Na década de 1960, a psicodelia norteou
a música e nessa esteira inúmeros grupos surgiram e emplacaram discos clássicos.
Falar dessas bandas e desses álbuns não é tarefa fácil, mas podemos dar uns
exemplos. O ano de 1967 viu nascer uma onda de clássicos cujos pais são os
Beatles, o Cream, o Jefferson Airplane, The Byrds e mais uma galera. Nas décadas
posteriores outras bandas tentaram emular não o som dessas bandas exatamente,
mas sim a psicodelia daqueles tempos e também lançaram seus álbuns que oscilam
entre clássicos, bons e ruins. Inspirados nas obras de autores do calibre de
H.P Lovecraft e outros malucos adicionaram um pouco de suspense, terror dando
ar macabro a sua sonoridade.
Um dos grandes grupos dessa época e
também um dos mais legais que surgiram foi o Love formado em 1964, pelo malucão
Arthur Lee que além de tudo era o principal compositor e toca guitarra também
além de cantar as suas criações acompanhado por Bryan McLean e John Echols
ambos guitarristas, pelo baixista Ken Forsi e inicialmente pelo baterista Don
Conka, que pouco tempo depois deu lugar para Alban “Snoopy” Pfisterer. Com a
formação definida e pronta para detonar o que lhes faltava era um contrato que
chegou por mãos da Elektra Records e o primeiro álbum auto intitulado era a
estréia do quinteto norte americano.
O primeiro disco diziam em pouco mais
de uma hora a que veio a banda, pois era uma viagem sonora registrada em vinil e
a continuação dessa história rola com o lançamento de Da Capo, também em 1966,
e tome mais viagem e mais psicodelia. Ambos foram relativamente vem sucedidos
comercialmente falando, pois o número de 100 mil cópias de vendas era um marco
para os padrões da época. O grupo se apresentava em Los Angeles e nas
cercanias, mas longe da sua base não rolava pela constante recusa de Arthur Lee
e por isso embarcar em longas turnês eram inimaginável, ou seja, impossível,
mas isso não arranhou o sucesso da banda que mesmo assim tornou-se cult onde
sua presença era inexistente.
Segundo os graúdos da Elektra Records
senão fosse por essas entre outras manias do capitão do Love, a banda poderia
ter ido mais longe e quem sabe atingido patamares mais altos. A recusa não se
restringia apenas a fazer extensas turnês e influenciava diretamente naas
composições, pois enquanto o The Doors emplacava o seu grande hit “Light my
Fire”, Arhtur Lee nem queria saber de músicas comerciais como queria a
gravadora.
Como tudo que é bom pode ficar ruim,
para o Love as coisas ficaram ruins em 1967 e o pessoal viu-se numa crise
interna, pois era inconsebível uma bana existir e não ter lucro, pois isso na
contra mão do que todo artista queria e claro que os integrantes começaram a se
afastar e procurar obter retorno financeiro. O negócio era tentar mais um álbum
e nesse caso estamos falando do terceiro álbum do grupo, cujo os trabalhos
foram de quatro meses.
O surgimento de Forever Changes, um dos
álbuns mais legais dessa época não foi fácil, pois os problemas não eram poucos
devido a crise interna dentro do grupo. O produtor Bruce Botnick, que foi
escalado pela gravadora posterormente acabou pulando fora do barco. O grupo não
ia nada bem e em várias sessões de gravação só tinham “Andmoreagain” e “The
Daily Planet”. Assim sendo o jeito foi dar um tempo para a galera que
esporadicamente se encontrava para compor as faixas do álbum e nisso estava
inclusa uma jornada noturna.
