No ano de 1982, o Black Sabbath novamente via-se em
problemas, pois o vocalista Ronnie James protagonista da segunda formação mais
sucedida dos britânicos não resistiu aos atritos com o guitarrista Tony Iommi e
após intrigas sobre a mixagem do primeiro álbum ao vivo, do grupo deixou o
grupo, que novamente via-se literalmente na mão e o fato foi ruim porque na sua
partida o baixinho levou consigo o baterista Viny Appice (e com ele mais o
baixista Jimmy Bain, o guitarrista Vivian Campbell formaram a banda Dio e em
1983, entraram em cena com o mega clássico Holy Diver). O jeito para continuar na estrada foi chamar de volta Bill
Ward, que não para parou para hesitar e aceitou de imediato. Apesar de a
instrumental estar completa ainda faltava outra parte, o vocalista, e a banda
fez inúmeras sessões de audição para achar um substituto à altura de Ronnie
James Dio e a empreitada não era nada fácil considerando onde a banda já havia
chegado com aquela formação. Pensaram em chamar David Coverdale, o convite foi
feito, mas devido à agenda do Whitesnake e do sucesso do grupo e naturalmente cara
recusou.
Dessa maneira o Black Sabbath continuava incompleto e sem saber
para onde ir, mas isso logo mudaria. Ian Gillan vinha de uma carreira solo, que
nunca obteve sucesso comercial, ou seja, naufragou por não ter conseguido
alcançar o grande público, mas contava com material excelente. O que o
vocalista mais queria naquele momento era retornar com o Deep Purple e isso ele
sempre deixou bem claro sempre, mas como o Blackmore estava bem no Rainbow
nessa época o jeito foi seguir em frente esperando pelas possibilidades do
futuro. Os bares são excelentes pontos de encontros para os amigos conversarem
e trocar figurinhas e num desses dias Iommi e Butler ao acaso toparam com Ian
Gillan e resolveram tomar umas juntos e nisso conversa vai e vem perceberam que
algo poderia ser resolvido e tiveram a brilhante ideia de juntar-se e nesse
caso significava ter Gillan como vocalista, do Black Sabbath e pronto estava
formada a terceira formação do grupo.
Com tudo certo e pronto para rolar, a banda entra em estúdio
para gravar o novo álbum de estúdio e também seria um marco na carreira do
músicos, pois os integrantes de duas das maiores bandas da década de 1970,
haviam se reunido e ninguém sabia ao certo, o que esperar dessa nova formação,
mas independente de qualquer coisa obviamente seria algo inédito e isso naquela
altura era inegável e no mês de agosto, de 1983, o Black Sabbath apresenta ao
mundo o álbum Born Again. No começo o
álbum foi bem e aparentemente tudo seguia na mais perfeita ordem, mas nos meses
subsequentes, o que parecia ser mais uma formação e álbum bem sucedidos começou
a tornar-se um pesadelo para a banda. Os caras embarcaram numa turnê cujo sado
foi embaraçoso para o grupo, e o mal estar de Gillan a frente do Black Sabbath
e mais as críticas dos radicais que chamavam a banda de Deep Sabbath, Black
Purple e por ai vai, pois era inconcebível tocar Smoke on the Water (uma das
condições de Gillan e considerando a versão turbinada de Iommi , a coisa até
ficou legal). Com todos esses problemas assombrando o grupo, os caras nem
terminaram a turnê, ou seja, encerraram-na antes e passaram a pensar que tudo o
que havia sido feito, e principalmente o Born Again era um grande equívoco. Esses
foram os acontecimentos na época e objetivo é mostrar se o álbum foi ou não injustiçado,
mas lembre-se aqui é a minha opinião em voga, a sua opinião é somente sua, mas
reconsidere tudo depois de ler o texto e reveja se o álbum é ou não digno das
criticas que recebeu a época de seu lançamento.
O álbum em questão provocou forte reação contrária nos fãs,
os vídeo clipes foram ridicularizados e serviram para aplicar o mesmo à banda e
claro que constrange e no caso de ter Gillan como vocalista e o estilo peculiar
de cantar causaram irritação nos mais radicais, que não perceberam que estavam
diante de um excelente vocalista e que se sobressaiu e mostrou o que poucos
perceberam, que era um vocalista nato de heavy metal, mas o que mais incomodava
os fãs não era só o fato de ele ser do Deep Purple e de ter um estilo diferente
dos seus antecessores, mas porque ele exigiu que o set list fosse apenas
composto por faixas do Born Again e como já foi dito anteriormente a inclusão
de Smoke on the Water, de sua ex-banda. A coisa com Bill Ward como já era de se
esperar devido a sua saúde não pode sair em turnê e a sua ausência foi
remediada com Bev Bevan, que mandou muito bem. Outro aspecto do álbum que também
foi motivo de ridicularização foi à capa, mas infelizmente a depreciação não se
resumiu apenas a ela, mas independente de todos estes fatos o álbum
comercialmente foi muito bem e obteve ótimos resultados comerciais e chegou a
faturar uma platina no mercado do Reino Unido.
