Lá na longínqua década de
1970, o rock, as bandas lançaram discos memoráveis, mas sem compromisso nenhum
com o futuro e por isso nem sonhavam com a posteridade e a importância que sua
obra assumiria ao sobreviver ao teste o tempo influenciando as novas gerações,
que consumiam seus álbuns como se fossem a novidade do momento. Depois de
vinte, trinta anos e quarenta anos esses discos ainda mantem-se relevante e vêm
ganhado edições comemorativas bem caprichadas em alguns casos.
O Black Sabbath é um exemplo
dessas bandas cuja importância está além de qualquer tipo de edição
comemorativa seja ela de vinte, trinta ou quarenta anos, pois a banda
recentemente voltou à ativa e lançou um ótimo álbum, que resgata o passado, mas
mantém os pés no presente. Nos anos áureos a banda parecia ser imbatível e
ainda mantém-se dessa maneira aos olhos dos fãs.
Em 1970, os caras soltaram o primeiro álbum
autointitulado e promoveram uma reviravolta no cenário musical ao mostrar que a
sonoridade influenciada pelos blues e pelo jazz poderia soar ainda mais pesada.
No mesmo ano, na segunda metade, os caras lançaram o Paranoid o seu Magnum Opus
e de uma vez por todas definiram o novo ritmo conhecido popularmente como heavy
metal. Em 1971, retornaram a cena com Master of Reality, que apresentava um
mais refinado e mais pesado, agressivo e sombrio também.
Com Vol.4 (1972), os
britânicos levam a sua música a outro patamar, enfim era um novo conceito
sonoro mais elaborado, mas que não dispensou os seus elementos tradicionais e
continuava pesado, agressivo e sombrio e o mesmo diz respeito às letras. A
banda trazia atrás de uma enorme legião de fãs, vendas expressivas do seu
catálogo de álbuns e shows completamente lotados ao redor do eixo Europa/EUA.
O grupo decidiu gravar mais
um álbum, que seria o quinto da carreira. O processo de composição começou nos
EUA e para isso alugaram uma casa em Bel Air, mas o cansaço mental e os abusos
recorrentes de álcool e drogas obrigou a banda a retornar a Inglaterra, pois o
insucesso em fazer os trabalhos funcionarem os levou a voltar e na sua terra
natal alugaram o Castelo Clearwall, na Floresta de Dean e lá os trabalhos
ocorreram tranquilamente e o riff de Sabbath Bloody Sabbath surgiu ali. A
gravação do álbum aconteceu no Morgan Studios, em Londres.
No álbum anterior, o Black
Sabbath havia experimentado o melotron e piano tocados por Rick Wakeman e Tony
Iommi e desta vez optaram pelo uso de teclados e sintetizadores e novamente
contaram com a contribuição de Rick Wakeman, que aparece nos créditos com o
nome “Spooky Wall”. Mais uma vez os britânicos conseguiram ir além e novamente
o som do Black Sabbath dava um novo salto, ou seja, o refinamento das
composições em relação ao anterior era notável e em relação aos mais antigos
que apresentam um som mais primitivo estava anos na frente.
O flerte com o progressivo e
as características comuns do grupo sobreviveram para contar uma nova história
forjada num som poderoso pesado e sombrio quase surreal. Embalados pelos excessos do álcool e drogas e
daí visões de fantasmas entre outros que os acompanhavam nas masmorras onde
ensaiavam a exaustão, o grupo soltou o seu álbum mais bem elaborado e abria uma
nova via que se repetiria até Never Say Die (1978).
O álbum abre de cara com “Sabbath
Bloody Sabbath” cujos riffs são um dos maiores momentos do álbum e marcaram
história e tranquilamente faz da faixa um dos hinos do rock e é obrigatória nos
shows do grupo. A letra foi inspirada no período de isolamento e nos fenômenos que
a rapaziada dizia ver com frequência. A instrumental além de ser pesada se
divide em três partes o que é um avanço enorme para a banda, avalanche sonora
de riffs, os vocais lúgubres de Ozzy, o baixo e a bateria pesados por natureza
e o clima nada feliz e apesar do clipe mostrar Ozzy sorrindo mais parece uma
ironia do que de fato felicidade.
Ousadia foi o lema do grupo e
os caras realmente não tiveram medo de experimentar e além dos arranjos de
piano, teclados e melotron entraram na jogada outros instrumentos como flautas,
um sintetizador usado pela primeira vez e mais as orquestrações deram um ar de
maior complexidade ao trabalho registrado em Sabbath Bloody Sabbath. Faixas
como: “Spiral Architect”, A “National Acrobat” e “Looking for Today” além de
sua identidade própria são os frutos desse amadurecimento destemido do grupo. A
suave “Fluff” o momento mais tranquilo do álbum também faz parte desse triunfo
do grupo e outra faixa emblemática, que sintetiza esse momento é a tétrica e
sobrenatural “Who are You” que mais parece ser um diálogo da banda com o mundo
sobrenatural, ou seja, um contato direto com os Poltergeists, os espíritos e
outras entidades que os assombravam. Outra faixa digna de nota é “Sabbra
Cadabra” que apesar de ser a mais simples do álbum encanta pelas melodias
pesadas e grudentas. “Killing Yourself to Live” é dona de um solo matador e a
banda bebeu na mesma fonte de inspiração da faixa título. Enfim é outra faixa
grudenta que você não para de ouvir e remete a faixa título também.
Sabbath Bloody Sabbath foi
lançado no primeiro dia de dezembro de 1973, na Inglaterra enquanto nos EUA o álbum
só apareceu em janeiro de 1974. A recepção foi ótima e ajudou solidificar a reputação
do grupo e garantiu a banda participação no California Jam, festival onde
dividiram o palco com nomes como: Deep Purple, Emerson Lake & Palmer,
Eagles entre outros.
Comercialmente falando o
álbum também foi muito bem sucedido e alcançou na sua terra natal a 4º posição
e nos EUA alcançou 11ª posição e ganhou pela quinta vez consecutiva e última o
certificado de platina. A capa foi elaborada por Drew Struzan onde ele retratou
um homem deitado em uma cama sendo atacado por demônios e no alto da cama tem
uma enorme caveira abraçando a cama e com o 666, a marca da besta e na contra
capa aparece a imagem oposta.
O Black Sabbath entrava em
definitivo para o hall dos gigantes do cenário de seus época e assim completava
mais uma capítulo incrível de sua história mágica e atrás de si ficava um
rastro de sedução, terror, suspense cuja trilha sonora tétrica e macabra
apontava rumos ainda desconhecidos prontos a serem explorados pelo grupo e que
ainda dariam frutos saborosos e forjavam o seu legado de aço pronto para
conquistar o futuro mesmo que inconsciente e o tempo mostrou isso a banda
quarenta anos depois, pois a banda ainda continua à conquistar e emocionar os fãs das novas gerações que se
rendem a magia de Sabbath Bloody Sabbath.
Faixas do álbum:
1. Sabbath Bloody Sabbath
2. A National Acrobat
3. Fluff
4. Sabbra Cadabra
5. Killing Yourself to Live
6. Who are You
7. Looking for Today
8. Spiral Architect
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