2 de setembro de 2012

Classic Thrash: Slayer - Reign in Blood (1986)


Em 1983, o Slayer lança o seu primeiro álbum Show no Mercy e através do som poderoso e coeso cujas bases são o power metal e speed metal metal também, mas só que um pouco mais de peso e com letras satânicas e com visual de couro preto, olhos pintados de preto também, mais braceletes cheios de pregos e tachos somados a violência sonora cujo resultado era uma música sombria, mórbida e blasfemadora e a partir daí a banda transformou-se num dos ícones do thrash metal junto ao Metallica que no mesmo ano abria as portas para o estilo com Kill 'Em All cujas diferenças sonoras entre ambos ainda não eram explicitas e só começariam a ser desenhadas a partir dos próximos álbuns. 



Em busca de se diferenciar o Slayer dá um passo importante na sua carreira, pois o primeiro álbum era apenas o início e como muita coisa ainda estava indefinida, por isso rolou uma transição daquele som pesado para um som ainda mais extremo e pesado também, pois os limites do metal e do hardcore começavam a ser testados com mais precisão visando descobrir até onde era possível ir e quais seriam esses resultados e nessa esteira nasce Hell Awaits (1985), que dava boas vindas a uma nova sonoridade ainda mais rápida e pesada e satânica também era o Slayer quebrando tudo, mostrando que era possível ir além, pois enquanto o Metallica tinha nas mãos Ride The Lightining (1984), um álbum que mostrava uma banda mais amadurecida e que havia dado um passo a mais a sua frente, mas em termos de peso e extremismo ficava atrás do Slayer, pois os caras não tinham um som refinado e nem faziam questão disso, pois o lance era chocar, provocar e mostrar o que Thrash Metal poderia oferecer sem frescuras nenhuma. 

O lado mais brutal e extremo do Thrash Metal é obra do Slayer e o que rolou depois foi apenas conseqüência desse trabalho desenvolvido desde o início cujo som sempre foi prioridade dentro de um processo dialético (tese, antitese e sintese), e o novo estava alil bem na cara era só passar na loja de disco mais próxima para poder conferir o que estava acontecendo naquele momento histórico que não tardaria a invadir outros continentes como a velha Europa ávida consumidora do Thrash Metal USA, e logo também traria suas bandas a lume. A banda até o momento permanecia sob contrato junto a Metal Blade Records e os dois primeiros álbuns de inéditas foram lançado por ela, mas tinha algo que tiraria a paz da pequena gravadora, pois a Def Jam Recordings (fundada em 1984 por Rick Rubin e Russell Simmons irmão de um integrande do Rum DMC, obviamente atuava no campo do rap), e se interessou pela banda, pois Rubin é fã de rock pesado. Como a Def Jam tinha melhores possibilidades de investimento e distribuição conseguiu contrata-los, mas tal negociação deixará os fãs com desconfiança, pois pelo fato de ser uma gravadora voltada a outro gênero pensavam que os caras poderiam se render aos modismos.     

Tom Araya, Jeff Hanemann, Kerry King e David Lomabardo não iriam largar o osso e mostrariam a todos que haviam desconfiado dessa mudança de selo iria interferir no selo estavam errados. Os passos que mudariam de vez os rumos do Thrash Metal e colocariam o Slayer no panteão dos ícones sagrados do gênero começaram quando a banda adentrou o estúdio News Fresh, em Nova York cuja equipe além da banda incluía a presença de Andy Wallace como engenheiro de som, enquanto a produção do álbum assim como dos anteriores era assinada pela banda e aqui não foi diferente, mas tem um detalhe o parceiro foi Rick Rubin que poderia testar as suas habilidades no metal produzindo o Slayer e as mudanças foram drásticas, pois as músicas tiveram o seu tempo reduzido consideravelmente, mas ganhavam em peso e velocidade deixando os álbuns anteriores no chinelo e caminhavam na caminho oposto de bandas como Megadeth e Metallica que faziam músicas com mais versos de guitarra e por isso um som mais cumprido e não tão direto e objetivo que os caras do Slayer pretendiam fazer no seu terceiro álbum de inéditas. 


Esta experiência nova em estúdio casou perfeitamente o metal e as influências de punk/hardcore e os limites entre a junção de ambos foram para o espaço, ou seja, todas as barreiras imagináveis e inimagináveis foram rompidas e num espaço de 28 minutos estava contido um dos álbuns mais revolucionários de toda a história da música no século XX, pois aqui tinha-se um disco coeso, forte, rápido, super pesado e super agressivo também e assim o Thrash Metal se reinventará, ou seja, o período de transição se completava formando um novo paradigma, um conceito ainda inexplorado que forneceu novas bases para o que viria num futuro não distante. O álbum aterrizou nas prateleiras das lojas no sétimo dia do mês de outubro de 1986, e a recepção foi calorosa tanto pela parte dos fãs que entraram em choque ao ouvir Reign In Blood, pois o arrebatador e cavalar anunciava novos tempos e calava a boca de uma vez por todas daqueles que haviam desconfiado da integridade da banda na mudança de selo. 

