7 de agosto de 2012

Classic Live: The Allman Brothers Band - At Filmore East (1971)



O Southern Rock nas mãos do The Allman Brothers Band foi além dos limites em cima dos palcos, e foi justamente pelas mãos dos músicos cujo talento aliado as virtudes individuais que, reunia um time de gênios que levou o blues a outro patamar e fez do seu som ao vivo uma verdadeira máquina arrebatadora de almas, que apenas só podiam se entregar a fúria do grupo quando entravam em cena. O grupo fizera a sua estréia vinílica o álbum The Allman Brothers Band (1969) e já causava furor no cenário com o seu som poderoso e no ano seguinte a banda coloca novamente o pé no acelerador e lança o seu segundo álbum de estúdio Idlewild South (1970), dono de muitas mudanças, pois a banda levava a sua música a outros patamares a olhos nus.   


E qual era o grande diferencial do The Allman Brothers Band? A resposta não é complicada, não, e é simples os caras tinham o guitarrista Duane Allman, um musico fundamental cujas influências passavam pelo blues e pelo jazz também e ele estudava os jazzistas para aprender a criar melodias dentro de uma estrutura mais complexa harmônica e ritmica. E o reconhecimento veio com um convite de Eric Clapton que estava a sua banda o Derek and the Dominos gravando o álbum Layla and Other Assorted Love Songs (1970), e o guitarrista claro que aceitou e deixou a sua marca no slide guitar que era a sua especialidade.

As apresentações do grupo ao vivo eram bombásticas recheadas de improvisos de guitarra e a dupla Dickey Bettis e Duane Allman desfilavam solos e riffs que faziam o espectador viajar e sair de órbita era como se a guitarra acaba-se de encontrar um novo caminho que por sinal era mais desafiador ainda. O grupo tinha seis instrumentistas todos muito bem afiados e prontos para detonar, destruir e arrasar de vez com os estádios por onde passavam deixando estampado na cara público aquele sorriso de felicidade depois de algumas horas de pura avalanche sonora despejada em cima deles. Então com esse currículo invejável em processo de formação o grupo só tinha o trabalho de caminhar sobre terra promovendo os seus espetáculos insanos e com dois álbuns aclamados pela crítica tudo ficava mais fácil e alguns passos a mais, fundamentais é claro seriam dados no futuro não obstante. 


Apesar da banda já desfrutar de certo status que os deixavam numa posição confortável a banda ainda estava com um pé no underground e outro no degrau de cima, mas o principal que era o sucesso esse ainda era o sonho que o grupo desejava alcançar e mesmo com dois excelentes álbuns de estúdio rodando pelas lojas do país a banda do ponto de vista comercial não deslanchava até que o grupo resolveu gravar o seu primeiro álbum ao vivo para quem sabe dar a famosa virada na mesa e quem sabe entrar para o grupo dos grandes nomes do rock e tornar-se uma lenda também.

O ano de 1971 seria um ano muito importante para o Allman Brothers Band que caiu em turnê pelo seu país natal e durante este período que o grupo esteve em digressão, duas apresentações do grupo foram registradas nos dias 12 e 13  de março no Filmore East, em Nova York e alguns meses depois, ou seja, em julho o primeiro álbum ao vivo At The Filmore East que é a prova cabal dos excessos do rock nessa época louca e lisérgica onde o rock ia a lugares nunca imaginados antes mostrando novos caminhos para um futuro avassalador que fluía através das guitarras pesadas e virtuosas. 

O Allman Brothers Band era um dos atores desse circuíto revolucionário, pois o grupo despejava toda as suas habilidades no blues, no country e no jazz cuja fusão destes estilos foram os paradigmas onde a banda criou um som poderoso, pesado e pungente e pelas mãos de Dickey Betts (que também merece destaque por esta fabulosa empreitada), junto do seu colega Duane Allman (o grande nome do grupo que já havia conseguido ter o seu devido reconhecimento pela participação ao lado seu ídolo Eric Clapton no álbum de estréia do Derek and the Dominos), fizeram toda a diferença através de riffs e solos cavalares que os lançava direto no centro furacão. 


Aqui o Southern Rock colocou para fora tudo o que era possível e impossível e é justamente esse mérito do trabalho, pois ao longo de sete faixas que mais parecem jams sessions enormes recheadas de longos solos e improvisos enlouquecedores, uma verdadeira aventura em forma de música que refletiam o que foram os anos da década de 1970 na música, pois além dos já citados guitarristas e seu exímio talento para criar harmonias, melodias e estruturas cujas texturas iam aos extremos, o orgão de Gregg Allman e os seus vocais emocionais que deixam transparecer toda a sua, amargura, passado para o expectador com honestidade e sinceridade o que estava cantando (afinal de contas o seu ingresso na banda era considerado um resgate de uma vida amarga e cheia de dor depois de um relacionamento muito mal sucedido).

