Em 1981, o Venom estreou abalando as estruturas do heavy metal, pois o gênero ainda engatinhava no começo da década de 1980, nada estava definido a nwobhm começava a colocar as manguinhas de fora, o som praticado por bandas como Angel Witch, Holocaust e Diamond Head eram o heavy metal clássico pesado com uma pegada punk e estava calcado na máxima faça por você mesmo. O Venom quando soltou o álbum, Welcome to Hell mostrou que era possível ser ainda mais extremo, rápido e agressivo e ao contrário das demais bandas que se metiam a falar sobre o inferno, eles traziam o inferno até o ouvinte através do holocausto sonoro produzido por eles.
O Black Metal estava ali se formando e mal sabiam os britânicos a influência que o som obscuro, sombrio e mórbido exerceria sobre os seus fãs. Em 1982, o passo definitivo com Black Metal que definitivamente abriu as portas para o inferno e ao invés de causar medo e repulsa nos fãs, eles queriam ser os demônios e tudo mais que o inferno oferecesse era bem vindo. O embrião do metal extremo estava ali bem diante dos olhos de miríades de garotos e garotas que não pensaram uma única vez se sequer e logo lançaram-se no culto profano do Venom e a banda crescia em popularidade com o seu poderoso e tosco e os vocais grunhidos de Cronos e as guitarras flamejantes de Mantas tratavam de incinerar as almas impuras enquanto a bateria de Abaddon anunciava a guerra entre o céu e o inferno.
Musicalmente falando e das letras, ou seja a temática e a sonoridade que ajudavam a criar uma esfera nada tranquila, na verdade soavam como contestação a religião e a sua hipocrisia e não apenas adoração pura e simples ao demônio e as suas hostes. O grupo desfrustava de sucesso junto a crítica e ao público que não pestanejava e se fazia presente nos concertos, comprando os álbuns e as camisetas seguindo o grupo na sua estrada para o inferno e naquela época até o Motörhead que era considerada uma banda extrema devido ao som sujo, arrastado, veloz e pesado cantado com aquela voz rouca e alcoolizada de Lemmy perdia para o Venom quando o assunto era peso, agressividade e a atitude avassaladora. Tudo indicava que o Venom era banda escolhida para fundar um novo "ethos", uma ordem, ou mesmo uma igreja.
O grupo já tinha dois álbuns lançados e uma bagagem nas costas, ou seja, uma larga experiência e logo sabiam que deveriam fazer um novo álbum o mais rápido possível, para poder manterem-se em evidência e ainda em 1983, eles decidiram que era hora de começar os trabalhos para o próximo álbum da banda e lá foram eles para o estúdio para realizar os trabalhos que daria origem o tal terceiro álbum. Esse disco que estava prestes a aterrizar nas prateleiras seria um trabalho diferenciado e nada do que o power trio já tinha feito anteriormente se comparava ao que estava por vir, pois os caras queriam fazer um álbum conceitual e ao mesmo tempo queriam também que ele fosse ainda mais brutal, mais agressivo e mais satânico ainda.
A primeira faixa "At War With Satan" seria uma das faixas mais longas a ser concebidas por uma banda de metal extremo, pois a faixa teria mais de vinte minutos e a inspiração para compô-la segundo afirmaria o baixista e vocalista viria do álbum 2112, do Rush e por coincidência ou não a faixa do Venom teria o mesmo tempo que o título do álbum do power trio canadense. Pelo lado instrumental é uma aventura épica e satânica, ou seja a guerra de satã e seus aliados contra os valores morais cristãos (fossem eles protestantes, católicos entre outros) cheias de riffs pesadas e baterias arrasadoras. As demais faixas não eram conceituais e cada uma abordava um tema diferente, mas a base era satânica a primeira delas que inclusive abre o lado B, que é composto por seis faixas e a "Rip Ride" que já começa com uma sessão rítmica avassaladora de bateria e riffs cavalares e os vocais grunhidos de Cronos e o seu baixo sustentam o peso da faixa que na verdade é um hino de louvor ao inferno.
Em "Genocide" os riffs e a bateria pesadona tomam conta. A letra fala sobre aquelas pessaoas escravas da fé que a beira da morte buscam por salvação, mas o destino é o inferno para pagar pelos pecados cometidos neste plano. A faixa "Cry Wolf" começa com um dedilahdo de guitarra e os vocais de Cronos narrando a saga do lobo selvagem buscando a liberdade para logo em seguida cair num som rápido e pesado chamando-nos para a vida selvagem. "Stand Up (And Be Counted)" é outra faixa que segue fielmente o conceito do álbum referente ao desejo de ser brutal, rápido e satânico e também chama os fãs a se integrarem as legiões do inferno e também serem os mensageiros de satã. Em Woman temos uma referência direta ao sexo da maneira mais selvagem e brutal que dois seres humanos podem praticar. A instrumental tem excelentes riffs de guitarra e a bateria não dá trégua. Fechando o álbum vem "Aaaaaaarrghh" que é só uma zoeira com o Cronos gritando umas frases e o pessoal zoando e também balbuciando e os instrumentos indo a milhão em peso e velocidade.
O álbum aterrizou nas prateleiras em abril de 1984, e assim como os seus antecessores fizeram a alegria dos fãs que não tinham nada de reclamar. O desejo de fazer um som mais brutal, pesado e satânico tinha sido alcançado e produção desta vez foi assinada pelo grupo que se produziu sozinho em estúdio e o resultado em comparação ao som sujo dos anteriores ficou para trás e aqui o som apareceu ligeiramente mais polido, mas não retirou do álbum como um todo a agressividade e a sujeira costumeiras do grupo e tornou-se de imediato um clássico que influenciou e ainda influencia vários jovens.
At War With Satan é uma marco na carreira da banda, pois pela primeira vez uma banda teve a ousadia de lançar um disco conceitual e com uma faixa tão longa, mas em contra partida se compararmos aos demais álbuns que se inscrevem dentro deste formato foram tão fortes e intensos e o material restante se equiparava e fosse tão homogêneo como ele. Rapidez, agressividade e brutalidade naqueles anos áureos do heavy metal em geral tinham um nome, uma marca registrada que chamava-se Venom que fazia o inferno tremer e o diabo ficar com medo do trio inglês que definitivamente entrou para a história dos mortais e do inferno ao abrir as suas portas e trazê-lo em forma de holocausto sonoro.
Faixas:
A1. At War With Satan
B1. Rip Ride
B2. Genocide
B3. Cry Wolf
B4. Stand Up (And Be Counted)
B5. Woman, Leather and Hell
B6. Aaaaaaarrghh
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