4 de novembro de 2012

Classic Rock: Rolling Stones - Goats Head Soap (1973)



O começo da década de 1970 foi muito importante para os Rolling Stones que desde os fins da década anterior não contavam mais com a guitarra e o talento de Brian Jones que falecera tragicamente (morreu afogado na piscina de sua casa), e um jovem talento chamado Mick Taylor assumirá o posto no lugar e quer queiram ou não deu uma nova cara para o som do grupo que se tornou muito mais rock e estava em total conformidade com o que se apresentava na década de 1970, que viu a santíssima trindade: Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin reinarem com um som muito mais pesado calcado nas guitarras pesadíssimas e hipnóticas dos novos mestres.



Depois de brilhar com os álbuns Beggars Banquet (1968) e Let it Bleed (1969), que marca a efetivação de Mick Taylor e com este último trabalho a banda subiu alguns degraus, ou seja, aquela sonoridade inicial crua marcada pelo blues ia se diluindo e transformando-se num rock mais sujo, pesado marcado pelo pop, pelo folk e gospel cujos resultados seriam os álbuns Sticky Fingers (1971), que seria o porta voz do novo Rolling Stones e a segunda fase a consolidação o polêmico Exile on Main St. (1972) que no final da contas acabou desfrutando dos louros da fama e alcançou o seu devido lugar entre os fãs e hoje é incontestável quando se fala nos álbuns mais importantes dos britânicos e do rock em geral.

Com todos os ponteiros acertados o negócio é cair no estúdio para registrar um novo trabalho, que iria render a banda mais alguns milhões nas suas contas mais do que polpudas. Em estúdio a banda utilizou uma gama variada de músicos como Billy Preston (músico de soul, gospel, r&b e blues), Jimmy Miller (que inclusive produziu o álbum), Rebop (que tocou no Rainbow’s Concert do Clapton), Nick Hopkins e o sexto Stone Ian Stewart tocaram os pianos enquanto músicos como Bobby Keys tocou o saxofone, Chuck Finley tocou o trompete e o outro saxofone e as flautas foram tocadas por Jim Horn e o resultado é aquele que nós já conhecemos quando botamos o disco para tocar no volume máximo dos nossos toca discos. 

Quando álbum Goats Head Soap pintou na área mostrando a mesma salada sonora dos álbuns anteriores que permaneceram praticamente intactas, cujo som ficou mais forte, mais potente e já dava indícios de algumas mudanças na direção musical do grupo que cada vez ia pendendo para o lado mais pop do negócio, mas essa mudança se contrabalançava com o lado rock da banda mantendo em cena as guitarras pesadas com os belos solos de Mick Taylor mostrando uma banda revigorada e que estava prontinha para enfrentar a nova onda do rock na década de 1970, sem deixar muito a dever, ou seja, mantinha-se atualizada em relação a realidade daquele momento e das bandas que reinavam junto com os britânicos que lá na década anterior haviam aberto e escancarado as portas para a nova geração que chegava com tudo, a pleno vapor detonando uma sonoridade mais potente ainda.


Para os Rolling Stones não importava qual o rótulo da coisa, pois para os caras tudo fica claro quando escutamos qualquer álbum deles que o que interessava para eles naqueles dias é que tinha que ser pelo menos rock com direito a todos os excessos musicais e extra musicais e Goats Head Soap era mais um convite rude e cheio de testosterona que transformava a passagem da infância a adolescência um suave deleite que deveria ser desfrutado a cada momento sem temor algum, pois o que mais queremos quando colocamos um disco de rock para tocar é diversão e com os Rolling Stones isso é nada mais do que normal, ou seja, é apenas cumprir tabela e desfrutar momentos agradáveis sozinhos ou acompanhados de uma bela gelada, um cigarro na mão e com a namorada, esposa do lado. 

As faixas deste super álbum são todas excelentíssimas, clássicos irreparáveis e mostram a banda no auge de sua maturidade musical, pois os caras saíram da década de 1960 ainda com os dois pés no blues e só no final dos anos sessenta começaram a moldar os próximos passos e aqui depois de passada a parte mais difícil e complicada para a banda, o jeito como já sabemos foi partir para frente e ver o que daria essa nova fórmula já que a banda a banda estava munida de grandes músicos em especial, o novato guitarrista Mick Taylor que como já foi dito fez muita diferença nesta fase incipiente e agora mostrava todo seu talento, pois o cara deixou o som bem mais encorpado e isso significa mais forte que por sua vez significa mais pesado entre outros. 