A imprensa musical também deu a sua reposta em relação ao álbum e por sinal foi muito boa e ao longo dos anos Reign in Blood entrava nas listas de melhores de álbuns de todos os tempos e o mais pesado também me revistas como a Spin Magazine, Q Magazine, Metal Hammer e a  Kerrang que não economizavam elogios na rasgação de seda para o Slayer e sua mais nova criação, pois nenhuma destas publicações exagerou quando o colocou nas suas listas de melhores como mais pesado, melhor de todos os tempos entre outras categorias. Embora o álbum tenha sido bem recebido tanto pela crítica quando pelos fãs ele também foi alvo de acusações, pois a faixa Angel of Death que realmente falava sobre as experiências do médico nazista Joseph Menguele (falecido no Brasil, na cidade de Bertioga em 1979), mas não no sentido apologético e sim crítico e como foram mal compreendidos ganharam erroneamente a alcunha pejorativa de nazistas e como se essa polêmica não fosse suficiente para atazanar os caras, os conservadores (que não são poucos naquele país da "liberdade") por sua vez também pegaram no pé da banda acusando-os de satanismo, ou seja, "adoradores de satã" o que causou alguns problemas para a rapaziada. 

Os problemas anteriores já listados eram apenas o início e na verdade o menor deles para uma banda que depende da máquina da indústria para distribuir os seus álbuns e a CBS devido a repercussão negativa se recusou a distribuí-lo (lembre-se do PMRC que na época estava bombando e tinha na linha de frente a esposa de Al Gore, Tipper Gore), mas a Geffen Recordsnão se intimidou e abraçou a empreitada, pois o álbum caíra no gosto dos fãs e a maior propaganda foi a base do boca a boca, pois as rádios e os seu promotores amarelaram e por isso o álbum não teve um alcance maior, mas isso não impediu que ele estourasse e fizesse sucesso e entrasse na lista da Billboard na 94º posição e pouco tempo depois conquistasse o seu primeiro certificado de ouro. Era um tapa com luva de película na cara da sociedade conservadora norte-americana que ao invés de rever a sua política externa e os tais movimentos organizados por esposas desocupadas de políticos corruptos e gananciosos que juntavam e gastavam horrores numa cruzada estúpida e estéril cujo resultado foi um selo que informava o conteúdo das letras, quando o conteúdo mais venenoso e pernicioso estava na política feita pelos maridos destas dondocas cujo resultado eram guerras e assassinatos e um rastro sem precedentes de miséria legado aos países emergentes (na década de 1980, denominados terceiro mundo).



Agora é hora de entrar no material do álbum resumido as 10 faixas que somam o tempo de 28 minutos e começando pela abertura que se tornou um hino "Angel of Death" cuja entrada já vem com um arrasador bumbo duplo e uma série de levadas espetaculares concentrando todo o peso da música apoiada pela dupla de guitarrista Jeff  e King que lançam mão de riffs serra elétrica e solos desgovernados sem afinação nenhuma, pois o negócio desses caras era  apenas espalhar o caos e nas partes mais cadenciadas os vocais de Araya brilham exprimindo com agressividade e brutalidade o novo brinquedinho do grupo. E na seqüência seguindo a mesma linha outros hinos do thrash se apresentam para roubar as almas dos ouvintes e "Piece By Piece"  realmente vai conquistando-te pedacinho por pedacinho, pois velocidade, agressividade e peso eram o denominador comum junto com a brutalidade e a urgência que fazem deste álbum coletânea infernal de riffs e solos avassaladores.

Na seqüência aparece "Necrophobic" reclamando o seu lugar no trono seguindo a mesma linha bruta e crua de sua antecessora é um convite a necrofilia e a outra polêmica é "Altar of Sacrifice" cujo seus solos distorcidos e o andamento rápido e pesado e marcado pelo bumbo duplo seriam a trilha sonora de um assassinado cometido nos EUA por dois jovens contra uma jovem (reportagem mostrada no Fantástico em 2001 pela Rede Globo). Já "Jesus Saves" é uma crítica veemente contra a religião e ao comportamento cristão que geralmente se esconde atrás do maniqueísmo para encobrir as suas ações e tudo isso tem como pano de fundo a brutalidade extrema das guitarras, da bateria e do baixo e a voz marcante e cativante de Araya, pois aqui o recado é o seguinte faça o que você quiser e já que você se insere nestes paradigmas de fé saiba que você pode correr e esconder e no final você será julgado, mas o prêmio o céu ou o inferno dependerá de você. "Reborn" é outro testamento legado pela tradição violenta do thrash metal cujo o único sentido e objetivo é esmagar e colocar no chão qualquer esperança de felicidade ou firulas e a letra confirma exatamente essa versão sonora inescrupulosa, pois o tema é novamente a crítica a religião que apenas visa dominar e reprimir e punindo todos os que discordem de seus ensinamentos falsos. 

