26 de dezembro de 2012

Cinema: Argo (2012)


Fazia algum tempo que eu não assistia um filme baseado em fatos reais envolvendo momentos históricos, que são desconhecidos de boa parte da população atual, pois muitos ou eram crianças ou ainda não eram nascidos na época em que o conflito retratado neste filme havia ocorrido. Argo é um filme sobre o Oriente Médio e serve para desmitificar a posição dos Eua em relação a sua política internacional e o jovem ator e diretor Ben Affleck expõe aqui sem medo algum a sua posição frente aos fatos e fala naturalmente do que se trata situando muito bem o contexto e considerando os EUA como um país conservador cuja essa ala é inimiga declarada da liberdade de expressão não deve ter visto com bons olhos o filme que até agora passou meio que desapercebido pela crítica, mas pelo menos deve ser indicado ao Oscar em 213.  



A história de Argo é sobre o Irã, ou seja, sobre a invasão da embaixada norte americana naquele país do Oriente Médio, mas porque? Para quem pouco conhece história e a política internacional não deve saber que os EUA sempre com medo dos governos liderados por islâmicos fundamentalistas sempre apoiou os regimes ditatoriais (vide primavera árabe) e ditador daquele momento apoiado pelo governo "yankee" foi o do Xá Reza Pahlavi (cuja entrada foi garantida em 1953, com um golpe de Estado com a participação britânica também).

Em 1979, veio a revolução iraniana e o Xá Pahlavi foi derrubado e no seu lugar assumiu o Aiatolá Ruhollah Khomeini. Após a instalação do novo governo (teocrático), eles passaram a exigir dos EUA que o Xá que havia fugido do país em 1979, retorna-se para responder pelos crimes de tortura entre outros durante a sua estada no poder. O povo invadiu as ruas para protestar e reivindicar o retorno do ex-governante. 


A situação no Irã era crítica e qualquer momento poderia eclodir algum conflito, e assim no de 04 de novembro, a embaixada dos EUA , em Teerã é finalmente invadida pela população furiosa que protestava contra a atitude dos norte americanos de abrigar Pahlavi e recusar-se com veemência em devolve-lo para o novo governo instaurado. O resultado desta invasão terminou com a capitulação de 52 prisioneiros todos funcionários da embaixada e de nacionalidade norte americana. Esse episódio histórico ficou marcado como: A Crise dos Reféns, no governo de Jimmy Carter que já avançava para os seus momentos finais, e durou 444 dias quando finalmente ocorreu a libertação de todos os reféns que haviam vivo o seu calvário naquele país. 

No momento da invasão seis funcionários conseguiram escapar sem o conhecimento dos invasores iranianos e foram se abrigar na casa do embaixador Canadense que de pronto os aceitou sabendo dos ricos que estava correndo. Depois de pouco mais de dois meses é que o projeto Argo começa a ser arquitetado pela CIA em conjunto com o governo norte americano para tentar salvar os seis funcionários que estavam encurralados no Irã. 

O agente da CIA Tony Mendez (interpretado por Ben Affleck) entra em cena e para clarear melhor as suas idéias a respeito do plano resolve pedir ajuda para John Chambers (John Goodman), que foi premiado pelas maquiagens que fez no filme, o Planeta dos Macacos (1973). O plano consistia em fazer um filme falso (um filme que seria apenas divulgado, mas não seria rodado), e as locações para as "filmagens" seriam no Irã. 


A idéia surgiu devido ao sucesso que o filme Star Wars (1977), de George Lucas que estavam o maior sucesso nos cinemas e além disso os filmes de ficção cientifica estavam na crista da onda, e o objetivo do agente era entrar no Irã e conseguir falsificar seis passaportes, mas as nacionalidades dos documentos não poderia ser norte americana porque os invasores da embaixada começaram a reconstituir os documentos picotados e para ser mais exato eram fotografias e se deram conta da falta de seis funcionários e por isso as nacionalidades tinham que ser outras, no caso canadenses (porque os iranianos não tinham nenhum problema diplomático com eles e seria o jeito para salva-los). A segunda parte do plano era incluir os funcionários (que estavam escondidos na casa do embaixador do Canadá) como membros da equipe de filmagem (que estavam lá apenas para conferir a viabilidade do local para filmar) para poder tira-los de dentro do Irã. 

Depois de uma longa série de conversações com o alto escalão do governo norte americano visando convencê-los sobre a viabilidade do plano até então considerado mirabolante, mas era o único plausível e com maiores de chances de ter 100% de êxito na pretensão de trazer os "reféns" são e salvos. O governo norte americano aprova o plano e investe nele, mas coloca uma ressalva por ser clandestino: "se te pegarem nós negaremos o caso". Convencido da possibilidade do sucesso na execução do plano, o agente nem se abala e parte para o Irã para cumprir a missão.  

Como diretor Ben Aflleck mostra competência e consegue dar climas de suspense ao filme nas horas mais críticas e deixa sempre aquela dúvida "será que vai dar certo?", "eles vão conseguir escapar?". Em todos os momentos o expectador fica apreensivo seja no momento do encontro entre o agente e os "reféns" quando ele entrega a cada um suas novas identidades e um script refente a cada um deles que tem que decora-las, a parte quando o grupo saí as ruas para ir ao mercado (feira) e devido a uma foto não autorizada tem início uma confusão que causa certa tensão pelas consequências que podem acometê-los se caso fossem apanhados.

   
Para contrabalançar os momentos de tensão já citados a parte cômica do filme fica a cargo de John Chambers (interpretado por John Goodman) e Lester Seagel (interpretado por Alan Arkin). O filme é bom e quem sabe no futuro não pode ser usado pelos professores de história nas salas de aula. O episódio ficou marcado pelo trabalho em conjunto entre dois países, no caso Canadá e Eua. O agente Tony Mendez depois da sua aposentadoria escreveu vários livro e entre eles existe um sobre o assunto e ele afirma que Hollywood e a CIA trabalharam diversas vezes em conjunto nos tempos da Guerra Fria.  

O filme mostra sem medo nenhum o lado podre da política norte americana, pois os vários presidentes posteriores ao presidente Carter continuaram apoiando regimes ditatoriais nos Oriente Médio em detrimento dos regimes fundamentalistas de base teocrática e para isso manipulavam inescrupulosamente os governos através de golpes de estado colocando no lugar governantes que favoráveis as políticas desse país. Não sei dizer qual foi o impacto que esta película causou no expectador norte americano, mas deve ter sido um choque que pelo menos deve ter servido para algumas reflexões sobre quem é o verdadeiro inimigo. 

O ditador Reza Pahlavi morreu no exílio em 1980, nos Estados Unidos. O governo iraniano não pensou duas vezes e na mesma hora acusou o governo do canadense de traição, mas nem tiveram tempo para fazer qualquer coisa contra em retaliação, pois foram invadidos pelo Iraque (uma guerra sangrenta e bem conhecido que durou alguns bons anos), e por isso foram obrigados a apressar as negociações para libertar os 52 reféns que se encontravam em Teerã e finalmente depois de mais de um ano mantidos presos foram libertados, após a invasão da embaixada norte americana.  








  












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