Para a concepção do disco, Arthur Lee
preferiu investir numa sonoridade mais leve sem os “exageros” e os virtuoses
necessários para um disco mais pesado. Então banda embarcou numa instrumental
mais leve, viajante e claro psicodélica e as composições realmente se destacam
justamente por este lado homeopático introduzido no grupo na intenção de
compensar as suas carências. Músicos da filarmônica de Los Angeles foram
contratados para a empreitada e foram orientados pelo líder do grupo, pois ele
buscava um refinado e todo cheio de requintes.
Forever Changes é um marco na música
daquela época porque enquanto a rapaziada esbanjava nos riffs e nos solos e
demais instrumentos carregados de virtuose, o Love que havia proposto um
trabalho diferente e que ia de na contra mão do que estava vigente no período
utilizou violões, sopros e uma série de arranjos de cordas e ainda mixou outros
estilos como o flamenco dando uma outra cara a banda.
O som explorou mais o folk e o blues
uma característica, a base da onde a larga maioria das bandas tirou sua
sonoridade e identidade também estavam lá, mas em menor medida e o peso foi
medido por outra balança que se constratavam dos predecessores Love (1966) e Da
Capo (1966). O disco abre com “Alone
Again Or” o lado folk e flamenco muito bem experimentado do grupo com arranjos
de metais inteligente deu a faixa um clima especial. A segunda “House Is Not a
Motel” é também folk, mas psicodélica e também tem umas ótimas partes
instrumentais se contrastando, enfim um ótimo momento.
A terceira faixa “Andmoreagain” e seu
clima romântico enriqeucida pelos arranjos de cordas é daquelas para você ouvir
umas quinhentas vezes sem enjoar. Apesar de ser folk e por tanto ser mais leve
pelos arranjos de metal, cordas entre a faixa “The Daily Planet” vem com guitarras
que aparecem de forma intermitente e mistura-se com o som do violão fazendo uma
excelente contraposição e a bateria é outro instrumento que caiu como uma luva e
essa soma de habilidades serve para coloca-la entre os destaques do disco.
“Old Man” é uma faixa que carrega no emocional e o trabalho da filarmônica
e a interpretação de Arthur Lee são os diferenciais. “The Red Telephone” é a pérola
lisérgica de Arthur Lee, pois reza a lenda que o cara escreveu-a após uma baita
acid trip e ter uma visão nada feliz, e instrumentalmente falando é uma das
melhores do rock, enfim obra de gênio. O flamenco não dá descanço reaparece em “Maybe
the People Would be Times or Between Clark and Hilldale” outra boa música deste
trabalho. O folk como é o guia condutor mais uma vez entra em cena em “Let and
Let Live” e aqui temos uns solinhos de guitarra bem encaixados. Em alguns casos
uma balada é boa, duas é demais, mas no caso do Love duas são pouco quando
leva-se em consideração o talento despendido neste álbum e “The Good Humor Man
See Everything Like This” e nela encontram-se os arranjos de corda e os
instrumentos de sopro que dão o tom. “Bummer is Bummer” é outra que entra na
mente e não saí, mas de jeito e maneira alguma. Forever Changes é um disco que
impressiona pela boa qualidade dos instrumentos empregados em sua conpção e fechando
o álbum com chave de ouro vem “You Set the Scene” com seu pop rock insano, que
vai aos poucos vai assumindo o formato de uma balada das quentes.
Arthur Lee e o seu Love colocaram nas mãos
dos fãs e da imprensa um disco poucas vezes visto no rock, enfim o disco é a
herança de uma época louca embalada pelos sonhos lisérgicos de amor e paz de
uma galera ávida de um pouco de tudo ou de qualquer coisa, mas o amor não
poderia faltar jamais.
Faixas do álbum:
01. Alone Again Or
02. A House is not a Motel
03. Andmoreagain
04. The Daily Planet
05. Old Man
06. The Red Telephone
07. Maybe the People Would be Times or
Between Clark and Hilldale
08. Let and Let Live
09. The Good Humor Man See Everything Like This
10. Bummer in the Summer
11. You Set the Scene
Nenhum comentário:
Postar um comentário