13 de novembro de 2012

Resenha de Livro - Sexo Drogas & Rolling Stones: As Histórias da Banda que se Recusa a Morrer (2008)


Em 2008, chega as livrarias brasileiras uma biografia sobre "a maior banda de rock de todos os tempos", os Rolling Stones, mas a mina surpresa foi quando eu peguei o livro nas mãos para ver vi que se tratava de uma publicação escrita por brasileiros fato que aguçou ainda mais a curiosidade, pois pensei que trata-se de dois bolhas super fãs da banda britânica que resolveu colocar no mercado um livro, uma biografia sobre a banda reunindo uma série de pesquisas sobre o conjunto. Esses dois escritores que eu julguei serem bolhas, na verdade um é o renomado jornalista José Emílio Rondeau que para quem não conhece  é escritor também e escreve sobre cinema, música (no caso rock) e cinema (dirigiu o filme 1972 junto com Ana Maria Bahiana (sua esposa), e alguns vídeo clipes para bandas do cenário rock brasileiro) e trabalhou para importantes veículos de comunicação como: O Globo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Bizz/Showbizz entre outros e o seu parceiro nesta empreitada, o Nélio Rodrigues é biólogo, mas deixou a pesquisa de lado e abraçou outra pesquisa para levar a efeito este livro e mais outros que ele lançou e um deles é sobre os Rolling Stones também cujo título é Os Rolling Stones no Brasil: do descobrimento a conquista (1968-1999) e já faz alguns anos que ele a exemplo de seu companheiro escreve sobre classic rock para publicações como Senhor F. 



Outro engano meu foi pensar que a biografia fosse meia boca só porque foi escrita por dois brasileiros, mas vou explicar porque imagine você que geralmente estas biografias são escritas por jornalistas que tiveram largo acesso a material como: entrevistas e alguns além de tudo eram amigos pessoais desses artistas e tinham uma série de fontes documentais para escrever tais obras, e por isso eu tinha idéia de que um biólogo e um jornalista brasileiro que não fizeram e nem faziam parte daquele meio pudessem possuir um material tão vasto para fazer uma obra desse peso, mas eu me enganei porque a pesquisa aqui é digna de um historiador e dos bons, pois a dupla se muniu de entrevistas e resenhas de álbuns e shows da época (inclusive algumas foram feitas pelo José Emílio e outras críticas por esposa, a Ana Maria Bahiana), e livros a banda usou alguns como a biografia escrita pelo baixista, Bill Wyman e além de todo esse material escrito, rolou também o material oral via entrevista com algumas pessoas que haviam passado parte do tempo com Mick Jagger quando ele esteve no Brasil nos de 1969 e 1975. 

O livro esta dividido em cinco partes e cada uma delas se dedica a explicar as fases pelas quais a banda ao longo dos seus anos na estrada e o material documental onde a dupla de autores se escorou para realizar a obra permite o leitor entrar de maneira nos mínimos detalhes das passagens de Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Mick Taylor que não foram nada fáceis devido ao constante assédio da imprensa dos fãs sobre os membros da banda, mas o que mais sofreu foi Jagger, pois o cara conheceu Salvador (local onde conheceu o samba e pegou a inspiração para compôr a faixa Sympathy for the Devil), Matão e mais algumas cidades do interior mineiro como Ouro Preto, para escapar do assédio e ter privacidade para poder curtir suas férias já que não havia outro motivo para estarem aqui. 

Outras informações como o começo da banda onde os caras tocavam apenas blues e o sucesso que começou a aparecer e que despertou o interessou dos quatro de Liverpool (Beatles), que foram até o famoso apartamento que o quinteto dividia e lá ficaram até altas horas da madrugada conversando e de bandeja lhes deram uma música composta pela dupla McCartney e Lennon chamada "I Wanna Be Your Man", que foi o primeiro sucesso das paradas dos Rolling Stones. Dá em detalhes a ascensão e queda de Brian Jones descrito aqui como um cara inseguro e que por isso caiu nas drogas, mas por outro lado um músico brilhante de caráter dócil, mas também perverso e a história se desenrola até a sua saída da banda e posterior morte por afogamento em sua residência. Ainda conta a os problemas judiciais que a banda enfrentou pelo famoso escândalo protagonizado pela banda na casa de Keith Richards na Redlands, onde todos foram todos presos e levados a julgamentos por porte de drogas depois de uma notícia do jornal "News of the World" que havia tido uma rusga com Jagger e para se vingar fez a denúncia. 

Enfim como a carreira da banda é longa e recheada de história conta a relação da banda com o primeiro empresário Andrew Oldham (responsável por construir a imagem negativa da banda), que logo seria chutado para escanteio por Klein que assumiriam o seu posto e ficaria no comando das finanças da banda e seria o responsável pela dividida que a banda teria junto ao fisco inglês e com receio de ferrarem procuraram o principe Rupert que os aconselhou a romper com Klein e também a mudarem-se para a França e de fato a banda seguiu as orientações do investidor e o caso com Klein terminou em processo judicial e a banda recebeu a quantia devida, mas em contrapartida perdeu os direitos de todos os álbuns lançados de 1964 à 1970, cuja exclusividade ficou para a ABKCO. 

