1 de julho de 2013

Álbuns Subestimados: Black Sabbath - Born Again (1983)


No ano de 1982, o Black Sabbath novamente via-se em problemas, pois o vocalista Ronnie James protagonista da segunda formação mais sucedida dos britânicos não resistiu aos atritos com o guitarrista Tony Iommi e após intrigas sobre a mixagem do primeiro álbum ao vivo, do grupo deixou o grupo, que novamente via-se literalmente na mão e o fato foi ruim porque na sua partida o baixinho levou consigo o baterista Viny Appice (e com ele mais o baixista Jimmy Bain, o guitarrista Vivian Campbell formaram a banda Dio e em 1983, entraram em cena com o mega clássico Holy Diver). O jeito para continuar na estrada foi chamar de volta Bill Ward, que não para parou para hesitar e aceitou de imediato. Apesar de a instrumental estar completa ainda faltava outra parte, o vocalista, e a banda fez inúmeras sessões de audição para achar um substituto à altura de Ronnie James Dio e a empreitada não era nada fácil considerando onde a banda já havia chegado com aquela formação. Pensaram em chamar David Coverdale, o convite foi feito, mas devido à agenda do Whitesnake e do sucesso do grupo e naturalmente cara recusou.



Dessa maneira o Black Sabbath continuava incompleto e sem saber para onde ir, mas isso logo mudaria. Ian Gillan vinha de uma carreira solo, que nunca obteve sucesso comercial, ou seja, naufragou por não ter conseguido alcançar o grande público, mas contava com material excelente. O que o vocalista mais queria naquele momento era retornar com o Deep Purple e isso ele sempre deixou bem claro sempre, mas como o Blackmore estava bem no Rainbow nessa época o jeito foi seguir em frente esperando pelas possibilidades do futuro. Os bares são excelentes pontos de encontros para os amigos conversarem e trocar figurinhas e num desses dias Iommi e Butler ao acaso toparam com Ian Gillan e resolveram tomar umas juntos e nisso conversa vai e vem perceberam que algo poderia ser resolvido e tiveram a brilhante ideia de juntar-se e nesse caso significava ter Gillan como vocalista, do Black Sabbath e pronto estava formada a terceira formação do grupo.

Com tudo certo e pronto para rolar, a banda entra em estúdio para gravar o novo álbum de estúdio e também seria um marco na carreira do músicos, pois os integrantes de duas das maiores bandas da década de 1970, haviam se reunido e ninguém sabia ao certo, o que esperar dessa nova formação, mas independente de qualquer coisa obviamente seria algo inédito e isso naquela altura era inegável e no mês de agosto, de 1983, o Black Sabbath apresenta ao mundo o álbum Born Again.  No começo o álbum foi bem e aparentemente tudo seguia na mais perfeita ordem, mas nos meses subsequentes, o que parecia ser mais uma formação e álbum bem sucedidos começou a tornar-se um pesadelo para a banda. Os caras embarcaram numa turnê cujo sado foi embaraçoso para o grupo, e o mal estar de Gillan a frente do Black Sabbath e mais as críticas dos radicais que chamavam a banda de Deep Sabbath, Black Purple e por ai vai, pois era inconcebível tocar Smoke on the Water (uma das condições de Gillan e considerando a versão turbinada de Iommi , a coisa até ficou legal). Com todos esses problemas assombrando o grupo, os caras nem terminaram a turnê, ou seja, encerraram-na antes e passaram a pensar que tudo o que havia sido feito, e principalmente o Born Again era um grande equívoco. Esses foram os acontecimentos na época e objetivo é mostrar se o álbum foi ou não injustiçado, mas lembre-se aqui é a minha opinião em voga, a sua opinião é somente sua, mas reconsidere tudo depois de ler o texto e reveja se o álbum é ou não digno das criticas que recebeu a época de seu lançamento. 


O álbum em questão provocou forte reação contrária nos fãs, os vídeo clipes foram ridicularizados e serviram para aplicar o mesmo à banda e claro que constrange e no caso de ter Gillan como vocalista e o estilo peculiar de cantar causaram irritação nos mais radicais, que não perceberam que estavam diante de um excelente vocalista e que se sobressaiu e mostrou o que poucos perceberam, que era um vocalista nato de heavy metal, mas o que mais incomodava os fãs não era só o fato de ele ser do Deep Purple e de ter um estilo diferente dos seus antecessores, mas porque ele exigiu que o set list fosse apenas composto por faixas do Born Again e como já foi dito anteriormente a inclusão de Smoke on the Water, de sua ex-banda. A coisa com Bill Ward como já era de se esperar devido a sua saúde não pode sair em turnê e a sua ausência foi remediada com Bev Bevan, que mandou muito bem. Outro aspecto do álbum que também foi motivo de ridicularização foi à capa, mas infelizmente a depreciação não se resumiu apenas a ela, mas independente de todos estes fatos o álbum comercialmente foi muito bem e obteve ótimos resultados comerciais e chegou a faturar uma platina no mercado do Reino Unido.            

