24 de junho de 2014

Guia do Colecionador: Os 10 Melhores Álbuns de 1967


Nunca fui muito fã de fazer, mas sempre publiquei listas aqui, porém explico porque me incomoda fazê-las. Quando você faz uma lista é compulsório resumir a determinado número e não cometer injustiças é um milagre, pois sempre sabemos que limitar é preciso e nem sempre sai a contento. Hoje assistindo aos jogos da copa me veio à ideia de fazer listas dos melhores discos de cada década, mas só que ano por ano e resolvi começar pela década de 1960 e no caso o ponto de partida será o ano de 1967 por razões óbvias.


As listas de cada ano vão contar com dez álbuns que considero os melhores de cada ano das décadas escolhidas, e neste caso, a princípio farei sobre as décadas de 1960, 1970 e 1980, mas dependendo poderia estica-las e quem sabe chegar até a atualidade, pois engana-se quem pensa que nos tempos atuais estamos resumidos a artistas ruins que só sabem copiar o que foi feito no passado e isso não é verdade.

Tudo o que estiver nestas listas obedecem estritamente ao meu gosto pessoal e, portanto, o que interessa é discutir o que está ali publicado, pois é muito chato receber reclamações através de ofensas pessoais. Enfim, o que interessa é partilhar informações sobre música cujo gosto é algo puramente subjetivo e no caso dos comentários sobre os álbuns não contarei as histórias que os cercam e sim as minhas impressões. Bom o convite está feito espero que gostem e deixem suas contribuições. 


Cream - Disraeli Gears 
País de origem: Inglaterra 
Ano de lançamento: 1967
Estilo: Rock 
Line-up: Eric Clapton (g), Jack Bruce (bx, v) e Ginger Baker (bt)
Produção: Felix Pappalardi 

A primeira vez que ouvi o Cream foi através de uma fita gravada, pois no final dos anos 90 não havia relançamentos brasileiros e os importados eram caríssimos. Ouvi tanto a fita que não parava de pensar um minuto sequer e até sonhava com o disco. Quando o consegui em versão nacional também comprei o Fresh Cream (1966) um disco diferente por ser calcado estritamente no blues e no caso do segundo apesar de manter-se igualmente no blues apresenta evoluções que musicalmente o tornam superior ao antecessor. Psicodélico, rock, blues formam uma sonoridade singular pouquíssimas vezes registradas em discos disponível para a galera pirar. Esse disco é uma referência no gênero e isso fica evidente quando você se aventura no disco e passa por "Strange Brew", a emblemática "Sunshine of your love", a questionadora "World of Pain" e as "Dance the Night Away" e "Tales of Brave Ulysses" que são igualmente matadoras dando as pistas para o coração psicodélico do grupo que abriu portas e mais portas para um futuro não distante.    

Jimi Hendrix - Are You Experience? 
País de origem: EUA 
Ano de lançamento: 1967 
Estilo: Rock 
Line-up: Jimi Hendrix (g, v), Mitch Mitchell (bt) e Noel Redding (bx) 
Produção: Chas Chandler 


Imagine um disco ácido, psicodélico, blues e rock pesado tocado por um guitarrista virtuoso que despeja toneladas de peso, feeling através de riffs e solos animalescos, ou seja, púra selvageria com forte apelo sexual. Esse cara só pode ser Jimi Hendrix e esse disco de que estou falando só poder Are You Experience? Aqui são várias as experiências permitidas porque para ficar parado na desse álbum não tem regras e nem limites, ou seja, ele te aceita e te quer como você é. As experiências a que ele te convida, a participar é sobre a tua libertação contra as amarras opressoras da sociedade, é para desafiar tudo, é um estilo de vida isso aqui, saca? Viagens altas, bem altas!!! através de músicas espirituais, loucas como a faixa título, "I Don´t Live Today" (afinal de contas quem é que vive de fato a própria vida?), "Maniac Depression", "Fire" (sobre a necessidade imediata de alguma dose violenta de emoção), "Foxy Lady" (uma das músicas mais sedutoras e excitantes) e a incendiária "Purple Haze" também apelando para o lado sexual, emocional, enfim é um disco mais potente que o próprio LSD ou qualquer outra substância.  

The Doors - The Doors 
País de origem: EUA 
Ano de lançamento: 1967 
Estilo: Rock 
Line-up: Jim Morrison (v), Ray Manzerek (or), Robby Krieger (g) e John Densmore (bt). 
Produção: Paul Rothchild  


Esse é daqueles disco seminais onde você fica pensando quando quatro caras juntam-se e pegam o blues, o jazz, o rock e adicionam alguns elementos da música latina (bossa nova) e ligam o liquidificador e pronto temos um amalgama poderoso e forte perfeito para transmitir poesia caótica, que fala sobre amor, dor, morte, revolta. The Doors é daqueles discos que cativam de imediato é uma revolução dos sentidos quando os fones estão na sua cabeça e música como "Break on Through (to the other side)", "Light my Fire", "The End" (que nos mostra o fim de tudo o que conhecemos e nos mostra o nascimento de uma outra vida livres de os pré-conceitos e preconceitos) invadem a sua mente através dos fones de cabeça ou não. A música desse álbum realmente entra na cozinha da sua alma e te emancipa das imbecilidades que o mundo te oferece e te põe para pensar no meio do caos e da desordem, o que vale ou não a pena. 