A fase da década de 1970, também é retratada em detalhes como a passagem de Mick Taylor que inclusive reconhece a sua importância para os Rolling Stones, pois a entrada dele deu gás para a banda e ajudou a banda a renovar a sua música com os solos melódicos e riffs mais pesados, mas a banda também entrou num processo de transição e aquele som caracteristico da década anterior começou a ficar no passado e as influências de Gospel, Soul, Country e R&B começaram a falar alto e isso pode ser sentido nos turbulentos álbuns Sticky Fingers (1971), Exile on Main Street (1972), Goats Head Soap (1973) e It's Only Rock 'n' Roll (1974) o último gravado com Taylor que inclusive tem a sua passagem pelo Brasil retratada em detalhes no livro já que este foi hospedado pelo seu amigo Arnaldo que inclusive morou na casa do guitarrista em Londres e este o descreveu como um cara insatisfeito que não tinha reconhecimento por parte dos outros e não levava os merecidos créditos pelas contribuições e que por isso sempre vivia dizendo que iria sair da banda e de fato saiu. 

Mostra também o período turbulento de nova transição, pois desta vez quem entrava em cena era música latina e o Reggae no álbum Blue and Black (1976) e a orientação da sonoridade havia mudado consideravelmente, pois embora o rock estivesse lá a orientação voltava-se cada vez mais ao pop dançante e o ponto alto dessas mudanças aconteceu com o lançamento de Some Girls (1978) e ainda aborda a entrada de Ron Wood e os problemas que o guitarrista teve com as drogas no começo da década de 1980, e de quebra também conta os problemas de Keith Richards para livrar-se da heroína e que determinou o fim do seu casamento com a modelo Anita Pallenberg, que ao contrário do Stone seguiu afundada nelas, mas o mais impressionante é que numa época em que a cena dividia-se em várias subdivisões os Stones conseguiam manter-se relevantes e o que sempre parecia o fi não passava de período de reavaliação.

Na década de 1980, as coisas não iam bem, pois embora a banda tivesse mudado completamente o som, ou seja, passando para uma música quase disco, um disco quase dançante como Emotional Recue (1980) e depois Undercover (1983) as coisas ficariam feias, pois Mick Jagger reabilitaria a sua carreira de ator e além disso para ficar mais feio lançaria seu primeiro álbum solo She's the Boss (1985) e com o lançamento do tal filme estrelado por ele cujas gravações tiveram como cenário algumas cidades brasileiras e artistas de peso também brasileiros como: Normal Bengel, Raul Gazola entre outros estrelaram a pelicula ao lado do astro da música rock/pop.  

O cenário entre Keith e Jagger segundo a obra piora ainda mais pelo fato do lançamento do segundo álbum solo e por uma possível turnê de Jagger sozinho e por chegar três meses atrasados e detalhe sem material algum para o álbum Dirty Work (1986) que acabou sendo feito por Keith Richards e mais músicos de apoio porque Bill e Watts se mandaram e no caso do baterista a coisa foi porque o cara vendo fim da banda começou a abusar da bebida e das drogas (heroína), mas a banda no fim reavaliou e reconsiderou e os Stones mais uma vez voltaram a ativa com o álbum Steel Wheels (1989) e com uma mega turnê, ou seja bem no estilo deles milionária e também outra surpresa depois de 28 anos de banda e já cansado da turnê da vida na estrada o baixista Bill Wyman resolveu puxar o carro para fazer outras coisas que ele tinha vontade e assim mais um membro original abandonava o barco. 

A década de 1990, não foi fácil também, pois o rock estava bem mudado e numa das pontas tinha o Heavy Metal que dava os seus últimos suspiros e pouco tempo depois entrou o grunge e lá na ponta do Iceberg estavam os Stones caminhando para a casa dos cinqüenta anos e  o lema era o de sempre manter-se relevantes nesse novo meio musical e ai entra em cena Voodoo Lounge (1994) que consegue manter a banda em evidência e marca também a primeira vez que os Rolling Stones se apresentam no Brasil depois de tantas década de espera e pouco tempo mais tarde outro álbum de estúdio entra na jogada Bridges Babylon que é último sopro dos Stones na década de 1990 e voltariam sete anos depois a estrada junto com o álbum A Bigger Bang Tour e o show  para mais de 1,5 de pessoas que os britânicos deram na praia de copacabana estão no livro. 

Depois da leitura do livro algo ficou claro para mim, os Rolling Stones são uma das maiores banda de Rock do mundo e nenhuma banda viveu intensamente o estilo de vida de um rockstar como eles e sobreviveram a tantas turbulências e reinvenções e ainda caminham pela terra fazendo a alegria dos fãs e neste completaram 50 anos de banda e tomara que ainda fiquem na ativa mais um tempo, pois o show tem que continuar. 




  



     















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