14 de abril de 2014

Gravadoras históricas: Elektra


Não é de hoje que sabemos que as gravadoras tem um papel importante na indústria musical. Os caras descobrem talentos investem neles e lançam seus discos e os promovem, mas é claro que existem as falcatruas (e não são poucas e nem raras) e nesse negócio não existem santos. Só que sem elas por trás será que os seus contratados teriam feito sucesso? É uma pergunta boa para levantar uma discussão cheia de detalhes, mas aqui não é a hora e nem é o proposito deste texto teorizar ou querer dar uma resposta pronta e acabada para essa questão. O que se propõe é contar um pouquinho da trajetória destes grandes selos que fizeram fama através de seus contratados que circulam nos nossos aparelhos, nas revistas que lemos e nos shows que frequentamos. Para começar esta série resolvi escolher a Elektra sediada nos EUA, os caras lançaram muita coisa boa de rock durante a sua história e assim como os artistas nossos de cada dia, eles também importância e eu como colecionador me interesso por eles também e por isso resolvi embarcar nessa e te convido para dar esse role junto comigo, aceita?


Para quem não sabe, não conhece a Elektra, ela tem um catálogo variado e muito cujo alguns artistas do cast são lendas da música, no rock, por exemplo, têm vários (que veremos logo abaixo). Faz parte do catálogo da Warner desde que foi comprada por ela em 1973. A história dela começa nos anos 50 e de forma independente assim como muitas começaram e ao longo dos anos foram crescendo, crescendo e crescendo. Jac Holzman (inspirado na mitologia grega) fundou a Elektra Records em 10 de outubro de 1950. A primeira gravação foi álbum de poemas de arte alemã musicado por John Gruen cujas vozes foram cantadas por Georgiana Bannister. A masterização e a prensagem do material foram realizadas nos estúdios da RCA, mas o resultado não foi o esperado. Depois de muita insistência conseguiu refazer o processo outra vez e dessa vez ele supervisionou tudo e em 1951, a Elektra tinha conseguido uma tiragem de sua primeira gravação para comercializar do jeito que bem entendesse.



Apesar do começo não ser nada agradável, o jovem empresário não desistiu continuou dando a cara a tapa e brigando para vencer, e para isso acontecer ele pegou a estrada e mudou-se para Nova York e lá fixou residência no Greenwitch Village. Junto com seu amigo Paul Rickolt compra em apartamento (batizado de The Record Loft) onde aconteceria o processo de gravação e também de venda do material. O acervo disponível, dos caras era expressivo, tinha mil cópias e um detalhe legal é que quarenta por cento desses discos eram de folk e claro que os maiores frequentadores seriam o pessoal do folk (residentes na área inclusive) e entre eles estava Bob Dylan.


Um dos frequentadores da loja chamado George Pickow em uma de suas visitas começou a falar sobre uma cantora de folk, a sua esposa. Jaz Holzman ficou interessado e quis conhece-la e depois do ocorrido adorou a voz dela e ofereceu contrato de gravação e lançou o primeiro álbum de Joan Ritchie, mas o resultado final foi tímido, pois as vendas não foram além de duas mil cópias. Apesar dos pesares resolveu investir em mais equipamentos novos para gravação que continuavam e tinham como preferência o folk (que era a música popular da época e essa era a aposta da jovem gravadora). No ano de 1954, a Elektra expande os seus horizontes musicais e começa a fazer as suas primeiras gravações de blues com Sonny Terry & Brownie Mcghee e nesse período a gravadora muda-se para um prédio novo e maior.



O sucesso bateu na porta da Elektra de maneira inesperada, pois Jac Holzman havia conhecido Theodore Bikel, um ator, que estava tendo um lugar ao sol na Broadway. Como estava mais interessado em ser atuar nas grandes produções não demonstrava interesse em gravar, mas foi convencido por Holzman depois de muita insistência. O material gravado foi uma série de canções folclóricas (que ele conhecia) e o lançamento de “Folk Songs of Israel” teve boa aceitação no mercado e depois disso rolaram mais lançamentos tornando-o principal nome (sucesso comercial) do selo em 1961.



As principais contribuições da Electra para o mercado fonográfico foi o lançamento de coletâneas com trechos de músicas de vários artistas para a rádio cujo objetivo era alcançar outras camadas da população. O negócio era apresentar o material da gravadora para as rádios e foi bem sucedida nessa empreitada, pois as rádios manifestaram interesse por vários dos artistas integrantes do seu cast e os concorrentes aproveitaram para copiar essa tática e usa-la com a mesma finalidade.

