residem na minha cabeça, desde quando eu ouvi o álbum pela primeira vez, em 1992 quando eu o comprei. Sempre tive vários amigos que assim como eu nunca compreenderam o porque o álbum foi tão subestimado, mas talvez a mudança no direcionamento musical e nas letras podem ter sido o pivô da polêmica em cima do álbum. 

    
O álbum começa "Bastille Day" uma música pesada bem calcada no hard rock e dá aquele gancho direto no queixo e estava bem próxima ao que banda fazia no seu passado recente, e a guitarra de Alex Lifeson apresentava bom riffs no estilo proposto incialmente pelo trio, mas já mostrava que a banda caminhava por outro prisma e já mostrava que o grupo estava bem distante do que as bandas de daquele tempo faziam. A temática remetia a Revolução Francesa um evento histórico de bastante importância e que deixou as suas marcas mundo a fora e já indicava o que os canadenses fariam no futuro referente a temática, as letras. No baixo e vocal as linhas continuavam entrelaçando-se entre a melodia e a agressividade tranquilamente e as linhas de baixo pesadíssimas também e na bateria Neil Peart dispensa apresentações, o cara fez um trabalho importante porque ele desceu o braço sem piedade e esbanjando a sua técnica dando o suporte necessários para os demais também brilharem e só nessas considerações já temos um clássico de cara, enfim irreparável. 

Na seqüência vem Think I'm Going Bald" a letra pode até ser inocente e simplória, mas está muito longe das críticas desrespeitosas que recebeu (idiota, infantil e ridicula). Aqui os trio se também mandou muito bem, pois Lifeson fez belos riffs e solos, Geddy Lee fez ótimas linhas de baixo, Neil Peart aparece acentando o braço na bateria e o resultado é uma faixa pesada assim como a sua antecessora. Pela letra pode até ser a mais fraca do disco neste quesito, mas instrumentalmente não é fraca, muito pelo contrário é bem forte e está mais próxima do primeiro álbum. Portanto, as críticas nem tem sentido e razão de ser e que me desculpem os críticos, pois idiotas, infantis e ridículo são vocês, que não conseguiram sacar o que estava rolando. A terceira faixa "Lakeside Park" que é uma viagem e dentro da nova sonoridade do grupo e da intimidade de Neil Peart que despejou inspiradas linhas de bateria e Geddy Lee também deu a sua contribuição com belas linhas de baixo e vocais muito inspirados e Alex Lifeson nos entrega de presente uma variação de riffs belíssimos. 

Finalmente chegando no ponto alto do álbum entra em cena "The Necromancer" que é mais do que a faixa de encerramento do lado A, ela representa as mudanças na sonoridade do grupo abrindo as portas para uma viagem cósmica, mística, espiritual e tudo mais o que couber ai nesse sentido, pois a faixa está divida em três sub-títulos, e os poucos mais de doze minutos começam com: Into the Darkness, que é a uma narração sombria, ou seja, apenas uma voz, que é acompanhada por guitarra e um baixo igualmente sombrios. A faixa vai se desenvolvendo com Geddy Lee cantando e a guitarra vai progredindo e o som vai se encorpando e atinge o ápice e começa a quebradeira para de repente sermos jogados de cara na segunda parte, Under the Shadow e ai o talento individual de cada um aparece para deixar-nos de cabelos em pé. O final com "Return of the Prince" não é menos eletrizante além de ser curta e os vocais não possuírem a mesma agressividade das outras partes, mas em contrapartida Lifeson detona aqui também, com um trabalho inspirado e intenso. A temática aborda o Senhor dos Anéis e os personagens protagonistas são: Frodo, Sam e Gollum. Ainda tem o retorno de By-tor, o ilustre personagem da faixa "By-tor and the Dog Snow", do álbum Fly By Night, onde encarnou o vilão e retorna em "The Necromancer", mas desta vez volta no papel de herói.     


Abrindo o lado B, vem a solitária "The Fountain of Lamneth" e assim como a anterior ela vem dividida em seis partes, e por ter quase vinte minutos de duração, ela ocupa o espaço inteiro da segunda e última parte do álbum. A primeira parte, "In The Valley" começa de desapercebida, com uma guitarra no estilo folk e os plácidos vocais de Geddy Lee e depois as coisas vão ficando mais agitadas até que os riffs começam a entrar em cena e começam as variações de ritmos. Na segunda parte "Didacts and Narpets" Neil Peart diz a que veio com o seu solo de bateria e ai fica fácil entender porque o cara é considerado um dos melhores do instrumento e no andamento da música Geddy vai cantando como se estivesse conversando com um uma voz misteriosa. A terceira parte "No One at the Bridge" aparecem os efeitos de guitarra, os vocais de Geddy Lee aparecem carregados de estilo e são bem peculiares e também a marca registrada dele. Nas três últimas partes: Panacea, Bacchos Plateau e The Fountain a genialidade floresce de forma soberba e a desenvoltura do trio mostra todo o talento do trio que esbanjou genialidade, enfim clássico genuíno. 

Com tudo isso fica claro que os trabalhos feitos ao lado de Terry Brown estavam além das críticas negativas e tiram a razão da má recepção dada pelos fãs ao álbum. E independente de tudo que havia contra o grupo o álbum é importante para a banda porque os caras finalmente conseguiram amadurecer e encontraram o seu estilo de fazer música e para o estilo é importante porque mostra uma nova concepção de música virtuosa que mesclava o hard rock ao progressivo e essa fusão deu ao público um álbum forte com personalidade e mostrou novas possibilidades que ainda não haviam sido exploradas e por isso neste primeiro momento pode ter causado um estranhamento pelo fato de não ser oito ou oitenta, ou seja, é uma obra muito bem equilibrada dentro do contexto em que foi concebido. 

Embora este texto seja fruto de minha opinião pessoal ele embasa a sua razão de ser, no simples fato de possuir excelentes canções que carregavam toda as características dos álbuns anteriores, mas desta vez a banda foi além do que se esperava e apresentou um novo som e isso representou mudanças e mais uma vez a crítica preferiu se esconder na sua zona de conforto demonstrando-se incapaz de compreender o que estava em suas mãos e não teve capacidade para assimilar Caress of Steel, mas nada melhor que o tempo curar os males causados no passado e mostrar os erros, mas pena que nem sempre todos consigam enxergar o óbvio independente do tempo mesmo passando-se quase quatro décadas e por isso que lhes digo mais uma vez ouçam e pensem por si próprios, pois é só você que poderá dizer se ele foi ou não merecedor dessas críticas, pois a minha opinião está ai. 

Faixas: 

A1 Bastille Day 
A2 I Think I'm Going Bald
A3 Lakeside Park 
A4 The Necromancer 
i. Into the Darkness
ii. Under the Shadow
iii. Return of the Prince

B1 The Fountain of Lamneth
i. In The Valley 
ii. Didacts and Narpets 
iii. No One At The Bridges 
iv. Panacea 
v. Bacchus Plateau 
vi. The Fountain   

          


















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