14 de junho de 2014

Grace, o estado de graça de Jeff Buckley.


Quando acordei na sexta feira e fazia o básico para ir trabalhar pensava no que iria escutar, mas nem fazia ideia, pois olhava, olhava e olhava para a minha prateleira e nada agradava nem mesmo os sete discos que adquiri recentemente alvos de outro texto que futuramente estará rodando por esse blog e como o tempo é implacável quando trata-se de cumprir os compromissos do dia a dia acabei deixando para lá e me despenquei o mais rápido possível para mais um dia estafante de trabalho.


Durante a manhã, o pensamento sobre o que iria escutar a noite voltou a me assombrar e então pensei que poderia comprar mais um disco, mas que disco seria esse? Então pûs a minha cachola para funcionar e depois de uns bons minutos pensei num álbum do Bob Dylan em outros dois do Johnny Cash e outro de um cara que havia escutado outro dia e cuja audição foi paixão a primeira audição e decidi ir para a FNAC no intervalo para o almoço. Na tal hora desliguei o meu computador e pûs os meus livros e outros apetrechos na pasta e me mandei o mais rápido possível para o shopping e depois de mais de cinco minutos estava estacionando o carro e em mais três já estava dentro do estabelcimento rumo a livraria.

Quando cheguei nem parei fui direto a seção dos discos e já fui pegando o que interessava e mais alguma coisinha e fui olhando os preços e passando no leitor dos fones para conferir, o do Bob Dylan descartei de cara por se uma trilha sonora cuja música principal fez sucesso com o Guns n Roses em 1992, porque não estava cadastrado e disco que não escuto antes não compro. Passei para os do Johnny Cash e como gostei muito joguei na sacola e depois passei para outro legal também, o Grace Under Pressure, do Rush só que descartei também porque não estava a fim de ouvir new wave. Ai peguei o tal disco anônimo que na verdade é o Grace, do Jeff Buckley e quando o coloquei para escutar fui adbuzido imediatamente para atmosfera do disco e nem pensei mais joguei-o para dentro da sacola e continiuei procurando mais alguns para levar, mas como o tempo estava ficando escasso deixei de lado e nem passei nos livros fui direto para o caixa e quando cheguei no caixa para pagar os discos tive uma surpresa desagradável não dinheiro suficiente para pagar a compra sem afetar o meu almoço e assim sendo não rolou e foi fácil escolher dessa vez, os discos do Johnny Cash ficaram na saudade esperando por dias melhores nesse caso até amanhã, sábado.

Depois de feito o pagamento, almocei em grande estilo um baita de um prato de comida caseira e me retornei para o segundo round do dia, mas dessa vez foi diferente dos demais dias porque pelo menos tinha um sorriso no rosto não por ter que fazer dinheiro para outra, mas porque teria algo único, exclusivo para fazer depois do expediente, que eu não via a hora de encerrar-se e depois de contar minuto a minuto, segundo por segundo pronto estava encerrado o pesado dia de sexta feira e depois de meia hora finalmente em casa com fast food na mão e sacola na outra e depois devorar os lanches me dirigi para o aparelho de som que liguei sem parcimônia nenhuma e fiu logo abrindo o disco e colocando-o e posteriomente acionando o play e me refastelei na poltrona com um gigante copo de coca cola cheio com limão e gelo.

Quando comecei a escutar o disco voltei lá na década de 1990 para reviver durante pouco mais de cinquenta minutos a minha adolescência. Naquela época, o Nirvana, o Pearl Jam e o Red Hot Chilli Peppers nadavam de braçadas e ditavam a nova onda do rock no caso o grunge, eles lançaram ótimos trabalhos é verdade só que havia mais coisas rolando concomitante e é exagero e uma tremenda injustiça dizes, pensar que a década de 1990 teve o grunge e que o rock estava morto, enfim coisas de gente que sabe-se lá o que andou fumando, bebendo.

Grace, do Jeff Buckley é um reflexo do que a década de 1990 ofereceu em termos de música, de possibilidades, de viagens ilimitadas infelizmente mal compreendidas por um público saudosista, magoado e rancoroso com a derrocada do metal. Em relação ao grunge, ao Nirvana e ao seu Nevermind que nessa altura já havia entrado para história, o que se pode dizer que Grace é aquele álbum que oferece a outra via para o rock cativante do início ao fim, ele realmente te tira do ar e te faz passear infinitamente por ai na memória. Rock, jazz, folk entrelaçados como verdadeiros amantes desesperados tocados por Jeff Buckley e seus companheiros Mike Grodahl e Michael Tighe pariram uma obra seminal que fez até astros cinquentões como Lou Reed, David Bowie entre outros trocar os babadores várias e várias vezes. Os temas das canções não são nada felizes e canta-se sobre estado de graça, de não temer a morte, sobre adeus num clima sombrio, melancólico, dark para definir a atmosfera dessa obra de gênio.

O disco tem dez composições das quais três são covers de Leonard Cohen, Nina Simone e mais uma peça religiosa. As composições próprias do autor transcendem o gênero e levam o pop para um nível ainda mais alto do que já conhecerá até ali, porém a imprensa não viu o disco com bons olhos e tanto é fato que a Rolling Stones o classficou como um disco mediano chamando o Jeff Buckley de imaturo, mas fazer o que quando a imprensa é tapada.  Um disco que reunia em si uma combinação incomum de estilos e ainda por cima vociferando poesia de alto nível. 

Esse foi o primeiro e último disco de Buckley que morreu tragicamente afogado enquanto nadava no rio Wolf e nesse 29 de maio de 1997 mais um capítulo encerrava-se na história do rock, mas que deixava o seu legado escrito para um homem que provavelmente hoje seria um astro, mas na época preferiu tocar em lugares menores. Essa breve carreira marcada por essa álbum espetacular, genial mostra que tanto faz estar nessa ou naquela posição nas paradas, pois o que de fato importa na música é paixão em fazer música e participar o público da sua interminável e louca paixão pela obra, arte infinita que atropela o mundo hipócrita é esse o diferencial gritante e obstinado de Grace, pois aqui o importante é estar sempre em estado de graça porque a vida é uma dádiva que deve ser aproveitada e cada momento deve ser único, insano nos seus altos e baixos.    

Lista de músicas: 

01 Mojo Pin 
02 Grace 
03 Last Goodbye 
04 Lilac Wine 
05 So Real 
06 Hallelujah 
07 Lover, You Should´ve Come Over
08 Corpus Christi Carol
09 Eternal Life 
10 Dream Brother 


         
         

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