Desde Violent Revolution (2001), que marca a volta do Kreator ao Thrash Metal, a banda entrou num embalo de inspiração feroz e veio lançando uma excelente seqüência de ótimos álbuns, cheios de novas idéias e novos rumos para a sonoridade também, que pegou o lado tradicional do thrash metal e o potencializou ao mescla-lo com as tendencias modernizadoras e a grande sacada desse up-grade sonoro é que a banda não precisou de abrir mão de nada para poder concretizá-lo.
Depois três anos quando lançou o também excelente Hordes Of Caos (2009), os germânicos retornam com dos seus melhores e mais consistentes álbum revelando todas as raízes do Thrash Metal, pois este álbum não é apenas a música pela música ele trás muito mais do que isso e assim como os seus colegas do Testament que lançaram o grandioso Dark Roots of Earth esse ano também, o disco do Kreator segue a mesma linha e na temática aposta nos efeitos nefastos que a crise econômica européia teve sobre a população do velho continente como um todo.
E o pano de fundo ideal para expressar a insatisfação e a preocupação com o futuro é o Thrash Metal técnico e brutal e melódico também onde Mile Petrozza e companhia colocam a prova toda as suas habilidades como músicos e compositores e os trabalhos de guitarra de Sami Yli-Sirniö mais uma se sobre saem através de riffs e solos avassaladores que conquistaram sem esforço a larga parcela de fãs do Kreator e do gênero em geral (que a cada lançamento vêm adquirindo novos contornos independente das mãos de quem o faz).
O álbum abre com a climática e sombria introdução de "Mars Mantra" para logo em seguida cair na sua mais brutal e melódica na faixa "Phantom Antichrist". Em "Death to the World" até os deuses Astecas são invocados para chamar o homem a razão e rever a sua postura perante a exploração desenfreada a natureza, pois nem os Deus reencarnados poderiam fazer milagres se a peça principal não fizer nada por si, passará lamentando mãe natureza o que fizemos com você?, e a expressão musical se alterna entre momentos cadenciados e rápidos cuja voz de Mille ainda comprova estar mais agressiva do que nunca e inspirada também.
Já a faixa "Civilisation Collapse" é um Thrash Metal com forte dialogo com o heavy metal tradicional e cheio de melodias claro e a letra questiona a desigualdade social, pois é uma verdade quando afirma-se que a vida é um paraíso para aqueles que tem demais e para quem é excluído é realmente um inferno, pois a perda de valores e corrupção são um dois fomentadores da miséria e também o suporte para a manutenção do Status Quo. Em "United in Hate" depois da bela introdução acústica a faixa sofre uma grande alteração para cair num Thrash Metal correria nada inédito, mas remonta a bandas do tipo de Exodus, Dark Angel, já a letra é um recado para os poderosos que os seus dias de caçadores e exploradores do sangue alheio está com os dias contados, porque os alienados acordaram e agora querem o seu lugar.
A faixa "From Flood Into Fire" vem num rítimo cadenciado, mas não menos pesado e brutal e épico nada que o grupo não tenho feito nos seus álbuns da década de 1980, mas a diferença mais significante é o diálogo entre o heavy metal tradicional e o thrash metal e rapidez e a melodia que se entrelaçam perfeitamente agregando os elementos mais modernos, enfim mais uma faixa de destaque. Em "The Few, The Proud, The Broken" riffs cavalares e climáticos também somados a voz agressiva e melódica Mille Petrozza fazem a diferença e tornam-na uma das canções mais marcantes e expressivas de todo o álbum. "You Heaven, My Hell" é uma viagem para uma sessão alucinante de ritmos e andamentos, enfim variações sem limites por climas sombrios que começam na introdução e vão causando tensão até explodir nas partes mais pesadas e ai tudo se encaixa e as letras criticam severamente a justiça divina e a justiça dos homens também e aniquilam a esperança da vinda de um messias salvador e a religião é vista da maneira correta como uma instituição política que se assenta sobre os mandamentos de "Deus" para dominar a população e ai se instala a hipocrisia que a banda quer tanto destruir.
A faixa "Will Come Victory" remonta ao tempos dos clássicos Endless Pain (1985), Pleasure to Kill (1986) e Coma of Souls (1990) mesclando a melodia e os típicos coros do heavy metal tradicional oitentista e a letra é pura utopia, pois revolução, mudança está meio difícil de acontecer quando se impera a descrença, mas a esperança deve prevalecer. Fechando o álbum vem a bem trabalhada e melancólica "Until Our Paths Cross Again". Phantom Antichrist é um trabalho consistente musicalmente falando e assim como as letras é igualmente forte, pois procura não ficar preso a música pela música, pois é sinal de quem procura refletir a sua realidade e expressa-la de maneira contundente e reivindicatória digno de uma das banda líderes, ou seja, clássicas do estilo que mais uma vez soube demonstrar o que é e o que foi necessário para alcançar e se manter no patamar em que se encontra atualmente e por isso novamente me vejo obrigado a dizer que este disco é indicado principalmente para aqueles fãs de música, do gênero em questão que não se prendem a estética, ou seja música como um fim em si próprio e observam conjunto da obra no caso, as mensagens das letras fator fundamental de uma música independente do estilo em que ela estiver encaixada. E mais uma vez uma banda e Thrash Metal consegue exprimir o que é o gênero nas suas mais pura essência e para você leitor que se identificou com este trabalho tem em mais um dos mais belos manifestos em mãos.
NOTA: 10
Faixas
1. Mars Mantra
2. Phantom Antichrist
3. Death to the World
4. From Flood Into Fire
5. Civilisation Collapse
6. United in Hate
7. The Few, The Proud, The Broken
8. Your Heaven, My Hell
9. Victory Will Come
10. Until Our Paths Cross Again
2. Phantom Antichrist
3. Death to the World
4. From Flood Into Fire
5. Civilisation Collapse
6. United in Hate
7. The Few, The Proud, The Broken
8. Your Heaven, My Hell
9. Victory Will Come
10. Until Our Paths Cross Again
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