Fato que fica claro logo na entrada com a faixa "Dancing With Mr. D" um rock tipicamente Stones cuja guitarra de Richards vai fazendo as bases enquanto os solos curtos de Taylor vão abrindo caminho para a voz de Jagger hipnotizar os seus ouvintes e na parte de trás a cozinha vem fazendo muito bem o seu papel de apoio e sustentação da faixa que aborda a morte como se fosse um flerte com ela e apesar do instrumental rock ela apresenta uma linha mais swingada uma pegada funk (eis ai uma das características dos Stones é a pluralidade dos caras que vão além do lugar comum). Em "100 Years Ago" o lado funky está presente e as guitarras de Mick Taylor mostram o porque fazem uma diferença enorme na sonoridade da banda e a letra discorre sobre o envelhecimento. 


As baladas como já são tradição dos caras não poderiam ficar de fora e mais uma vez marcam sua presença e a primeira registrada no álbum é a "Coming Down Again" cujos vocais são um dueto da dupla dinâmica Keith e Jagger e a letra tem como tema a relação de Keith Richards com Anita Pallenberg que havia abandonado Brian Jones para embarcar num relacionamento com ele, enfim as melodias que conduzem a faixa são perfeitas e o pedal wah-wah quem toca é o próprio Richards enquanto o Mick Taylor faz apenas um genial Bassline e os demais instrumentos tiveram excelentes linhas como o sax de Chaves Bobby e as linhas de piano de Nicky Hopkins também são inteligentíssimas. 

E voltando aos rocks vamos a "Doo Doo Doo Doo Doo (Heartbreaker)" onde as linhas de guitarra de Mick Taylor foram muito bem encaixadas e o baixo tocado por Richards mandou bem pra caramba e mostra o talento do cara como compositor e isso é inegável e o tema proposto para a letra da canção é a correlação de duas histórias cuja primeira envolve a polícia de Nova York que confundiu um menino com um ladrão de banco e simplesmente por isso dispararam arma de fogo sobre o mesmo e a segunda é sobre uma menina de 10 anos de idade encontrada morta por overdose de drogas em um beco, mas cabe uma ressalva nenhum dos fatos é verídico não passa de pura ficção e a instrumental também é puro R&B selvagem e matador bem naquela famosa linha que todos bem conhecemos quando o assunto é Rolling Stones. 

E depois de mais um agito vem outra balada para dar aquela acalmada e dar uma resfriada na galera, pois Angie além de ser um sucesso imediato do grupo e ter virado um dos carros chefe na promoção do álbum também tem que ter os porquês dos seus encantos revelados aqui e o que vemos então é uma enxurrada de excelentes idéias cuja primeira é sobre a estrutura musical que trás um piano muito bem tocado por Nicky Hopkins e junto com ele os arranjos de cordas feitos por Nicky Harrison ajudaram a criar uma das maiores baladas do rock e o que dizer da voz de Jagger que não se abala e vai do blues, rock e entre outros mais até a balada mais tranquila e as letras segundo Richards destroem uma série de mitos criados em torno da letra, pois segundo ele o nome "Angie" é o apelido que ele dava para a heroína e naqueles dias ele estava em fase de intoxicação e falava sobre a sua tentativa de se livrar desse vício nefasto, que consumiu vidas e mais vidas e o meio do rock que o diga. 


Abrindo a segunda e última parte da bolacha vem mais uma daquelas peso pesado, ou seja é a vez de "Silver Train" continuar a festa no clima rock 'n' roll com belas linhas de gaita enfim uma sonoridade bem cheia de malicia para retratar a história de um envolvimento de Jagger com uma prostituta. Outra faixa de primeira que ratifica o status deste trabalho como uma pequena obra prima é "Hide Your Love" um belo de um blues acompanhado e muito bem acompanhado por belos solos de guitarra e a maravilhosa voz de Jagger comandando o barco. Assim como o pop, o rock, o blues, o gospel tiveram a sua vez quem entra em cena em "Winter" é o country e Mick Taylor vai lá no lado mais pesado e manda ver um excelente slide guitar e as letras refletem o bom momento nas gravações falando sobre o lado bom desta estação, enfim mais uma excelente balada na coleção de ritmos de Goats Head Soap. 