Nos anos 60 muitas mudanças estavam por vir, mas a Electra ainda concentrava-se no folk e começava a aglutinar no seu catálogo grandes nomes desse cenário e a cantora Judy Collins era uma das pérolas do acervo. Aos poucos Holzman foi distribuindo entre Paul Rothchild e Mark Abramson a função de produtores e volveu-se para o gerenciamento da gravadora. Lembram-se do Bob Dylan que frequentava o The Record Loft? Então, ele teve a chance de assinar com ele só que não rolou porque o lançamento do primeiro disco do rei do folk fez Jac Holzman mudar os seus planos porque ele tinha transferido o escritório para Santa Mônica, na Califórnia e mais uma vez precisou retornar para Nova York.



A gravadora já havia se aventurado no blues e chegando a gravar e lançar alguns nomes e em 1963 começou a levar a sério o gênero e em 1965 resolveu investir na Butterfield Blues Band cujas gravações do primeiro álbum foram assinadas por Paul Rothchild e apesar de custar os olhos da cara essa gravação compensou pelo retorno obtido com as vendas que inclusive superaram todos os outros artistas do selo. A gravadora obteve um tropeço com o Livin’ Spoonful e posteriormente decidiu ampliar ainda mais os seus horizontes musicais e resolveu partir o para os mercados do rock e do pop que estava nascendo na Califórnia.



É ai que a coisa começa a ficar boa. Jaz Holzman assina com o Love (de Arhtur Lee) cujo primeiro lançamento é compacto que conta com as músicas “My Little Red Book” e “A Message to Pretty” em 1966, que resultou num grande sucesso comercial para a Electra. Em 1967, o Love solta o clássico Forever Changes mantendo o sucesso. Quando os tempos são bons tudo tende a melhorar ainda quando esta na caminho certo sem desvios à direita ou à esquerda e eles provaram conspirar a favor de Jac Holzman e numa noite no Whisky a go-go ficou impressionado com a apresentação de grupo The Doors e imediatamente oferece contrato e joga a responsabilidade da produção nas mãos de Paul Rothchild (cuja aceitação rolou a contragosto após muita insistência de seu patrão). Uma semana depois já tinham o primeiro disco pronto para ser lançado e também tinham dois singles promocionais, o primeiro foi Break on Through, que ficou abaixo das expectativas. Já o segundo single que era uma versão editada da faixa “Light my Fire” arrebentou, explodiu nas rádios do país e claro ficou no topo outro marco para a gravadora, pois era a primeira vez que isto acontecia para ela. A história dos Doors já é bem conhecida e sabe-se muito bem que foram e são muito bem sucedidos comercialmente e fazem sucesso (são importantes) até hoje.



O selo para desfazer da sua imagem ligada apenas ao folk e ao blues passou a investir pesado no rock e no pop e nessa época a gravadora contratou Tim Bucley, MC5, The Stooges e Incredible Strings Band cujo reconhecimento aconteceu ao longo das carreiras de cada um. A Electra não tinha no seu cast apenas esses artistas tinha muitos outros como: Rhinoceros, Earth Opera, Clearlight, Eclection, Stalk Forest-Group, Sirens, cujos discos atualmente encontram-se recônditos nas prateleiras dos milhares de colecionadores do rock sessentista. Os negócios da Electra ganharam dimensões enormes e além de ter uma boa fatia do mercado preenchida com lançamentos caseiros passou a assinar contratos de distribuição e licenciamentos com outras gigantes como MCA, Decca e Capitol Records.




Em 1970, a Warner Brothers uma gigante do ramo comprou a Electra, mas Jac Holzman continuou como presidente da companhia. Sob nova direção, o selo ainda assinou com outros artistas na década de 1970, que se tornariam estrelas da música norte americana, no soft-rock e neste casos estamos falando do grupo Breed e da cantora Carly Simon. Ambos estouraram nas rádios e ajudaram a abarrotar ainda mais os cofres da gravadora cujas receitas não eram nenhum pouco modestas. A Electra também entrou na onda do punk rock querendo abocanhar uma fatia desse mercado musical e apostou as suas fichas no Television e o resultado desse investimento é clássico Marquee Moon cuja procura é alta nos dias de hoje. Os britânicos do Queen tiveram lançamentos distribuídos nos EUA pela Electra. Nessa aos 42 anos de idade, Jác Holzman resolve aposentar-se encerrando a sua bem sucedida carreira pelo mundo da música.






No começo da década de 1980, o selo registra uma existência de sucessos e o fato de ser bem sucedido torna-se um desafio para esta nova década cujo gênero em voga é o heavy metal e neste campo a banda assinou com o Motley Crue, que se tornou um grande sucesso e o Metallica foi outra grande aquisição que rendeu ótimos frutos para a gravadora através dos lançamentos de Master of Puppets, And Justice For All e Black Album todos muito bem sucedidos comercialmente (multiplatinados). No pop tiveram nas mãos o Simple Red e mantiveram-se firmes na estrada com um catálogo recheado de artistas e lançamentos rentáveis, ou seja, os caras atacavam por todos os lados. Outras mudanças que ocorreram ao longo dos tempos foi a mudança do logo.   


  

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