Bom muito se falou dos fatos envolvendo o álbum e seus
criadores, pois chegou a hora de falar do principal das músicas, que são parte
mais importante do álbum certo? A primeira coisa que podemos constar é que
todos os álbuns da carreira do Black Sabbath são verdadeiros peso pesados e em
Born Again essa característica foi mantida e inclusive olhando para o cenário o
som estava em acordo com as demais bandas e inclusive mais macabro e
principalmente original e sem clichês. Quando o álbum começa a faixa Trashed
comprova que a banda é um canhão sonoro e impressiona pela reunião de todos os
atributos mencionados aqui. Disturbing the Priest surpreende pelos vocais de
Gillan dando aqueles berros aterrorizantes
e depois entra no peso e deixa de queixo caído e os desavisados até
chegam a se assustar de verdade, enfim mais uma prova das qualidades do grupo.
Com o álbum é praticamente peso sobre peso temos ai outra faixa demolidora Zero
the Zero e a pancadaria típica do heavy metal com riffs arrepiantes e direitos
fica por conta de Digital Bitch e Hot Line.
Apesar de ser recheado com faixas pesadas e ora cadenciadas e
outras rápidas, Born Again também mostra o seu lado mais calmo com as
melancólicas Born Again e Keep it Warm,
que mantém o clima sombrio do álbum e seguram com firmeza a onda da bolacha.
Enfim o álbum tem duas faixas, que são apenas interlúdios e que são parte da
alma macabra e sombria e dão toque final: Stonehenge e The Dark. Enfim, apesar
de tudo o que se disse sobre o álbum você pode reconsiderar ouvindo o álbum seguindo este texto como uma
contraposição, ou seja, uma opinião diferente e contrária em relação ao senso
comum e rever os seus conceitos sobre o material e lembre-se que outra parte do
problema com o álbum aqui resenhado aconteceu no estúdio e o som abafado se
deve ao fato de um amplificador (de Tony Iommi) ter estourado e como ninguém
percebeu nas etapas posteriores ficou assim mesmo e no final das contas acabou
tornando-se um ponto positivo.
Born Again apresenta na íntegra um Black Sabbath renovado com
todas as sus características intactas, mas com outra formação e apesar do mal
estar algo ficou claro e já foi dito nas linha anteriores, o vocalista Ian
Gillan tem talento nato para cantar heavy metal e se quisesse ter seguido no
estilo no Black Sabbath ou não provavelmente teria feito o sucesso, que não fez
na sua brilhante carreira solo. Tony Iommi mais uma vez mostrou porque é uma coletânea
de riffs e acima de disso um dos grandes guitarristas de heavy metal de todos
os tempos. Com isso pode-se afirmar que esta é a terceira mais bem sucedida
formação da história do Black Sabbath musicalmente falando apesar de estar em
patamar diferente dos anteriores.
Apesar da opinião negativa dos próprios músicos e do seu
repúdio a Born Again, ele ao contrário do que se pensa não é e nem pode ser
considerado um vilão ou a ovelha negra da família, muito pelo contrário ele se
encontra na lista dos injustiçados, desprezados e mal compreendidos. A década
de 1980 contou com muitos clássicos e Born Again é um dos grandes álbuns dessa
década e coloca na roda o que é heavy metal e dá a sua lição mostrando que o
gênero tem que ser pesado, macabro e inovador e por isso mesmo que ele é um
clássico e também um anjo caído para reinar nas trevas e ofuscar as luzes de
muitos pretendentes a clássicos. Outra característica em relação aos demais e
principalmente a atualidade é que discos ruins na década de 1970 e 1980 eram
discos bons, mas mal compreendidos e atualmente disco ruim é ruim mesmo e por
isso que dera que hoje as bandas lançassem discos assim pelo menos.
Coloque na sua cabeça o seguinte: Born Again é um dos grandes
momentos, ou seja, acontecimentos no cenário heavy metal como um todo e não é
apenas o típico “cult” é mais do que isso, ele é o clássico escondido, que
espera por você e por isso corra atrás do seu exemplar e coloque-o no volume
máximo e deixe faixas como: Trashed, Disturbing the Priest e demais conversarem
com você e te mostrarem os outros nomes do inferno que você ainda não conhece,
mas no subconsciente deseja conhecer.
Lista de Músicas:
01 Trashed
02 Stonehenge
03 Disturbing the Priest
04 The Dark
05 Zero the Hero
06 Digital Bitch
07 Born Again
08 Hot Line
09 Keep it Warm
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