7 de abril de 2014

Filmes: Um Estranho no Ninho - Milos Fornan


Quando Ken Kesey em 1962 publicou o livro “O Estranho no Ninho” não esperava que o livro obtivesse de imediato o sucesso que teve e assim se tornasse um best seller que seria adaptado para o teatro e logo mais entraria pela porta da frente em Hollywood através da adaptação de Milos Fornan e neste gênero também se torna-se um clássico assistido por milhares, milhões de pessoas no mundo ocidental.



Na trama temos como protagonistas Jack Nicolson (no papel de McMurphy um detento que alega insanidade para fugir do trabalhar e vai parar numa instituição para alienados onde começa a instigar os pacientes a rebelar-se contra o sistema) e Louise Fletcher (no papel da sinistra enfermeira-chefe Ratched).

A película mostra a inserção de um indivíduo inserido numa sociedade onde ele começa a desviar-se das normas locais chocando-se diretamente contra as autoridades estabelecidas. Podemos notar que esse tipo de comportamento é encontrado nas pessoas conscientes de que apenas existem as regras do local de origem e, portanto, só obedece a esses padrões culturais já preexistentes em sua visão de mundo já formada. Desta maneira podemos compreender que uma sociedade não é um lugar qualquer livre de regras, pois estas e as instituições existem justamente para regular a vida dos cidadãos seja em uma cidade ou um país e ai o conjunto de regras aplicadas pelas instituições servem para a manutenção do bem comum.


O protagonista McMurphy no seu convívio com os outros pacientes começa a alterar a vida daquelas pessoas que recebiam punições terríveis pelos desvios cometidos (desde agressões físicas até choques elétricos e em último caso eram lobotomizados). Neste as punições serviam para desestimular os outros a cometeram os mesmos “delitos” e assim notamos que cada sociedade tem as suas formas de punir e fazê-las servir de exemplo aos demais e exemplos encontram-se na própria história desde a antiguidade até os dias de hoje, mas cada um de sua maneira.

Durante o desenrolar do filme McMurphy torna-se o líder da rapaziada e também se torna o protetor deles evitando que eles sofram as terríveis punições. Nota-se o carisma de sua interação com os seus colegas e os seus discursos legitimavam essa liderança e para aquelas pessoas esses discursos continham mensagens de liberdade.

Na história, o líder, sempre se sobressaiu no seu grupo devido a seu carisma, porém como ressalta Weber (sociólogo) ele é de curta duração, mas os seus efeitos não e isso se explica no ressurgimento dos velhos padrões e justamente ai que você os efeitos prolongados porque as pessoas nunca mais são as mesmas, e ai podemos ver mudanças que não se imaginavam possíveis.


Neste retrato a liberdade que se quer atingir está longe da realidade social, real porque não existe meios para alcança-las sem conviver com a política, as regras. Para realçar o fator regras relembremos do sociólogo francês Émile Durkheim cujo livro as “Regras do Método Sociológico” diz: “que o homem é coagido a seguir determinadas regras exteriores e anteriores ao indivíduo que controlam a sua ação, constrangido a seguir normas sociais que lhe são impostas desde seu nascimento e que não tem poder para modificar”.

Através destes dois pensadores podemos contatar que a sociedade é quem assume o controle e é quem pune o cidadão que se desvia das normas e também é ela quem o assimila e o prepara para aceita-las e segui-las e apesar de ter autonomia para escolher os seus caminhos essa escolha feita é mediada, ou seja, condicionada pelas regras e qualquer passo fora dos limites o sujeito encontrará a devida punição aplicada pela sociedade e suas instituições.

O filme “Um Estranho no Ninho” mostra com clareza e objetividade o funcionamento de uma sociedade com as suas celeumas que se desenrolam através do relacionamento interpessoal entre os seus indivíduos nas suas produções culturais e todo o funcionamento das instituições em cada uma de suas funções sociais.  

       


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