Outra faixa excelente é "Can Your Hear The Music" que trás a cena praticamente o liquidificador sonoro experimentado pelos britânicos nesta insólita aventura em busca do seu elixir, mas o carro chefe é blues e o gospel e as linhas viajantes de flauta e guitarras e bateria bem conduzidas pelos seus mestres capitaneados pelo mestre Mick Jagger conduzem o espetáculo levando o ouvinte a uma viajem introspectiva procurando um ponto de equilíbrio entre a insanidade e a sanidade mental, pois é simplesmente fantástico como a música destes caras tem o poder de envolver as pessoas e conduzi-las para os lugares mais distantes. E a para fechar o álbum lá vem a polêmica "Star Star" cujo título verdadeiro é Starfucker e a letra é totalmente uma alusão ao sexo e aos seus pormenores e além disso faz algumas menções a caras como John Wayne e Steve McQueen. 

Enfim todo o trabalho feito na ensolarada e quente Jamaica onde a banda permaneceu encerrada no Dynamic Sound Studios, na Jamaica mostrou-se não apenas trabalho, mas diversão também porque temos neste trabalho cuja começo aconteceu em novembro de 1972 e teve uma pequena pausa em dezembro do mesmo ano e só teve seu começo somente em maio de 1973 e o seu final em junho do mesmo ano mostra uma banda sem estar dominada por qualquer tipo de estresse e mostra também a versatilidade dos caras e a incansável busca por se diferenciar dos demais contemporâneos sempre adicionando novos elementos na sua música e talvez por essa mistura que não se encaixe nos padrões tenha promovido por parte da imprensa as críticas negativas. 


O álbum foi lançado em 31 de agosto de 1973, por parte dos fãs o álbum foi de chapa aclamado e por isso não tardou a transformar-se num triplo de platina, agora por parte da imprensa mais uma vez incapaz de compreender o que se passava com o grupo novamente despejou a sua ignorância e incompetência para avaliar o que significa aquela miscelânea musical e entender que o objetivo dela não era encaixar nesse ou naquele tipo de rock, pois o objetivo traçado para o álbum em questão é que eles simplesmente fosse o que ele foi concebido para ser um álbum de rock que não se prende a padrão algum e realmente se a própria banda tem alguma dúvida referente ao conteúdo do álbum, podem ficar descansados que desta vez preencheram muito bem as lacunas dos anteriores e mandaram muito bem nesta nova lição que se apresentava nas mãos dos fãs. 

A arte gráfica foi elaborada, desenhada e projetada por Ray Lawrence e foi fotografada por David Bailey, um amigo de Mick Jagger que já trabalhava com os Stones desde os seus primórdios. Para os detratores da imprensa que chegaram a afirmar que o álbum Goats Head Soap era o início da decadência dos Rolling Stones eles estavam muito enganados e visivelmente errados em suas opiniões mastodônticas ao afirmarem estas asneiras, pois o caras ainda mostravam-se antenados com os Stones da década de 1960 e essa banda não existia mais, pois o que se via era uma banda que progredia a olhos vistos e nada externo, ou seja, fãs e críticos poderiam atrapalhar este processos e seus novos passos. 

Se você que também é fã da banda e se amarra nessas crendices estúpidas que se espalharam pelas décadas afora siga um conselho básico e super simples seja você mesmo pegue este álbum e escute-o sem dar ouvidos a ninguém e tire as suas próprias conclusões a respeito desse álbum e faça algo que pelo visto não era exclusividade da época atual e pelo visto era muito forte naquela década e infelizmente se espraiou pelas décadas seguintes incluindo a atual onde poucos questionamentos e reflexões são feitas acerca de uma obra e o que ouvimos de certos "intelgentes" é "não ouvi mas também não gostei" o que significa que este tipo de pessoa não tem senso critico e só sabe ser comandado pelos outros, e se você não for deste tipo faça o teste, pois aqui o bode estará de braços bem abertos te esperando para o culto, boa audição! 

Faixas: 

A1. Dancing With Mr. D.
A2. 100 Years Ago 
A3. Coming Down Again 
A4. Doo Doo Doo Doo Doo (Heartbreaker)
A5. Angie 

B1. Silver Train 
B2. Hide Your Love 
B3. Winter 
B4. Can You Hear The Music 
B5. Star Star    



  







  


    

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