4 de janeiro de 2014

Livros: O Chamado da Floresta - Jack London (1903)


Escrito em 1903 e lançado em folhetim, a obra, de Jack London, o Chamado Selvagem, é um dos livros clássicos da literatura norte americana. A história narrada pelo autor é sobre um cão chamado Buck, que foi roubado e foi parar no Alaska trabalhando compulsoriamente puxando trenós de cargas. O período descrito na narração é a corrida do ouro e a primeira vista parece ser uma aventura comum, mas na verdade o autor aproveita o tema para escrever sobre Darwinismo, Marxismo e também filosofia.



Aparente inocência do texto vai embora após o primeiro capítulo e começa a penetrar no conteúdo visando passar a sua mensagem. O cão dócil cuja vida ociosa sofreria uma brusca mudança após ser furtado e enviado para o norte dos EUA para trabalhar puxando trenós tem uma violenta mudança, pois aquela vida tranquila deixara de existir e passou transformar-se num inferno, pois o animal começou a sofrer com uma rotina pesada submetido a maus tratos e ainda por cima teve que lutar como os outros membros do seu grupo, o que por si só mostra como foi marcante, traumática essa mudança brutal no estilo de vida de Buck.    
  
Inserido neste novo ambiente cheio de novas experiências, Buck, além de embrutecer começa a despertar os seus instintos naturais que estavam adormecidos devido a sua vida na civilização. Na medida em que estes instintos começam aflorar o cão além de garantir a sua sobrevivência começa a chamar a atenção dentro do seu grupo e consegue destacar-se e conquistar para si a liderança da matilha.

As teorias do marxismo e do darwinismo utilizadas pelo autor para construir a mensagem da obra aparecem primeiramente quando o processo de embrutecimentos do cachorro em contato com o meio ambiente e com a convivência entre os seus donos e seus iguais, o seu comportamento seria moldado confirmando assim a teoria de que o meio ambiente molda o ser e no caso da teoria marxista aparece quando o cão percebe que os donos dos cães funcionam como os empresários donos dos meios de produção e da própria classe trabalhadora (os cães). Os castigos infligidos aos cães quando começam a enrolar (greve) apanhavam de porrete (monopólio da violência), enfim são claras evidências do flerte com o marxismo. O livro além das teorias acima relacionadas também flerta com a filosofia e remete diretamente ao pensador alemão Frederich Nietszche, quando Buck se distância do comportamento padrão relacionado à questão moral e quando este se torna pleno em sua natureza entra em cena o super homem. 

O Chamado da Floresta está longe de ser um livro bobinho e salva-se do lugar comum e tem seu lugar garantido no panteão dos clássicos, pois nele existe um convite sério e mesmo passado mais de um século ainda mantem-se pertinente e totalmente relevante por chamar-nos a reavaliar nossos conceitos de civilidade, lealdade e liberdade em tempos tão sombrios.  



  




















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