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A década de 1990 começava a todo vapor para o Heavy Metal, pois as bandas ainda tinham muito a dizer e antes de serem escanteadas pelo fenômeno do grunge que atingiria altos níveis de popularidade enquanto o heavy metal declinaria e voltaria a atuar no underground, ou seja, não desapareceria, pois as bandas sobreviventes da década de 1990, assim como as novas continuariam a fazer os seus trabalhos como: shows, gravações de álbuns, vídeo clipes e turnês, mas com um detalhe sem a mesma exposição de outros tempos, pois querendo ou não durante a década se iniciava a indústria colocava em prática um novo modelo de lucrar, ou seja, apostaria em artistas mais comerciais e de retorno, lucro rápido cujo auge instantâneo não duraria mais do que 3 ou 6 meses e essa atitude impensada e irresponsável diz muito sobre a atual crise na música.
Antes do caos se espalhar, o Megadeth vinha bem sucedido da década de 1980, pois tinha sido formado por David Mustaine após ser despedido do Metallica pelo seu comportamento nada fácil e para vingar-se jurou formar uma banda que seria ainda melhor, e a promessa foi cumprida em partes, pois a banda foi formada e por sinal lançou discos de peso como: Killing is my Business...And Business is good (1985), Peace Sells...But Who's Buying! (1986) e So Far, So Good...So What! (1988), mas ser a melhor já era outros quinhentos e falando sem cerimônias isso o sr. Mustaine não conseguiu.
A banda vinha de uma turnê muito bem sucedida do seu último álbum, mas isso não foi nenhum impecílio para Mustaine, pois sem cerimônia nenhuma ele demitiu de cara o baterista Chuck e o guitarrista Jeff Young e a partir daí a banda seguiria outros rumos, cujo futuro seria muito, mas muito rentável para a banda que ainda não achará o seu caminho em definitivo, pois a banda oscilava entre o thrash metal e o heavy metal sem ter uma definição exata sobre a sua sonoridade, mas na verdade isso não mudava nada, pois thrash ou não a banda é era excelente e ponto final. Para resolver o embrólio referente a formação do grupo que precisa ser definida já que dois membros haviam sido demitidos e para resolver de uma vez essa questão, Mustaine saiu a caça de novos membros e conseguiu para a guitarra o virtuoso Marty Friedman e para a bateria Nick Menza que junto com David Ellefson e o Mustaine completavam o time que gravaria o quarto álbum da banda e seria também a formação mais produtiva em cena que a banda já havia reunido.
Assim como todas as bandas que passam por reformulações, o Megadeth resolveu testar o seu novo line-up e se mandaram para dentro do Rumbo Studios em março de 1989, e sob a tutela de Mustaine (que pela primeira vez trabalhou sóbrio) além de assinar em conjunto com Ellefson todas as composições, também assinou a produção do álbum junto com Mike Clink que atuou como co-produtor na verdade. A idéia para o título veio de Mustaine, pois ele tinha visto no vidro de um carro escrito "Rust in Peace" enquanto ele ia para a sua no lago Elsinore e pensou na possibilidade, pois na época a guerra fria já tinha terminado, mas a União Soviética ainda não caíra e o perigo de uma guerra nuclear já assombrava o mundo ocidental a quase três décadas e ainda no imaginário existia essa possibilidade, pois ainda de uma forma sensível poderia acontecer o confronto armado direto entre USA e URSS.
O álbum aterrizou nas prateleiras das lojas somente no dia 24 de setembro de 1990, e impressionou a crítica e os fãs principalmente, pois o Megadeth havia conquistado um novo patamar com um cheio de técnica e feeling e assim como as outras bandas do gênero o flertou com o hardcore e também a sua maneira ultrapassou limites e quebrou barreiras trazendo a cena um novo caminho para o gênero que estava bem longe de se esgotar nas mãos de seus mestres que sempre pareciam ter uma solução escondida em algum canto de suas mentes que por sinal eram realmente privilegiadas em relação aos demais que apenas copiavam e desapareciam pouco tempo depois. A estréia foi tão positiva que o álbum entrou direto na 23º posição no Billboard 200 e também era o mais bem sucedido naquele momento e assim como Master of Puppets (1986) do Metallica, Reign in Blood (1986) do Slayer e Paranoid (1970) do Black Sabbath entrou para a list dos 50 álbuns mais influentes de todos os tempos do rock pesado e fora as listas de melhores álbuns que a banda encabeçou nas várias publicações especializadas espalhadas pelo mundo.
Os temas que povoam o álbum começam pela faixa de abertura Holy Wars...The Punishment Due, cuja primeira parte "Holy Wars..." que discursa sobre os conflitos na Irlânda do Norte entre e católicos nacionalistas e protestantes fiéis a Inglaterra se digladiavam e o líder Mustaine coloca na faixa elementos pessoais como a sua visão sobre a religião, pois o motivo que o levou a realmente a escrever a música foi o fato dele ter encontrado pessoas vendendo camisetas piratas do Megadeth na porta do concerto e pelo fato de ter sido dissuadido de fazer algo contra, pois segundo o argumento do vendedor os fundos arrecadados seriam convertidos na causa, ou seja, iriam para o IRA, a segunda parte "The Punishment Due" é inspirada no Justiceiro herói dos quadrinhos da Marvel. Já a faixa "Hangar 18" envolve teorias da conspiração sobre UFO como Area 51 e Hangar 18 que segundo Nick Menza seria um lugar onde militar onde está cheio de objetos sobre Ovni's e criaturas extreterrestres.