Beatles - Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band 
País de origem: Inglaterra 
Ano de Lançamento: 1967 
Estilo: Rock Psicodélico 
Line-up: Paul McCartney (bx, v), John Lennon (g, v), George Harrison (g, v), Ringo Starr (bt, v)
Produção: George Martin 
       
Numa bela tarde de inverno fui na casa de um amigo para trocar umas ideias sobre a noitada e o cara me mostrou os discos que tinha acabado de ganhar do pai dele e me convidou para escutar e perguntou se por um acaso, eu teria uma fitinha básica para gravar e respondi que não tinha e que depois compraria uma e gravaria o que me interessa-se depois. Ouvimos os discos em ordem cronológica e quando chegou no oitavo álbum foi paixão a primeira vista e audição. Eu fui abduzido, conquistado pela sonoridade daquele disco e a partir de então Beatles entrou para minha vida e para o meu coração e nunca mais saiu e tanto é fato que comprei esse disco em K7, CD e LP. Eu viajava em "Day in the Life" e de fato foi um dia na vida de forma inesperada que este disco caiu como uma luva na minha vida e fora as piradas em "Getting Better", "Fixing a Hole", "Lucy in the Sky With Diamonds" (essa foi perfeita para mim e cada vez que tocava era como estivesse em estado de graça) e "With a Little Help From my Friends" (essa era faixa o tema da turma). Esse é um disco mágico que em minha humilde opinião todos deveriam pelo menos conhecer porque a magia dele nunca morre. 


Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn 
País de origem: Inglaterra 
Ano de lançamento: 1967
Estilo: Psicodélico 
Line-up: Sid Barret (g, v), Roger Waters (bx), Richard Wright (t) e Nick Mason (bt)  
Produção: Norman Smith 


Dessa fase psicodélica esse foi o primeiro álbum que eu comprei para escutar. Na época estava acostumado com álbuns como The Wall (1979) e Dark Side of the Moon (1973) e estranhei demais até cheguei ao cúmulo de deixa-lo de lado por um tempo, porém a curiosidade falou mais alto e me impeliu a ouvi-lo e a digestão confesso que foi difícil, mas quando comecei a entender qual era o lance fui imediatamente seduzido por esta obra prima. O impacto de faixas como a viajante "Astronomy Domine", a fantasmagorica "Lúcifer Sam" e a hipnótica "Interstellar Overdrive" me catapultaram para outra dimensão. Quantas viagens curti através da Matilda Mother é um mundo indescritível de emoções, sentimentos inexplicáveis que obrigam a viajar na profundidade dessa incrível banda para pode entende-la. 


Love - Forever Changes 
País de origem: EUA 
Ano de lançamento: 1967
Estilo: Rock Psicodelico 
Line-up: Arthur Lee (g, v), Johnny Echols (g), Bryan MacLean (g), Ken Forsi (bx) e Michael Stuart (bt) 
Produção: Bruce Botnick, Arthur Lee  
      
Esse é daqueles que eu conheci via internet assim como muitos outros que me eram desconhecidos, mas deixou de ser virtual para ser físico no ano passado e neste mês de junho já faz um ano que entrou para o time da minha prateleira. Neste disco o que mais chama a atenção são os arranjos e se você compara-lo com Love (1965) e Da Capo (1967) nota com clareza a evolução, ou seja, amadurecimento musical e isso é fundamental para uma banda de rock ainda mais na década de 1960. Quando comecei a ouvir o disco desde "Alone Again Or" já entendi que tratava-se de música de alto nível e a baladinha "Andmoreagain" é um dos pontos altos por ser emocional, mas sem aquele romantismo exagerado. "The Red Telephone" é um outra música ótima e que te põe em contato direto com as profundezas de tua mente, pois refletir é necessário sempre. As demais faixas obedecem ao mesmo nível das já citadas. Forever Changes é daqueles discos que a cada audição está sempre mudando aos nossos ouvidos, mas nós ouvintes jamais escapamos incólumes.     ´


The Byrds - Younger Than Yesterday 
País de origem: EUA 
Ano de lançamento: 1967 
Estilo: Rock/Pop 
Line-up: Jim McGuinn (g, v), David Crosby (g, v), Chris Hilman (bx, v) e Michael Clarke (bt)
Produção: Gary Usher  

Esse é o meu preferido dos Byrds, mas não foi o primeiro disco porque descobri os americanos através de uma coletânea numa época que os discos de estúdio eram impossíveis de se achar. Por isso considero os cds uma sacada de gênio porque permitiram-me conhecer várias bandas dessa época e os The Byrds foram exatamente uma delas. Em relação aos primeiros discos Younger Than Yesterday é um grande passo a frente, pois o quarteto deixava de lado aquele pop tocado por seus contemporâneos para alçar vôos maiores para outras direções. Essa evolução natural levou o grupo a se aventurar no psicodélico, no raga rock e a dar passos em direção ao country, ou seja, o grupo estava em ponto de transição que se evidencia em "So You Want to be a Rock n Roll Star", "My Back Pages", "Why" e "Have You Seen Her Face". Esse é um grandes marcos da banda, do rock, enfim uma obra prima para você se divertir e divagar sem parcimônia sobre o passado, o presente e o futuro. 


