20 de agosto de 2013

Álbuns Clássicos: Black Sabbath - Sabbath Bloody Sabbath (1973)


Lá na longínqua década de 1970, o rock, as bandas lançaram discos memoráveis, mas sem compromisso nenhum com o futuro e por isso nem sonhavam com a posteridade e a importância que sua obra assumiria ao sobreviver ao teste o tempo influenciando as novas gerações, que consumiam seus álbuns como se fossem a novidade do momento. Depois de vinte, trinta anos e quarenta anos esses discos ainda mantem-se relevante e vêm ganhado edições comemorativas bem caprichadas em alguns casos.



O Black Sabbath é um exemplo dessas bandas cuja importância está além de qualquer tipo de edição comemorativa seja ela de vinte, trinta ou quarenta anos, pois a banda recentemente voltou à ativa e lançou um ótimo álbum, que resgata o passado, mas mantém os pés no presente. Nos anos áureos a banda parecia ser imbatível e ainda mantém-se dessa maneira aos olhos dos fãs.

 Em 1970, os caras soltaram o primeiro álbum autointitulado e promoveram uma reviravolta no cenário musical ao mostrar que a sonoridade influenciada pelos blues e pelo jazz poderia soar ainda mais pesada. No mesmo ano, na segunda metade, os caras lançaram o Paranoid o seu Magnum Opus e de uma vez por todas definiram o novo ritmo conhecido popularmente como heavy metal. Em 1971, retornaram a cena com Master of Reality, que apresentava um mais refinado e mais pesado, agressivo e sombrio também.


Com Vol.4 (1972), os britânicos levam a sua música a outro patamar, enfim era um novo conceito sonoro mais elaborado, mas que não dispensou os seus elementos tradicionais e continuava pesado, agressivo e sombrio e o mesmo diz respeito às letras. A banda trazia atrás de uma enorme legião de fãs, vendas expressivas do seu catálogo de álbuns e shows completamente lotados ao redor do eixo Europa/EUA.    

O grupo decidiu gravar mais um álbum, que seria o quinto da carreira. O processo de composição começou nos EUA e para isso alugaram uma casa em Bel Air, mas o cansaço mental e os abusos recorrentes de álcool e drogas obrigou a banda a retornar a Inglaterra, pois o insucesso em fazer os trabalhos funcionarem os levou a voltar e na sua terra natal alugaram o Castelo Clearwall, na Floresta de Dean e lá os trabalhos ocorreram tranquilamente e o riff de Sabbath Bloody Sabbath surgiu ali. A gravação do álbum aconteceu no Morgan Studios, em Londres.

No álbum anterior, o Black Sabbath havia experimentado o melotron e piano tocados por Rick Wakeman e Tony Iommi e desta vez optaram pelo uso de teclados e sintetizadores e novamente contaram com a contribuição de Rick Wakeman, que aparece nos créditos com o nome “Spooky Wall”. Mais uma vez os britânicos conseguiram ir além e novamente o som do Black Sabbath dava um novo salto, ou seja, o refinamento das composições em relação ao anterior era notável e em relação aos mais antigos que apresentam um som mais primitivo estava anos na frente.


O flerte com o progressivo e as características comuns do grupo sobreviveram para contar uma nova história forjada num som poderoso pesado e sombrio quase surreal.  Embalados pelos excessos do álcool e drogas e daí visões de fantasmas entre outros que os acompanhavam nas masmorras onde ensaiavam a exaustão, o grupo soltou o seu álbum mais bem elaborado e abria uma nova via que se repetiria até Never Say Die (1978).  

O álbum abre de cara com “Sabbath Bloody Sabbath” cujos riffs são um dos maiores momentos do álbum e marcaram história e tranquilamente faz da faixa um dos hinos do rock e é obrigatória nos shows do grupo. A letra foi inspirada no período de isolamento e nos fenômenos que a rapaziada dizia ver com frequência. A instrumental além de ser pesada se divide em três partes o que é um avanço enorme para a banda, avalanche sonora de riffs, os vocais lúgubres de Ozzy, o baixo e a bateria pesados por natureza e o clima nada feliz e apesar do clipe mostrar Ozzy sorrindo mais parece uma ironia do que de fato felicidade.

Ousadia foi o lema do grupo e os caras realmente não tiveram medo de experimentar e além dos arranjos de piano, teclados e melotron entraram na jogada outros instrumentos como flautas, um sintetizador usado pela primeira vez e mais as orquestrações deram um ar de maior complexidade ao trabalho registrado em Sabbath Bloody Sabbath. Faixas como: “Spiral Architect”, A “National Acrobat” e “Looking for Today” além de sua identidade própria são os frutos desse amadurecimento destemido do grupo. A suave “Fluff” o momento mais tranquilo do álbum também faz parte desse triunfo do grupo e outra faixa emblemática, que sintetiza esse momento é a tétrica e sobrenatural “Who are You” que mais parece ser um diálogo da banda com o mundo sobrenatural, ou seja, um contato direto com os Poltergeists, os espíritos e outras entidades que os assombravam. Outra faixa digna de nota é “Sabbra Cadabra” que apesar de ser a mais simples do álbum encanta pelas melodias pesadas e grudentas. “Killing Yourself to Live” é dona de um solo matador e a banda bebeu na mesma fonte de inspiração da faixa título. Enfim é outra faixa grudenta que você não para de ouvir e remete a faixa título também.


Sabbath Bloody Sabbath foi lançado no primeiro dia de dezembro de 1973, na Inglaterra enquanto nos EUA o álbum só apareceu em janeiro de 1974. A recepção foi ótima e ajudou solidificar a reputação do grupo e garantiu a banda participação no California Jam, festival onde dividiram o palco com nomes como: Deep Purple, Emerson Lake & Palmer, Eagles entre outros.

Comercialmente falando o álbum também foi muito bem sucedido e alcançou na sua terra natal a 4º posição e nos EUA alcançou 11ª posição e ganhou pela quinta vez consecutiva e última o certificado de platina. A capa foi elaborada por Drew Struzan onde ele retratou um homem deitado em uma cama sendo atacado por demônios e no alto da cama tem uma enorme caveira abraçando a cama e com o 666, a marca da besta e na contra capa aparece a imagem oposta.

O Black Sabbath entrava em definitivo para o hall dos gigantes do cenário de seus época e assim completava mais uma capítulo incrível de sua história mágica e atrás de si ficava um rastro de sedução, terror, suspense cuja trilha sonora tétrica e macabra apontava rumos ainda desconhecidos prontos a serem explorados pelo grupo e que ainda dariam frutos saborosos e forjavam o seu legado de aço pronto para conquistar o futuro mesmo que inconsciente e o tempo mostrou isso a banda quarenta anos depois, pois a banda ainda continua à conquistar e emocionar os fãs das novas gerações que se rendem a magia de Sabbath Bloody Sabbath.
  
Faixas do álbum: 

1.      Sabbath Bloody Sabbath
2.      A National Acrobat
3.      Fluff
4.      Sabbra Cadabra
5.      Killing Yourself to Live
6.      Who are You
7.      Looking for Today
8.      Spiral Architect 

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