Bom muito se falou dos fatos envolvendo o álbum e seus criadores, pois chegou a hora de falar do principal das músicas, que são parte mais importante do álbum certo? A primeira coisa que podemos constar é que todos os álbuns da carreira do Black Sabbath são verdadeiros peso pesados e em Born Again essa característica foi mantida e inclusive olhando para o cenário o som estava em acordo com as demais bandas e inclusive mais macabro e principalmente original e sem clichês. Quando o álbum começa a faixa Trashed comprova que a banda é um canhão sonoro e impressiona pela reunião de todos os atributos mencionados aqui. Disturbing the Priest surpreende pelos vocais de Gillan dando aqueles berros aterrorizantes  e depois entra no peso e deixa de queixo caído e os desavisados até chegam a se assustar de verdade, enfim mais uma prova das qualidades do grupo. Com o álbum é praticamente peso sobre peso temos ai outra faixa demolidora Zero the Zero e a pancadaria típica do heavy metal com riffs arrepiantes e direitos fica por conta de Digital Bitch e Hot Line.

Apesar de ser recheado com faixas pesadas e ora cadenciadas e outras rápidas, Born Again também mostra o seu lado mais calmo com as melancólicas Born Again e  Keep it Warm, que mantém o clima sombrio do álbum e seguram com firmeza a onda da bolacha. Enfim o álbum tem duas faixas, que são apenas interlúdios e que são parte da alma macabra e sombria e dão toque final: Stonehenge e The Dark. Enfim, apesar de tudo o que se disse sobre o álbum você pode reconsiderar ouvindo o  álbum seguindo este texto como uma contraposição, ou seja, uma opinião diferente e contrária em relação ao senso comum e rever os seus conceitos sobre o material e lembre-se que outra parte do problema com o álbum aqui resenhado aconteceu no estúdio e o som abafado se deve ao fato de um amplificador (de Tony Iommi) ter estourado e como ninguém percebeu nas etapas posteriores ficou assim mesmo e no final das contas acabou tornando-se um ponto positivo.  


Born Again apresenta na íntegra um Black Sabbath renovado com todas as sus características intactas, mas com outra formação e apesar do mal estar algo ficou claro e já foi dito nas linha anteriores, o vocalista Ian Gillan tem talento nato para cantar heavy metal e se quisesse ter seguido no estilo no Black Sabbath ou não provavelmente teria feito o sucesso, que não fez na sua brilhante carreira solo. Tony Iommi mais uma vez mostrou porque é uma coletânea de riffs e acima de disso um dos grandes guitarristas de heavy metal de todos os tempos. Com isso pode-se afirmar que esta é a terceira mais bem sucedida formação da história do Black Sabbath musicalmente falando apesar de estar em patamar diferente dos anteriores.

Apesar da opinião negativa dos próprios músicos e do seu repúdio a Born Again, ele ao contrário do que se pensa não é e nem pode ser considerado um vilão ou a ovelha negra da família, muito pelo contrário ele se encontra na lista dos injustiçados, desprezados e mal compreendidos. A década de 1980 contou com muitos clássicos e Born Again é um dos grandes álbuns dessa década e coloca na roda o que é heavy metal e dá a sua lição mostrando que o gênero tem que ser pesado, macabro e inovador e por isso mesmo que ele é um clássico e também um anjo caído para reinar nas trevas e ofuscar as luzes de muitos pretendentes a clássicos. Outra característica em relação aos demais e principalmente a atualidade é que discos ruins na década de 1970 e 1980 eram discos bons, mas mal compreendidos e atualmente disco ruim é ruim mesmo e por isso que dera que hoje as bandas lançassem discos assim pelo menos.


Coloque na sua cabeça o seguinte: Born Again é um dos grandes momentos, ou seja, acontecimentos no cenário heavy metal como um todo e não é apenas o típico “cult” é mais do que isso, ele é o clássico escondido, que espera por você e por isso corra atrás do seu exemplar e coloque-o no volume máximo e deixe faixas como: Trashed, Disturbing the Priest e demais conversarem com você e te mostrarem os outros nomes do inferno que você ainda não conhece, mas no subconsciente deseja conhecer.       


Lista de Músicas:

01 Trashed 
02 Stonehenge 
03 Disturbing the Priest 
04 The Dark 
05 Zero the Hero 
06 Digital Bitch 
07 Born Again 
08 Hot Line 
09 Keep it Warm 












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