Em "Criminally Insane" o tema é a violência e morte praticados por um psicopata alucinado que não demonstra nenhuma empatia ou comiseração pelas suas vítimas o que ele apenas quer é satisfazer os seus desejos mais insanos e tudo isso é narrado através de uma roupagem sonora bem violenta e agressiva sem limites de velocidade e peso demolidor na cabeça do ouvinte. Já "Epidemic" é outra amostra de insanidade, pois o peso das guitarras, da bateria do baixo e a agressividade ensandecida dos vocais fazem desta uma das mais brutais do álbum, pois aqui não clemência e nem escapatória e a exemplo da curta história da banda até aquele momento concessões nem pensar. Como o lance é chocar e abalar as estruturas não só do heavy metal, mas da sociedade como um todo vem ai "Postmortem" uma faixa cadenciada, mas mesmo assim é super brutal e crua, recheada pelo peso mortal e temperada pelos gritos apocalípticos de Araya e com bases de guitarra frenéticas que conduzem a momentos correria também com bumbo duplos falando sobre a vida após a morte. Fechando o álbum com grande estilo e pompa vem "Rainning Blood" cuja introdução é um efeito de chuva e depois entram os riffs de guitarra acompanhados de bumbos duplos arrebatadores para cair na correria avassaladora no estilo da faixa de abertura, anunciando os tempos de sangue e arrependimento o juízo final nunca esteve tão próximo e se mostrou tão revelador e punitivo. 



Depois de tudo pronto a banda para a digressão, ou seja, caí na estrada em turnê para divulgar a sua mais nova criação e um problema já começa logo de cara com David Lombardo que pela primeira vez abandona o grupo alegando problemas financeiros e para o seu lugar convidado Tony Scaglione (baterista do Whiplash), para fazer a primeira parte da turnê e graças a sua esposa que o convenceu a retornar a banda não ficou de fora da segunda parte da turnê cujo baterista seria Nick Menza (que mais tarde seria recrutado para o Megadeth). A arte gráfica de Reign in Blood foi desenvolvida e portando criada por Larry Carroll (que na época fazia ilustrações na área da política para as publicações The Progressive, Village Voice e New York Times), mostrava direitinho do que se tratava o álbum, pois ali o desenho mostrava vários homens disformes prestando culto a satanás carregando-o pelo inferno cheios de homens mortos e despedaçados em meio a um rio de sangue, fez sucesso na Blender Magazine's em 2006. 

Com Reign in Blood o Slayer achava o seu caminho além de escrever um novo modelo de se fazer thrash metal, distanciava-se em termos de estilo em comparação aos seus colegas do "Big Four", pois o Metallica neste mesmo ano lançava Master of Puppets cujo o som era mais complexo e além de caminhar por outros terrenos ainda inexplorados fazia um som pesado e agressivo, mas não era tão extremo e brutal e Megadeth neste mesmo ano dava um grande passo na sua carreira buscando o seu lugar ao sol, ou seja, visando colocar-se entre as estrelas do gênero com Peace Sells cujo som ainda estava com os pés dentro do heavy metal e embora também tivesse o charme não causava tanto furor e pavor já o Anthrax até aquele momento tinha na bagagem o álbum Spreading the Disease (1985) cuja sonoridade já encaixava-se dentro da nova onda do thrash metal e era o modelo para o clássico Among the Living (1987), peça que faltava para se definir de uma vez por todas, o que seria o thrash metal na sua pura essência como música.

Deste momento em diante nada e nem ninguém poderia mais segurar o Slayer na sua escalada rumo ao topo, pois o momento era de festejar e trabalhar duro e conseguir sempre o maior números de fãs que pudessem conquistar e com Reign in Blood como cartão de visitas os futuros fãs não tinham como resistir e o jeito era se entregar e jogar para tudo para o altar e apenas pensar "seja o que tiver de ser". Ao longo dos anos a importância pode ser sentida em vários tributos e até mesmo pela banda que o tocou na íntegra durante uma de suas turnês e o gravou e lançou o dvd "Still Reigning" e tanto é verdade o título que até hoje o álbum "ainda reina" entre os fãs do estilo e da banda, pois é impossível conhecer e tornar-se adepto do gênero e pelo menos não conhecê-lo e se você ainda não o conhece não perca tempo garanta já o seu, pois é o mínimo que um colecionador ou fã de música de primeira linha pode fazer enriquecer a sua coleção e o seu conhecimento que aqui o impacto social foi e ainda é muito grande e por isso o convite está lançado e boa sorte! 

Faixas:

01. Angel of Death 
02. Piece by Piece
03. Necrophobic 
04. Altar of Sacrifice 
05. Jesus Saves 
06. Criminally Insane 
07. Reborn 
08. Epidemic 
09. Postmortem
10. Raining Blood  






                


         

            


               



















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