Jefferson Airplane - Surrealistic Pillow 
País de origem: EUA 
Ano de lançamento: 1967 
Estilo: Rock Psicodélico 
Line-up: Grace Slick (v, p, or), Martin Balin (g, v), Paul Kantner (g, v), Jorma Kaukonen (g, v), Jack Casady (bx) e Spencer Dryden (bt)
Produção: Rick Jarrard 

Eis aqui o sonho hippie em formato sonoro. Surrealistic Pillow é o retrato do período psicodélico, do paz e amor e a expressão máxima cunhada por eles naqueles tempos era a faixa "Somebody to Love" e eles estavam certos, pois todos precisamos de amor e como dizia Allen Ginsberg em um de seus poemos "O amor é o preso do mundo que em nós constrói pensamentos e nos torna humanos e é a essência da vida" e dele até hoje precisamos assim como precisava-se naquela época nada tranquila para os jovens ao redor do mundo. Falando em em psicodélico e essa palavra remete diretamente as experiências alucinógenas através do LSD cujo guru Timothy Leary preconizava o uso para se alcançar outra realidade, o Jefferson Airplane nos entrega as suas experiência através de White Rabbit. Esse é realmente um disco pesado em todos os sentidos e por isso mesmo paro por aqui e se você leitor quiser saber mais sobre ele vá ouvi-lo. 


Rolling Stones - Satanic Majesties Request
País de origem: Inglaterra 
Ano de lançamento: 1967
Estilo: Rock  
Line-up: Mick Jagger (v), Keith Richards (g), Brian Jones (g), Bill Wyman (bx) e Charlie Watts (bt) 
Produção: Rolling Stones 

Se existiu uma banda que viveu o rock e ultrapassou todos os limites dos excessos promovidos pelo dinheiro, pelas drogas e mais uma série de mulheres bonitas e gostosas esses caras foram os Stones, a banda mais quente da terra quer queiram ou não. Esse aqui é a aventura do super quinteto britânico no psicodélico, mas infelizmente não recebeu os créditos que merecia. Aproveito para dizer que nada tem haver com Sgt. Peppers, dos Beatles, mas Paul McCartney e John Lennon participaram deste álbum em "Sing This All Toghter". Esse foi o segundo disco dos Stones que caiu diretamente no meu colo, a primeira audição foi arrebatadora, enfim uma paixão imediata e desde então Majesties é o meu companheiro quase inseparável. Explorando esse disco de maneira incansável você vai encontrar pérolas como "Citadel", "She's a Rainbow" (é para oferecer para a namorada, esposa), "in Another Land" (ávido de uma mão amigo em algum deserto da mente) e termina majestosamente na galática e protótipo para o space rock "2000 Light Years From Home". Quando você estiver com esse disco esqueça tudo porque nada se iguala ou se parece com Majesties Request Satanic, pois o que mudará é a forma com você irá lidar com o portador de luz em pessoa que habita dentro de você.  


Traffic - Mr. Fantasy 
País de origem: Inglaterra 
Ano de lançamento: 1967 
Estilo: Rock Psicodélico 
Line-up: Steve Winwood (bx, g, v), Dave Mason (g), Jim Capaldi (bt, v) e Chris Wood (fl, or, sx)
Produtor: Jimmy Miller
  
Banda bacana e um disco clássico da década de 1960, também representando o psicodélico com um som de primeira linha. Esse é um daqueles álbuns de estréia que seduzem, encantam o ouvinte de imediato e nem adianta resistir que não há a mínima chance de defesa para as melodias cativantes criadas para os riffs de guitarra e as nuances embaladas por cítaras, órgãos, mellotrons e inúmeros instrumentos característicos do psicodélico. Mr Fantasy faz justiça ao nome e as fantasias aqui convites para mundos artificiais que você mesmo constrói através de melodias cativantes, ácidas em certos momentos que são tão cruciais como as escolhas que fazemos e "Heaven Is Is Your Mind" é um alerta para que entendermos que o céu e tudo o que desejamos de bom está em nós, ou seja, nas nossa mentes e "House for Everyone" é aquela casa que procuramos para nos proteger do mundo hostil que a todo custo tenta nos corromper, e enquanto ao resto deixo para você desbravar leitor. 
          
        














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