A Inglaterra na
década de 1970 sagrou-se a capital do rock pesado e funcionava como uma espécie
de Meca, o negócio era estar lá. Todas as bandas tinham grandes diferenciais
entre si e todas elas possuíam um charme especial, mágico e arrebatador.
No interior do país, na cidade de Devon, província de Torquay, no ano de 1969,
iria surgir uma das bandas mais inovadoras e o principal conceito introduzido,
as guitarras gêmeas que formaria escola.
Os fundadores:
Martin Turner (baixista e vocalista) e Steve Upton (baterista) começaram a
empreitada, em 1969, e o primeiro membro a acompanhá-los foi o irmão de Martin
Turner, Glenn Turner que não permaneceu por muito tempo e retornou a sua terra
natal. O empresário do grupo, Milles Copland III, fez uma longa e exaustiva
pesquisa em busca de guitarristas e o resultado final lhes trouxe a dupla: Andy
Powell e Ted Turner.
As
características sonoras adotadas pelo grupo passam pelo blues, progressivo e
assemelham-se ao Krautrock, estilo praticado na Alemanha, e uma influência e
inspiração para os britânicos era o Allman Brothers Band, mas só que tudo nos
britânicos soava muito diferente por causa das duas guitarras e de suas
intenções. Reza a lenda, que o contrato com a MCA aconteceu quando Ritchie
Blackmore, do Deep Purple estava aquecendo-se no palco, e Andy Powell
aproveitou o momento subiu no palco e começou a tocar junto com ele, e
posteriormente Blackmore os havia indicado para a Decca/MCA Records.
Com o contrato
assinado para registrar a sua estréia, o Wishbone Ash entrou no De Lane Lea
Studios, em Londres, no mês de setembro ao lado do produtor Derek Lawrence, e
saiu de lá com uma bolacha curta pelo número de faixas, mas grande pelo tempo
de todas as faixas, e as guitarras com o seu trabalho incansável dando um toque
de leveza, peso e melancolia eram à base de sustentação do trabalho ali
registrado. Os fãs de rock pesado puderam conhecer o álbum, no dia quatro de
dezembro. As composições são todas de autoria do quarteto: Martin Turner, Ted
Turner, Andy Powell & Steve Upton.
A sonoridade
empregava o Hard Rock, Rock Progressivo e assimilou também algumas partes do
psicodélico, e, além de tudo caia num som pesado recheado por camadas e camadas
ébrias de guitarras cheias de sentimentalismo e uma boa dose de melancolia
embalada numa roupagem muito especial, pois ali tudo cativa desde o início, e é
impossível querer resistir aos encantos da sonoridade nova e vigorosa, que
apesar de ser muito complexa dizia muito sobre o futuro do rock e da banda.
O álbum começava
a sua epopéia com “Blind Eye” um tema bem pesado e carregado de blues. Em “Lady
Whiskey” a faceta mais pesada aparece com a longa instrumental, que
assemelha-se a uma jam session. Em clima de balada, mas só que pesada entra em
cena a reflexiva “Erros of My Way” com um clima melancólico carregada de
sentimentalismo expressado pela dupla Ted e Powell. Outra faixa interessante é
a curta “Queen of Torture” bem pesadona e recheada de solos de guitarras gêmeas
e a habilidade de Martin e Upton marca presença também.
Temos dois temas
longos e recheados de improvisos, no lado B: A primeira é a faixa “Handy”, cujo
andamento é bem complexo e a sonoridade enfumaçada se funde perfeitamente a
letra reflexiva, e fazem dela um dos grandes momentos do álbum com as guitarras
gêmeas atacando e atacando, e debulhando os ouvidos alheios. Fechando o álbum
aparece um dos grandes temas (obrigatório ao vivo) da história do grupo,
“Pheonix” onde as guitarras gêmeas deixam claro, o que estava por vir no futuro
não obstante. As guitarras gêmeas parecem quedas de água escorrendo montanha
abaixo se desmanchando em uma rede complexa de solos e mais solos misturados a
riffs pesados e distorcidos, enfim pura virtuose ensandecedora.
O single
extraído para promoção foi “Blind Eye” no lado A, e no lado B foi à faixa
“Queen of Torture”. O álbum foi bem sucedido e mostrava uma nova opção para os
fãs da música pesada, e com ele o grupo entrava para hall das bandas mais
populares da década de 1970. Pouco tempo mais tarde ainda nos anos de 1970,
bandas como Thin Lizzy e Judas Priest seguiram a cartilha apregoada pelo
Wishbone Ash, e também colocaram as suas brilhantes duplas de guitarras gêmeas
para conquistar suas multidões de fãs. A riqueza sonora dos britânicos ainda
renderia muitos frutos e os álbuns posteriores como: Philgrim (1971) e Argus
(1972) seriam os sintomas mais elevados e profícuos de uma banda brilhante, que
figurou nos jovens corações de seu tempo e provou que o rock estava além de sua
santa trindade.
Lista de
Músicas:
A1. Blind
Eyes
A2. Lady Whiskey
A3. Errors of my Way
A4. Queen of Torture
B1. Handy
B2. Pheonix
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