Escrito em 1903 e lançado em
folhetim, a obra, de Jack London, o Chamado Selvagem, é um dos livros clássicos
da literatura norte americana. A história narrada pelo autor é sobre um cão
chamado Buck, que foi roubado e foi parar no Alaska trabalhando compulsoriamente
puxando trenós de cargas. O período descrito na narração é a corrida do ouro e
a primeira vista parece ser uma aventura comum, mas na verdade o autor
aproveita o tema para escrever sobre Darwinismo, Marxismo e também filosofia.
Aparente inocência do texto
vai embora após o primeiro capítulo e começa a penetrar no conteúdo visando
passar a sua mensagem. O cão dócil cuja vida ociosa sofreria uma brusca mudança
após ser furtado e enviado para o norte dos EUA para trabalhar puxando trenós
tem uma violenta mudança, pois aquela vida tranquila deixara de existir e
passou transformar-se num inferno, pois o animal começou a sofrer com uma
rotina pesada submetido a maus tratos e ainda por cima teve que lutar como os
outros membros do seu grupo, o que por si só mostra como foi marcante,
traumática essa mudança brutal no estilo de vida de Buck.
Inserido neste novo ambiente
cheio de novas experiências, Buck, além de embrutecer começa a despertar os
seus instintos naturais que estavam adormecidos devido a sua vida na
civilização. Na medida em que estes instintos começam aflorar o cão além de
garantir a sua sobrevivência começa a chamar a atenção dentro do seu grupo e
consegue destacar-se e conquistar para si a liderança da matilha.
As teorias do marxismo e do
darwinismo utilizadas pelo autor para construir a mensagem da obra aparecem
primeiramente quando o processo de embrutecimentos do cachorro em contato com o
meio ambiente e com a convivência entre os seus donos e seus iguais, o seu
comportamento seria moldado confirmando assim a teoria de que o meio ambiente
molda o ser e no caso da teoria marxista aparece quando o cão percebe que os
donos dos cães funcionam como os empresários donos dos meios de produção e da
própria classe trabalhadora (os cães). Os castigos infligidos aos cães quando
começam a enrolar (greve) apanhavam de porrete (monopólio da violência), enfim
são claras evidências do flerte com o marxismo. O livro além das teorias acima
relacionadas também flerta com a filosofia e remete diretamente ao pensador
alemão Frederich Nietszche, quando Buck se distância do comportamento padrão
relacionado à questão moral e quando este se torna pleno em sua natureza entra
em cena o super homem.
O Chamado da Floresta está
longe de ser um livro bobinho e salva-se do lugar comum e tem seu lugar
garantido no panteão dos clássicos, pois nele existe um convite sério e mesmo
passado mais de um século ainda mantem-se pertinente e totalmente relevante por
chamar-nos a reavaliar nossos conceitos de civilidade, lealdade e liberdade em
tempos tão sombrios.
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