Os Piores Discos do Rock: Ozzy Osbourne - Down to Earth (2001)

Criar esta série dos piores álbuns da história do rock foi complicado, porque é uma situação polêmica já que falar de discos ruins não é nada fácil, uma vez que temos sentimentos envolvidos e nesse caso eles falam mais alto do que a razão e tornam a empreitada delicadíssima e as vezes as discussões descambam para a baixaria, porque cada um tem o seu gosto e geralmente bota expectativas demais em cima do artista e dos seus trabalhos e a pressão não é nada fácil tanto para o autor da obra, críticos e o próprio fã. Por isso escolhi a dedo alguns álbuns que na minha opinião se encaixam nessa qualificação, mas que merecem uma revisão não para salva-los e nem justiça-los (porque realmente são dignos das críticas que receberam na época dos seus lançamentos e ainda se recebem quando lembrados), o que nos interessa é tentar compreender porque esses discos foram concebidos o que estava rolando naquela época, o contexto onde o artista estava inserido já é um bom indício para começar essa investigação e refazer a tal avaliação e justificar alguns porquês.

E os começos como não são nada fáceis, resolvi escolher um álbum que realmente decepcionou, mas como se trata de um artista consagrado cuja carreira começou na década de 1970, numa das bandas precursoras do Heavy Metal fica difícil falar por ser fã também, mas isso não me impede de fazer as minhas criticas e por isso o álbum Down To Earth do vocalista Ozzy Osbourne foi o eleito para estrear esta série de 10 álbuns e caso alguém tenha mais um álbum que se encaixe e queira vê-lo resenhado aqui é só indica-lo nos comentários e se na minha concepção ele realmente se encaixar com certeza ele estará neste quadro. 

A década de 1980 foi altamente rentável para o ex-vocalista do Black Sabbath, que após tomar um pé no traseiro de sua ex-banda resolveu partir para a sua carreira solo onde começou de cara lançando dos clássicos irreparáveis do Heavy Metal: Blizzard of Ozz (1980) e Diary of a Madman (1981), que até hoje são os maiores sucessos comerciais do Mr. Madman e a lista de álbuns excelentes não para por ai, pois a lista segue com outro grande momento registrado no álbum Bark at the Moon (1983) e depois o incompreendido The Ultimate Sin (1986) e a década fecha com chave de ouro com o apagado No Rest for the Wicked (1988), pois Ozzy Osbourne dá umna breve interrompida para tratar do seu vício em álcool e drogas. 

E o retorno vem com outro clássico No More Tears (1991), mas desta vez o príncipe das trevas voltou sóbrio, pois havia se reabilitado e partir daquele momento estava pronto para uma vida mais "saudável", pois show tinha que continuar já que ele conseguirá tornar-se maior que sua ex-banda que jamais conseguiu repetir o mesmo sucesso que havia obtido durante a sua passagem pelo grupo e quatro anos mais tarde ele contra ataca com outro álbum Ozzmosis (1995), que é considerado pela crítica e pelos fãs como o último bom momento do cantor em estúdio.

Depois de um longo tempo Ozzy Osbourne reaparece com Down to Earth e junto com o álbum veio junto uma enxurrada de críticas negativas, pois a derrapada foi feia e todo aquele passado glorioso ia embora pelo ralo porque para os fãs era inconcebível que o pai do heavy metal virasse a casaca e passasse a flertar não, mergulhar de cabeça no New Metal (mistura do metal com o rap), enfim o pecado já estava cometido e não tinha como voltar mais atrás e o jeito era enfrentar a tormenta que vinha levando tudo pelo caminho.

Nisso tudo existe um porém a banda de Ozzy nessa altura contava com o retorno do guitarrista Zakk Wylde de quem se esperava mais e mais considerando a sua trajetória com o Black Label Society com os álbuns que já estavam rolando no mercado, tinha também o baixista Robert Trujilo que estava mais familiarizado com o estilo porque além de ser revelado pelo Suicidal Tendencies que também flertou com este estilo e não foi algo passageiro, também tocou Infectious Groove que era adepta do funk metal e o baixista era engresso justamente dessa banda nesse altura e além do baixista tinha o baterista Mike Bordin que havia tocado no Faith no More que era uma banda rock alternativo e como sabemos que músicos novos alteram e muito a ordem das coisas talvez este possa sere um detalhe que tenha ajudado a influenciar nos rumos desse álbum. 

Uma verdade que deve ser dita é que a música feita por Ozzy Osbourne sempre teve como alvo o mercado norte-americano desde os primórdios de sua carreira solo, mas só que temos que entende uma coisa no começo do século XX o New Metal ainda ainda dominava as paradas daquele país e como a música dele tem como alvo aquele mercado nada mais natural que ele tentasse entrar naquela onda para manter-se em evidencia já que o Heavy Metal por lá estava em baixa, mas já começava dar pintas de que ia renascer. Era necessário para ele dar um outro passo ainda maior, ou seja, ampliar o seu público atingir outro nível e ai é que mora o perigo porque uma decisão mal tomada por significar o rompimento com uma série de coisas e infelizmente Down to Earth foi esse porta voz maldito que chegou anunciar novos tempos e que maus tempos, heim?

