19 de agosto de 2013

Álbuns Clássicos: Love - Forever Changes (1967)



Na década de 1960, a psicodelia norteou a música e nessa esteira inúmeros grupos surgiram e emplacaram discos clássicos. Falar dessas bandas e desses álbuns não é tarefa fácil, mas podemos dar uns exemplos. O ano de 1967 viu nascer uma onda de clássicos cujos pais são os Beatles, o Cream, o Jefferson Airplane, The Byrds e mais uma galera. Nas décadas posteriores outras bandas tentaram emular não o som dessas bandas exatamente, mas sim a psicodelia daqueles tempos e também lançaram seus álbuns que oscilam entre clássicos, bons e ruins. Inspirados nas obras de autores do calibre de H.P Lovecraft e outros malucos adicionaram um pouco de suspense, terror dando ar macabro a sua sonoridade.



Um dos grandes grupos dessa época e também um dos mais legais que surgiram foi o Love formado em 1964, pelo malucão Arthur Lee que além de tudo era o principal compositor e toca guitarra também além de cantar as suas criações acompanhado por Bryan McLean e John Echols ambos guitarristas, pelo baixista Ken Forsi e inicialmente pelo baterista Don Conka, que pouco tempo depois deu lugar para Alban “Snoopy” Pfisterer. Com a formação definida e pronta para detonar o que lhes faltava era um contrato que chegou por mãos da Elektra Records e o primeiro álbum auto intitulado era a estréia do quinteto norte americano.

O primeiro disco diziam em pouco mais de uma hora a que veio a banda, pois era uma viagem sonora registrada em vinil e a continuação dessa história rola com o lançamento de Da Capo, também em 1966, e tome mais viagem e mais psicodelia. Ambos foram relativamente vem sucedidos comercialmente falando, pois o número de 100 mil cópias de vendas era um marco para os padrões da época. O grupo se apresentava em Los Angeles e nas cercanias, mas longe da sua base não rolava pela constante recusa de Arthur Lee e por isso embarcar em longas turnês eram inimaginável, ou seja, impossível, mas isso não arranhou o sucesso da banda que mesmo assim tornou-se cult onde sua presença era inexistente.


Segundo os graúdos da Elektra Records senão fosse por essas entre outras manias do capitão do Love, a banda poderia ter ido mais longe e quem sabe atingido patamares mais altos. A recusa não se restringia apenas a fazer extensas turnês e influenciava diretamente naas composições, pois enquanto o The Doors emplacava o seu grande hit “Light my Fire”, Arhtur Lee nem queria saber de músicas comerciais como queria a gravadora.

Como tudo que é bom pode ficar ruim, para o Love as coisas ficaram ruins em 1967 e o pessoal viu-se numa crise interna, pois era inconsebível uma bana existir e não ter lucro, pois isso na contra mão do que todo artista queria e claro que os integrantes começaram a se afastar e procurar obter retorno financeiro. O negócio era tentar mais um álbum e nesse caso estamos falando do terceiro álbum do grupo, cujo os trabalhos foram de quatro meses.

O surgimento de Forever Changes, um dos álbuns mais legais dessa época não foi fácil, pois os problemas não eram poucos devido a crise interna dentro do grupo. O produtor Bruce Botnick, que foi escalado pela gravadora posterormente acabou pulando fora do barco. O grupo não ia nada bem e em várias sessões de gravação só tinham “Andmoreagain” e “The Daily Planet”. Assim sendo o jeito foi dar um tempo para a galera que esporadicamente se encontrava para compor as faixas do álbum e nisso estava inclusa uma jornada noturna.


Para a concepção do disco, Arthur Lee preferiu investir numa sonoridade mais leve sem os “exageros” e os virtuoses necessários para um disco mais pesado. Então banda embarcou numa instrumental mais leve, viajante e claro psicodélica e as composições realmente se destacam justamente por este lado homeopático introduzido no grupo na intenção de compensar as suas carências. Músicos da filarmônica de Los Angeles foram contratados para a empreitada e foram orientados pelo líder do grupo, pois ele buscava um refinado e todo cheio de requintes.

Forever Changes é um marco na música daquela época porque enquanto a rapaziada esbanjava nos riffs e nos solos e demais instrumentos carregados de virtuose, o Love que havia proposto um trabalho diferente e que ia de na contra mão do que estava vigente no período utilizou violões, sopros e uma série de arranjos de cordas e ainda mixou outros estilos como o flamenco dando uma outra cara a banda.

O som explorou mais o folk e o blues uma característica, a base da onde a larga maioria das bandas tirou sua sonoridade e identidade também estavam lá, mas em menor medida e o peso foi medido por outra balança que se constratavam dos predecessores Love (1966) e Da Capo (1966). O disco abre com  “Alone Again Or” o lado folk e flamenco muito bem experimentado do grupo com arranjos de metais inteligente deu a faixa um clima especial. A segunda “House Is Not a Motel” é também folk, mas psicodélica e também tem umas ótimas partes instrumentais se contrastando, enfim um ótimo momento.


A terceira faixa “Andmoreagain” e seu clima romântico enriqeucida pelos arranjos de cordas é daquelas para você ouvir umas quinhentas vezes sem enjoar. Apesar de ser folk e por tanto ser mais leve pelos arranjos de metal, cordas entre a faixa “The Daily Planet” vem com guitarras que aparecem de forma intermitente e mistura-se com o som do violão fazendo uma excelente contraposição e a bateria é outro instrumento que caiu como uma luva e essa soma de habilidades serve para coloca-la entre os destaques do disco.

“Old Man” é uma faixa que carrega no emocional e o trabalho da filarmônica e a interpretação de Arthur Lee são os diferenciais. “The Red Telephone” é a pérola lisérgica de Arthur Lee, pois reza a lenda que o cara escreveu-a após uma baita acid trip e ter uma visão nada feliz, e instrumentalmente falando é uma das melhores do rock, enfim obra de gênio. O flamenco não dá descanço reaparece em “Maybe the People Would be Times or Between Clark and Hilldale” outra boa música deste trabalho. O folk como é o guia condutor mais uma vez entra em cena em “Let and Let Live” e aqui temos uns solinhos de guitarra bem encaixados. Em alguns casos uma balada é boa, duas é demais, mas no caso do Love duas são pouco quando leva-se em consideração o talento despendido neste álbum e “The Good Humor Man See Everything Like This” e nela encontram-se os arranjos de corda e os instrumentos de sopro que dão o tom. “Bummer is Bummer” é outra que entra na mente e não saí, mas de jeito e maneira alguma. Forever Changes é um disco que impressiona pela boa qualidade dos instrumentos empregados em sua conpção e fechando o álbum com chave de ouro vem “You Set the Scene” com seu pop rock insano, que vai aos poucos vai assumindo o formato de uma balada das quentes.

Arthur Lee e o seu Love colocaram nas mãos dos fãs e da imprensa um disco poucas vezes visto no rock, enfim o disco é a herança de uma época louca embalada pelos sonhos lisérgicos de amor e paz de uma galera ávida de um pouco de tudo ou de qualquer coisa, mas o amor não poderia faltar jamais.

Faixas do álbum:

01.   Alone Again Or
02.   A House is not a Motel
03.   Andmoreagain
04.   The Daily Planet
05.   Old Man
06.   The Red Telephone
07.   Maybe the People Would be Times or Between Clark and Hilldale
08.   Let and Let Live
09.   The Good Humor Man See Everything Like This
10.   Bummer in the Summer

11.   You Set the Scene 

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