27 de outubro de 2012

Rock Memories: Demons and Wizards e o meu crescimento pessoal


Muitas bandas de rock vivem na infância desde sua gênese e outras percebem que é necessário amadurecer e vão em busca do seu crescimento e pelo caminho não se amedrontam e experimentam tudo aquilo que julgam correto e válido. Este amadurecimento também aparece com a experiência adquirida num processo árduo de trabalho em estúdio, visando sempre arrancar o melhor de si e os resultados nem sempre são satisfatórios e os resultados as vezes apavoram. 


O Uriah Heep em pouco mais de um ano já contava com 3 álbuns de estúdio, mas o meu preferido sempre foi o Demons and Wizards e embora eu já conhecesse o Look at Yourself (1971) que até então para mim o melhor álbum deles, mas eu me toquei que os caras tinham um boa discografia e como o tempo passa e nós estamos sempre em processo de aprendizagem eu passei a recorrer aos outros que eu ainda não conhecia e numa tarde sábado, algo atípico para mim porque fazer as minhas peregrinações atrás de preciosidades rolava sempre no último útil da semana (sexta-feira), mas beleza como a fissura era enorme lá fui me aventurar nos sebos. 

Logo na primeira loja eu fui vascular direto na letra "U" e depois de três álbuns eu achei tanto o Demons and Wizards como o The Magician's Birthday e claro não resisti e acabei levando os dois, pois o apetite por aquela banda naquele dia era enorme, e gastar cada centavo naqueles discos importados não tinha importância nenhuma, pois o que eu queria é me divertir descobrindo novos sons, novas sensações e sentia que estava no lugar certo e com os álbuns certos na sacola. 


Quando eu cheguei em casa: eu já me dirigi para o quarto, e já fui sacando o álbum da sacola e num misto de êxtase e afobação quase eu rasguei a capa, mas por sorte isso não aconteceu e quando eu percebi ele estava no toca discos. Ouvir uma faixa como "The Wizard", "Rainbow Demon" "Traveller in Time" e "Easy Livin" me fizeram perceber que existam mais coisas além convencional não só na música, mas na sociedade como um todo e livre de generalizações porque a música é uma forma legítima de expressão independente da roupagem (estética) que se utiliza para se expressar. 

As sensações que eu sentia ao ouvir aquele álbum repetidamente são indescritíveis era como fazer uma viagem ao redor do planeta em segundos e quando eu chegava de volta ao ponto de partida , eu ficava tremulo e me perguntava inconscientemente o que havia acontecido e isso me fazia pensar da mesma maneira que o Black Sabbath também amadurecia álbum após o álbum o Uriah Heep fazia a mesma coisa e o resultado é esta obra prima atemporal. 

Tudo se encaixa perfeitamente aqui, os caras estavam afiadíssimos: o sentimentalismo, o senso crítico, o feeling e a técnica colaboraram para a criação de uma massa sonora poderosa e portanto cativante e justamente por isso não tem uma faixa que você diz que não quer ouvir. Quanto mais passam os anos e assim como os vinhos ficam melhores, este álbum também fica melhor e tem alguma respostas para as nossas vidas e embora não sejam mensagens revolucionárias são importantes porque despertam boas reflexões, o que já pode-se considerar uma vitória considerando os tempos atuais. 


E como amadurecer é necessário não só para os músicos, eu através de minhas experiências musicais pude ter uma passagem da adolescência para vida adulta mais tranquila e isso não quer dizer que eu estive livre dos conflitos inerentes a cada fase de minha, pois os tive e os superei, mas o que eu quero dizer é que eu aprendi muito com os meus discos pelas mensagens que eles traziam e por isso a música, e em especial este álbum marcaram a minha de uma forma indelével  na minha época de escola por causa das descobertas da adolescência e na vida adulta também por estar mais maduro e poder compreender de maneira mais completa a vida e os desígnios. 

Demons and Wizards é o álbum do meu crescimento e amadurecimento. Ainda hoje é impossível não me emocionar diante daqueles solos de guitarra, das frases lúgubres do Hammond, do peso marcante da bateria e do baixo pulsante e vibrante, pois a força deste álbum ainda é mágica e além de ser espiritual repete até o seu final que existe esperança sempre apesar dos pesares. 

Para o detratores, eu encerro este texto dizendo que: a música é mais que um meio de diversão, ela também é uma maneira de encarar o mundo e também é uma maneira de aprendizado através de suas mensagens e eu isso eu digo com propriedade tanto como profissional (fui docente e utilizei várias música na minhas aulas) e como pessoa simples e comum que sempre buscou na música mais do que apenas uma mera diversão e por isso independente do tempo de sua vida um álbum como este sempre estará pronto para você.  
      
    

             













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