          

O vocalista provavelmente via-se numa encruzilhada mudar o som, mas como? Eu terei que agradar a duas turmas a primeira os fãs mais antigos e que provavelmente ficarão abalados e por isso desapontados comigo e do outro lado os novos fãs que estavam na onda daquelas bandas alternativas e new metal que também poderiam ignorar o álbum caso ele fosse metal demais então como misturar os dois e fazer um trabalho pelo menos aceitável? esta ai mais uma hipótese, pois alguma coisa deve ter se passado pela cabeça de Ozzy Osbourne embora ele tenha passado um bom tempo nesse segundo retorno Black Sabbath que na minha opinião não diz nada a favor e nem contra esse álbum (não tem influência). 

Down to Earth se salva de ser um lixo total porque ainda tem lá os seus bons momentos como Gets Me Through e No Easy Way Out e That I Never Had, mas mesmo assim essas faixas estão bem abaixo do que se espera de um cara como Ozzy Osbourne e isso não significa que ele tenha que repetir os clássicos, mas deveria ter pensado mais ao elaborar este disco tudo bem as guitarras metal estão aqui, os elementos do alternativo também se sobre saíram em demasia e o resto do álbum são três baladas fracas como Running Out of Time, You Know...Part.1, Dreamer as faixas demais como Black Illusion, Alive, Can You Hear Them? e Facing Hell tomam banho no lugar comum e apenas mostram um álbum apático, monótono que não vai para lugar nenhum, ou seja, falta inspiração e criatividade e olha que os músicos que deixaram a sua marca nesta empreitada não são ruins não, pois aqui Ozzy tinha um supergrupo e por isso eles todos tinham a obrigação de fazer algo de boa qualidade e não esse fiasco em forma de álbum. 

Para o mercado norte americano o álbum atingiu as expectativas e ganhou um disco de platina depois de dois anos do seu lançamento, mas aqui no Brasil foi digno de muitas criticas e a sua compra pelo conhecimento que tenho sobre quem o comprou são pessoas ligadas ao alternativo, pois o pessoal do heavy metal e fã das antigas ignorou e se comprou o fez depois de muito tempo nas gôndolas de promoção por onde o álbum encalhou e também não foi para menos. Nessa época o metal estava ressurgindo em vários lugares e esperava-se que o principal artista do estilo desse mais uma contribuição provando que ele realmente estava de volta, mas infelizmente não foi isso o que aconteceu e a decepção foi muito grande depois de um hiato de 6 anos esperava-se algo arrebatador. A produção de Tim Palmer que também participou das composições e deixou as suas marcas também foi fato negativo o cara nunca tinha produzido uma banda de heavy metal antes, pois no seu currículo constavam trabalhos ao lado de bandas do cenário pop como: The Cure, Robert Plant, Gene Love Jezebel, HIM e muitas outras dentro dentre deste mesmo gênero e isso foi um fator que contribuiu e muito para o resultado mal sucedido de Down to Earth.  

                           

Pelo menos uma coisa ficou clara para mim Ozzy Osbourne com esse disco dizia uma coisa que talvez muitos não perceberam naquela época e não perceberam até agora a música dele é exclusivamente voltada para o mercado norte americano e quer gostem ou não é essa a realidade e ele não irá muda-la, pois foi lá onde ele estourou e a base mais forte de fãs é de lá também, enfim é a realidade onde ele esta inserido e pronto. 

E depois de seis anos ele voltou a atacar, mas desta vez o registro era o Black Earth e seguiu a mesma linha do anterior, mas de maneira mais suave e o resultado também não foi legal são sei se foi pela derrapada de Down to Earth, mas pela primeira vez o cantor não ganhava um disco de platina no mercado norte americano o que significa uma boa queda de popularidade, mas também devemos no lembrar dos downloads ilegais que possivelmente contribuíram para essa queda. 

Já com Scream (2010), com o guitarrista Gus. G a coisa melhora e ele finalmente consegue equilibrar os dois lados da moeda e trás neste álbum um bom apanhado de tudo o que já o que indica que a banda está em processo de mudança para algo novo, ou pelo menos diferente que possa se adequar aos novos onde tanto os fãs antigos e novos possam se encontrar sem problemas maiores, mas independente de tudo o que é necessário para se fazer música é inspiração e em 2001 isso era o que sua banda menos tiveram e desculpas não faltaram e a verdade é essa um disco fraco que hoje fica impossível encontrar um caminho para dizer que ele foi injustiçado e por isso fica para posteridade onde talvez os novos e jovens vejam o que nós não vimos na época e façam a justiça que ele merece considerando-o ruim ou bom, porque mesmo depois de 11 anos fica difícil.