Os grandes pontos positivos deste álbum que se resumem o que era o grupo em cima do palco podem ser alcançados quando ouvinte se depara com as longas You Don't Love Me, In Memory of Elizabeth Reed e Whipping Post, tem a instrumental Hot Lanta e as blues bem pesadas e arrastadas como Statesboro Blues o grande hit, ou seja o carro chefe da banda logo na abertura já deixa explicito as intenções da banda e também destaca-se a sentimental Stormy Monday um dos grandes momentos do álbum onde o conjunto brilha tanto quanto o sol e a cozinha também deixou a sua marca nesta empreitada os bateristas de mão pesada Jaimoe e Butch Trucks massacravam os seus instrumentos sem a menor piedade enriquecendo ainda mais o trabalho grupo que ainda contou as participações especiais dos músicos Bobby Caldwell (tocando percussão), Elvin Bishop (vocais) e Steve Miller (nas guitarras) participaram da faixa Drunken Hearted Boy que não consta no álbum, mas a lista de participações especiais não para por ai, pois os músicos Thom Doucette (harmonica) e Jim Santi (tamborim) tocaram em boa parte das fixas gravadas no álbum. 

O Allman Brothers Band entrega nas mãos de seus fãs, dos críticos e dos músicos um verdadeiro manual para qualquer guitarrista que quisesse se iniciar no instrumento e os críticos no caso da revista Rolling Stones publicaram elogios, ou seja, verdadeiras rasgações de seda para o conjunto que fez e fazia por merecer o que vinha conquistando de maneira lenta, mas verdeira e sóbria. e A mesma Rolling Stones que na época rasgou seda para a banda como uma coisas mais bonitas que já tinham acontecido no rock norte americano voltava a atacar novamente, mas desta vez o elegeu um dos maiores álbuns de todos os tempos cuja posição é a número 49, em 2003 e ao longo dos anos ganharia o primeiro certificado de platina aumentado ainda mais a fama do grupo. 

  
O Allaman Brothers Band era muito mais do que uma simples banda de Southern Rock que no palco enlouquecia e levava as multidões a loucura com o seu som, eles eram a cara e um novo sul que olhava para a frente e aos poucos ia deixando para trás a antiga fama machista e racista (onde os confrontos entre brancos e negros eram acirradíssimos em torno da disputa dos direitos civis), e a banda representava essas mudanças e só olhar para o line-up e ver que o baterista e percussionista Jaimoe era negro e para os irmãos Allman e o resto do grupo esta era uma questão que deveria ser ultrapassada pois era preciso mudar e os caras como estudavam o blues fosse ele o urbano ou rural cujas raízes são essencialmente negras não tiveram problemas nenhum para dizer não ao racismo e assim divulgar o novo sul com o qual muitos dos fãs locais se identificavam e ajudaram a construir a fama e a reputação do grupo.

Mas infelizmente da família, ou seja, da banda Allman Brothers se desfizeram quando no dia 29 de outubro de 1971, quando as coisas caminham bem para a banda vem a trágica notícia de Duane Allman que faleceu em um acidente de moto, ao tentar desviar de um caminho que apareceu do nada e com o movimento perdeu o controle do veículo que caiu sobre a sua perna e o arrastou por vários e metros para encontrar com a morte. A perda do guitarrista foi realmente insuperável e trágica e se caiu como uma bomba sobre os demais companheiros, pois o principal compositor e alma da banda falecia de maneira trágica e a dor de Gregg Allman era maior ainda, pois naquele momento acabava de perder o seu irmão e para o baixista Berry Okaley a perda foi irreparável fato que ele nunca aceitou e morreu pouco tempo depois no mesmo local pelo mesmo tipo de acidente.

Mas a banda encerrara de maneira brilhante e profunda a primeira fase do grupo cujo o sucesso finalmente começava a se instalar e o seu maior idealizador não estava mais lá para poder assim como o seu irmão desfrutar dele, mas para nós fãs do grupo ficou a obra para podermos nos consolar e viajar através dessa época fantástica e excêntrica do rock, cujo o caminho é trilhado por uma das maiores gravações do rock de todos os tempos e por isso meu amigo que eu lhe digo não perca mais tempo e embarque nesta história de arrepiar os cabelos e adquira agora mesmo o seu exemplar deste magnifico álbum de recordações memoráveis de um tempo que infelizmente só podemos imaginar e talvez desejar em sonhos onde podemos ser felizes, mas uma parte dessa felicidade tem nome e chama-se At Filmore East.

Faixas do álbum:

A1 Statesboro Blues 
A2 Done Somebody Wrong 
A3 Stormy Monday 

B1 You Don't Love Me

C1 Hot Lanta
C2 In Memory of Elizabeth Reed 

D1 Whipping Post 


      

   




          

    


















Nenhum comentário:

Postar um comentário