5 de agosto de 2012

Classic Rock: Neil Young with Crazy Horse - Everybody Knows This is Nowhere (1969)


Eu não sou contra o cenário atual e também não penso que a música atual seja tão inferior como pinta-se por ai, mas o meu apreço e fascínio pela música feita nas décadas de 1960 e 1970 se justifica pelo seguinte: O rock não se reduz apenas aos medalhões como quer a indústria fonográfica, sempre avida para faturar seu milhões e engordar, abarrotar seus cofres em cima desse período fantástico, pois boa parte do que escutamos hoje vem da iniciativa daqueles músicos que quebraram várias fronteiras e transcenderam os seus caminhos mostrando uma infinidade de possibilidades cujas experiências foram entregues ao público em formato de discos. 


Pelo fato de muita, mas muita cosia ter ficado soterrada e ter obtido menos visibilidade, eu fui descobrindo ao longo dos anos uma série de "novas" bandas e uma dessas bandas que é conhecida por muitos e que inclusive é um medalhão do rock é o Neil Young que na década de 1960 formou o Buffalo Springfield junto com seu colega Stephen Stills, e o resultado desse primeiro encontro são três álbuns de estúdio Buffalo Springfield (1966), Buffalo Springfield Again (1967) e o derradeiro Last Time Around (1968) e depois do fim do grupo Neil Young se lançou em carreira solo e o primeiro álbum de sua aventura como tal, aconteceu em novembro de 1968 com o álbum ao intitulado Neil Young, mas o disco serviu apenas para indicar que o artista estava pista em busca do sucesso. 

Esse era um fato que logo iria mudar, pois qual é o artista que se conforma em não sair do lugar e limitar a sua arte a pequenos públicos ainda mais na década de 1960 e 1970, quando a música rock estava contudo arrebatando os jovens pelo planeta. Tudo parecia se encaixar e logo Neil Young estava com um pessoal, ou seja, uma banda muito boa cuja origem dos caras era a cidade de Los Angeles, nos EUA, e o entrosamento foi perfeito e rolou a química necessária para efetivar a empreitada que iria resultar no segundo de Neil Young e o primeiro dessa parceria história e antológica do rock. 


Agora que Neil Young e o Crazy Horse estavam em atividade o jeito seria testar se o empreendimento que esta banda prometia seria ou não bem sucedido, e para isso acontecer os caras entraram em estúdio, no Wally Helder Studios em Hollywood e os resultados obtidos ali seriam o início de grandes transformações, pois a distorção da guitarra junto com a microfonia e a sujeira estava garantida e o resto do seus companheiros Danny Whitten, David Briggs, Ralph Molina e Billy Talbot  entregaram em duas semanas de um trabalho perfeito cujo o processo não foi nada fácil, pois a banda foi quase totalmente gravada ao vivo, em estúdio.

Nesta obra prima, que é Everybody Knows this is Nowhere, o canadense explora as suas influências do country, do folk e claro do rock também, coisa que ele já fazia na sua época ao lado da banda Buffalo Springfield. E o que temos aqui, quando falamos da sonoridade é um som cru, onde o country vai lá nas alturas e faz desse estilo uma das referências, ou seja, um dos grandes diferenciais deste álbum. O outro diferencial que deve ser ressaltado aqui é a participação do Crazy Horse nesta labuta, pois os timbres que os caras colocaram nas faixas ficaram impecáveis e levam o disco como um todo a outro nível, inigualável talvez nem Bob Dylan quando eletrificou o seu som imaginou que era possível chegar neste patamar. 

É impossível ouvir o disco e falar mal dele, embora as críticas sejam naturais e fazem parte do espetáculo da indústria, após a primeira audição você reconhece a sinceridade e honestidade empregadas na realização, concepção do álbum, pois a entrega de todos os músicos foi total e sem limites e por isso não se intimidaram e resolveram misturar e misturar para ver o que poderia rolar quando o álbum fosse finalmente entregue aos fãs e críticos (estes que poderiam arruinar um trabalho, ou eleva-lo nas alturas e fazer dele um clássico). 

