Na segunda e
última metade da década de 1980 as bandas de heavy metal pareciam perder as
forças fazendo várias mudanças que nem sempre agradaram os fãs e a imprensa que
não perdoava fazendo críticas mais do que ácidas em muitos casos entre outros, mas nem
por isso acabavam encerrando a carreira antes do esperado causando espanto só que por outro lado haviam outros que estavam bem no auge e ainda correspondiam a
altura com grandes lançamentos e o mesmo pode se dizer dos estreantes que
vinham com sangue nos olhos para conquistar o seu lugar ao sol.
Ronnie James Dio
depois que saiu do Black Sabbath levando consigo o baterista Vinnie Appice e
com ele fundou a banda Dio, em 1983 lançaram um discos mais icônicos do heavy
metal e que definiu a carreira do baixinho cujo sucesso e lacre viriam com o
definitivo The Last in Line (1984) e a garantia de entrada no panteão estava nas mãos
de Sacred Heart cujos deuses do metal abençoaram essa turma. Essa trinca era parte de uma
época brilhante que refletia o estado de espírito de músicos a fim de fazer boa
música, de tocar em arenas lotadas, vender muitos discos, camisetas, de
estourar nas rádios e ficar no topo por uma vida toda se for possível.
As pressões na
vida de uma artista sempre são muito grandes principalmente quando se lança num
curto período de tempo três discos que de imediato entram para a história
levando o artista aos níveis mais altos da fama. Dio viu isso no Rainbow (cujo maior problema talvez nem fosse esse e sim a megalomania de Ritchie Blackmore, um verdadeiro mala sem alça) e no
Black Sabbath bem de perto e sabia que teria que fazer algo ainda mais
grandioso ou se não que pelos fosse compatível com o que já havia sido feito,
pois trata-se do ganha pão dele.
A formação que
gravou a trinca de ouro já havia se dissolvido, ou melhor dizendo, o
guitarrista Vivian Campbell já não fazia mais parte da banda e para o seu lugar
Dio recrutou o talentoso Craig Goldie. A música deixou de ser selvagem como era
no começo com Holy Diver e daí para diante a música já era algo pensado demais
não que isso fosse negativo, mas houve a perda daquele lance mais primal e
selvagem deixando o som mais bem-comportado com a presença do tecladista Claude
Schnell.
O quarto álbum,
Dream Evil, gravado no estúdio Recorder Village, em Los Angeles, marcaria o fim
da clássica do grupo, mas ainda assim a música ainda seria muito bem estudada
contando até com a participação do grupo vocal Mitchell Singing Boys, ou seja,
o objetivo era estar inserido no mainstream com todas as suas regalias podendo
desfrutar do melhor que havia destinado para as estrelas que ali chegavam. Em
julho de 1987 o disco chega as lojas e marca presença positiva nos charts
europeus, mas nos EUA as coisas não são positivas apesar de ficar numa posição considerável
devido à forte concorrência existente na terra do Tio Sam.
A estrutura do
álbum no que tange as canções é a mesma, a abertura continua com faixas mais
aceleradas e é exatamente com “Night People” que Dio dá as caras e coloca as
cartas na mesa para jogar o seu jogo perigoso, brilhante, mostrando ao que
realmente viera cujo poder de fogo estava centrado na base do heavy metal, ou
seja, a guitarra, e tal fato, fica mais evidente em “Dream Evil”
uma faixa aonde o talento de Craig Goldie escorre pelas suas veias levando ao público um fluxo
contínuo de metal e de revolta que explodiam nos riffs e nos solos pegajosos.
O rock de arena
aparece em “Sunset Superman” em linha rápidas, corridas, em meio aos vocais
desesperados do baixinho, o cara é um demolidor! A melhor parte, a dos hits,
começa em “All The Fools Sailed Away” com toda a força dos vocais do mestre dos
magos que somados aos riffs que puxam a força da canção e dos coros mostram a
força do heavy metal que esse cara estava praticando. “Naked in the Rain” é o
tipo de som que estaria presente na carreira solo de Dio, um grande hit. As
faixas mais velozes retornam com “Overlove”, o hit radiofônico tem vez em I Could
Have Been a Dreamer um belo dialogo com hard.
“Faces In The
Window” é outro grande momento que marca Dream Evil pela racionalização
instrumental e vocal que denotam equilíbrio e talento e que uma música ainda
que seja pensada ainda pode ser muito poderosa, louca demais. Quando você lê no
encarte o título da faixa encerramento “When A Woman Cries” é ingenuamente
levado a crer que trata-se de uma balada, mas fica embasbacado pelas linhas de
teclado e guitarra que misturam e criam um efeito que remete a década de 1970. Dio
e seus camaradas deixaram nas mãos dos fãs um dos maiores álbuns de heavy metal
de todos os tempos, ou seja, ele e a sua banda eram muito mais do que aquilo
que os marcou uma pena que ele tenha percebido isso, pois seus shows teriam
sido bem melhores, mas como não podemos ter tudo o que desejamos pelo menos
podemos remediar e que o façamos aqui mergulhando de cabeça nesse álbum.
Faixas:
01 Night People
02 Dream Evil
03 Sunset Superman
04 All The Fools Sailed Away
05 Naked In The Rain
06 Overlove
07 I Could Have A Been Dreamer
08 Faces In The Window
09 When A Woman Cries
Nenhum comentário:
Postar um comentário