Em 2007 o Baroness estréia com Red Album que já diz muito sobre os
caminhos que a banda trilharia no futuro, pois o som dos norte americanos na
verdade é um Sludge Metal bem pesado com um pé fincado no progressivo característica que a banda levou adiante, mas que sempre ficou em segundo plano e no segundo álbum Blue Record a banda levou a sua música adiante colocando novas idéias, ou seja, mesclado outros estilos a sua sonoridade engrandecendo ainda mais as composições, mas a banda daria um passo ainda maior ao colocar no mercado o álbum Yellow & Green que assim como os antecessores também recebeu como título em cima das cores que neste caso é duplo e a sonoridade também se difere igualmente.
O que vamos encontrar neste novo trabalho do Baroness é uma compilação de boas idéias cujo o resultado é um álbum ousado que mostra, ou seja, evidência a constante evolução do grupo que não abriu mão do progressivo e nem do sludge, mas o primeiro estilo tem primazia sobre o segundo, pois o objetivo é benéfico, os caras não queriam se repetir e conseguiram, pois o álbum produzido por John Congleton é complexo e por isso explora uma seleta gama de detalhes, pois estamos falando de um álbum que além das sonoridades tradicionais ainda se mescla ao psicodélico e é cheio de atmosferas que levam o ouvinte ao outros lugares ainda não explorados. Experimental por natureza Yellow & Green abre caminho para novas possibilidades dentro da música pesada que podem se tornar um novo paradigma se os músicos não se acanharem.
O vocalista e guitarrista John Baizley canta e toca a sua guitarra de forma intensa e um pouco emotivo também, mas esta menos pesado como mostram os trabalhos anteriores e o instrumental também não é nenhum pouco parcimonioso e nem quis saber de se restringir a isso ou aquilo, pois a ordem do dia era extrapolar os limites e ir o mais longe que fosse possível e o que escutamos é uma avalanche de excelentes idéias. O primeiro disco abre com a faixa Yellow Theme cujo tema melancólico revela a musicalidade incessante que deixa o ouvinte inquieto pensando no quem vem depois como se fosse um trilha sonoroda de suspense e depois na seqüência manda a pesada Takes My Bones Away num clima bem Doom Metal com boas linhas de guitarras gêmeas e bons vocais também. Em March of the Sea vem as fortes levadas do baterista Allen Blickle e o seu clima denso.
O pop também marca a sua presença em The Edge of Lungs (lembra U2 e Radiohead), com solos e riffs bem encaixados e mais os arranjos complexos e Twinkler tem excelentes arranjos de teclados e parte acústicas bem melancólicas perfeitamente desenvolvidas para as linhas vocais deslisarem emoção e mais emoção. Já em Cocainum os orgãos brilham e se destacam, mas possuiu o mesmo apelo pop mesclado com o metal e claro é muito mais pesada e se encaixa como uma luva na proposta do álbum e a última do primeiro disco Eula nos remete nos saudosos tempos do Pink Floyd quando os caras usavam e abusavam das partes emotivas, mas aqui o lado psicodélico e o peso com os riffs distorcidos são as fronteiras que definem a identidade do Baroness.
O segundo disco abre com Green Theme que já caminha num caminho diferente do primeiro disco e apesar de começar com os rock diretos de Board Up The House e The Line Between que já trilha os caminhos do hard rock com bons riffs e vocais muito bem encaixados deixam um vácuo que é preenchido pela melancolia de faixas como a instrumental Strechmarker e vai prosseguindo com as faixas Foolsong, Collapse e Psalms Alive com fortes linhas de guitarra e um vocal intenso e bem melódico e agressivo e a última faixa If I Forget Thee, Lowcountry é apenas um tema instrumental de encerramento desta viagem épica cheia de efeitos.
E ao final da audição de Yellow & Green o que se pode dizer com sinceridade é que o grupo criou um álbum forte e consistente e que poderia ser tocado ao vivo na íntegra afinal de contas depois de tanta ousadia e inovação esse seria um passo natural a ser dado, pois o que vemos aqui é arte em seu estado mais puro e sublime porque é feita com emoção, com o coração e isso já é o bastante para cativar e colocar o ouvinte em sintonia com os diversos climas criados neste trabalho que é totalmente original, algo difícil de se encontrar hoje em dia e apesar de ser um álbum duplo algo também incomum pela época que atravessamos com os downloads ilegais e a decorrência da perda do significado sobre o que é um álbum de estúdio feito com tanto esmero talvez possa resgatar naqueles que não se amedrontarem esses conceitos já esquecidos no cenário atual.
O Baroness entregou nas mãos dos fãs de música e da própria banda um verdadeiro legado para a música e também comprova que a boa música está a disposição de quem não tiver preguiça e nem preconceitos e quer de qualquer maneira conhecer algo novo, diferente que sempre está olhando para a frente sem abdicar da sua honestidade e por tudo isso que o ano de 2012 vem se mostrando muito superior a 2011 que teve os seus bons lançamentos com banda também inovadoras e boas claro, mas nenhuma delas era o Baroness que quer queiram ou não está um passo a frente de todas elas e por isso Yellow & Green pode ser mais que o melhor álbum do ano e quem sabe num futuro não distante o melhor desta década também porque depois dele tudo na música é possível e você vai ficar de fora dessa?
NOTA: 10
Faixas:
CD 1
- Yellow Green
- Take My Bones Away
- March to the Sea
- Little Things
- Twinkler
- Cocainium
- Back Where I Belong
- Sea Lungs
- Eula
CD 2
- Green Theme
- Board Up the House
- Mtns. (The Crow & Anchor)
- Foolsong
- Collapse
- Psalms Alive
- Stretchmaker
- The Line Between
- If I Forget Thee, Lowcountry
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