          
Neil Young mostra toda a sua força e fincou os pés no chão desta vez, o cara veio realmente para ficar e marcar o seu nome no cenário. A música era o pano de fundo perfeito para ele cantar, ou seja, declamar letras pungentes que mais se assemelham a poesias do dia a dia e os sentimentos fluíam e saiam tranquilamente para que o ouvinte pudesse captar a atmosfera de suas canções e mergulhar nessa profunda lagoa de alegrias, tristezas e lamentações que ele passava e justamente por tudo isso é que o álbum Everybody Knows this is Nowhere é um dos grandes clássicos, um patrimônio do rock contemporâneo e todos que quiserem saber quem é Neil Young e o Crazy Horse tem neste álbum um grande início, que por sinal é arrebatador pelo fato de ser sentimental também. 

As músicas do álbum são consistentes e refletem o sucesso do disco, pois já na abertura a faixa "Cinnamon Girl" e a musicalidade pesada acompanhada por riffs cortantes e distorcidos aparecem para dr o tempero essencial para essa faixa que foi escrita quando Neil Young estava acometido por uma febre de 39º graus, quando criança, e nesse estado a inpisração do músico permitiu que surgissem as faixas Cowgirl in the Send e Down by the River as faixas mais longas do álbum cheias de solos e guitarras distorcidas e que na verdade são os pilares do álbum, com o seu andamento cadenciado onde as guitarras se completam e levam o ouvinte por uma bela viagem pelo tema proposta em cada das faixas. Pegando o bonde rumo as faixas mais sentimentais do álbum desembarco de cara na primeira delas a faixa título Everybody Knows this is Nowhere cuja sonoridade anda devagar, apresenta também vocais bem melódicos que se fundem perfeitamente ao instrumental como se fossem uma única parte. 

Já as demais faixas que andam nessa linha, temos Round and Round 9 (It Woun't be Long), The Losing End (When You're Own) ondeo grupo desfila a magia do country com o rock num ritmo preguiçoso até parece aquelas canções de verão que você escuta naquelas tardes ensolaradas quando esta estendido naquelas cadeiras tomando um sol, bebendo cerveja e fazendo churrasco com os amigos e em Running Dry (Requiem for the Rockets) os violinos tocados por Bobby Notkoff (que assim como Molina e Danny foram membros da banda The Rockets, que posteriormente tornaria-se o Crazy Horse) casaram perfeitamente com as guitarras e foram o grande diferencial por criar um clima sombrio e triste para esta canção.

     
O resultado dessa parceria é Everybody Knows this is Nowhere e sem sombra de dúvidas é um dos melhores lançamentos do canadense e seus companheiros do Crazy Horse, cuja parceria renderia ao longo da década e posteriormente nas décadas seguintes renderiam excelentes álbuns. E o sucesso do álbum foi agraciado com o primeiro disco de platina da sua carreira solo e no ano seguinte mais novidades aconteceriam como a parceria com Crosby, Stills e Nash e dali em diante ficaria conhecida como Crosby, Stills, Nash & Young e os resultados também seriam excelentes álbuns que ajudariam ainda mais a fomentar a reputação de Young como um dos grandes nomes do rock setentista. 

E agora para finalizar o texto, volto ao início, pois quando eu falei sobre bandas que ficaram desconhecidas eu queria na verdade dizer mais opções boas para se ouvir visando fugir da mesmice e como essa época foi brilhante pelas possibilidades que apresentou e o Neil Young fazia parte dessa geração e mostrou uma música formidável e mostrou o que podia acontecer com rock quando ele se misturava a estilos como country e o folk e o resultado bem sucedido esta aqui e se você acha que os anos 70 foram apenas bandas de hard rock, heavy metal ou progressivo está você enganado e por isso você pode muito bem encontrar outras repostas neste álbum que o trivial não te dá. 

Por mais que pareça contraditório eu falar em um medalhão do rock, eu me explico dizendo que eu falo dele porque nunca o vi figurar nas revistas de heavy metal brasileiras e também não vejo uma larga parcela de fãs de rock comentar nada sobre este cara cuja a carreira brilhante tem discos, músicas que falam muitas coisas que não se perderam no tempo e por isso são tão atuais e por isso se você não o conhece depois de ler este texto faça, um grande favor para você dirija-se a loja mais próxima e adquira o seu exemplar desta pequena grande obra, pois é o mínimo que você pode fazer para fugir da rotina.   

Faixas:
A1. Cinnamon Girl
A2. Everybody Knows This is Nowhere
A3. Round & Round (It Won't Be Long)
A4. Down by the River

B1. The Losing End (When You're On)
B2. Running Dry (Requiem for the Rockets)
B3. Cowgirl in the Sand

          










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