O restante das faixas abordam temas sobre políticos e a faixa Rust in Peace ...Polaris discorre sobre os misseis balísticos internacionais e os seus efeitos nefastos para o mundo e as críticas são sobre a guerra fria (que já havia terminado) e a empresa de armas Lockhead também entra na jogada. A faixa "Take no Prisioners" é sobre os assassinatos de soldados nas guerras e não se restringe apenas ao inimigo, mas os próprios soldados que por vez ou outras movidos pelos seus princípios são levados a quebrar algumas regras de condutas e por isso são levados a corte marcial de seus países para sem condenados a pena capital (no caso a pena de morte). Os temas sobre meio ambiente aparecem neste álbum também na faixa "Down Patrol", pois aqui a banda discute sobre poluição, ou seja, efeito estufa, super aquecimento do planeta e a vida humana após uma guerra nuclear. As faixas "Five Magic" e "Lucretia" são composições inspiradas em contos, pois a primeira é inspirada no romance "Master of the Five Magics" (O mestre dos cinco mágicos em português, em livre tradução), enquanto a segunda é sobre um fantasma que vive num sótão da cada de David Mustaine (que pelo visto deveria ser mal assombrada). Em "Tornado of Souls" o discurso gira em torno sobre relacionamentos disfuncionais e a grande dificuldade de se colocar um termo a eles e a última é "Poison Was The Cure" é uma questão que aborda os problemas pessoais de Mustaine e neste caso é sobre o seu vício em heroína.
A capa do álbum desenhada por Ed. Repka que já havia desenhado a do álbum anterior, já reflete bem o tema do álbum e já deixa explicito do que se trata a discussão que Rus in Peace tenta levar aos seus ouvintes, pois na capa os grandes líderes da época como: ex-primeiro ministro britânico John Major, o ex-primeiro ministro japonês Toshiki Kaifu, o ex-presidente alemão Richard von Weizsäcker, o ex-general soviético Mikhail Gorbachevev e o ex-presidente dos EUA George HW. Bush (pai), acompanhados do mascote Vic Rattlesnake e na capsula o extraterrestre um dos temas do álbum. A sonoridade pode ser descrita através de músicas velozes, melódicas, pesada e rápidas aliadas a técnica precisa para ajudar a tornar este trabalho revolucionário um marco na carreira do Megadeth e não é por acaso que este é o álbum mais cultuado e o mais vendido também, enfim um clássico da história do heavy metal que fez e ainda faz história.
E dessa vez quem começava a década de 1990, dando as cartas era o Megadeth, pois os seus companheiros de "Big Four" como o Metallica ainda amargavam os resultados excelentes obtidos por ...And Justice For All (1988), o primeiro a ser lançado sem Cliff Burton e o primeiro a coloca-los no Mainstream e a próxima aventura da turma de São Francisco chegaria as lojas somente no próximo ano, o Anthrax preparava-se para lançar o Persistence of Time (1990) o último álbum com a formação original e por sinal foi um grande álbum e os caminhos aqui tinham um leva flerte com o rap, mas nada que pusesse a obra na berlinda e o Slayer emplacava outro sucesso Seasons in the Abyss que trazia o som extremo e agressivo de sempre já o pessoal de fora do "Big Four" como o Testament lançava o excelente Souls of Black (1990), com um arrasador e brutal e a diferença entre eles comparados ao Megadeth é que som primava pela combinação do feeling, da técnica aliados a fortes doses de melodias e os temas que vaiavam entre política, religião, meio ambiente e guerras e pelo conjunto da obra o Megadeth quer queiram ou não estava um passo a frente dos demais (fato que só se repetiria 17 anos depois com United Abominations).
Os singles extraídos do álbum foram as faixas "Holy Wars...The Punishment Due", que além se dar bem nas paradas alcançando a 24º posição nas paradas britânicas, também virou vídeo clipe que apesar do tema não ter haver com o oriente médio o vídeo foi filmado lá retratando uma série de imagens de vários conflitos armados e foi filmado por lá justamente na época da guerra do golfo, e o outros single foi a faixa "Hangar 18" que também se deu bem nas paradas britânicas e galgou a 26º posição nos charts de lá. E com todos esse material redondo nada mais segurava o Megadeth que conseguirá fazer um feito inédito que estabalecer um novo padrão de composição para os seus futuros lançamentos e levou o gênero a dar um passo adiante, mostrando que o heavy metal, ou seja, o thrash metal estava mais vivo do que nunca e tinha plena capacidade de se reformular sempre que fosse necessário.
Faixas:
01. Holy Wars...The Punishment Due
02. Hangar 18
03. Take no Prisioners
04. Five Magics
05. Poison Was The Cure
06. Lucretia
07. Tornado of Souls
08. Down Patrol
09. Rust in Peace...Polaris
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