6 de dezembro de 2012

Os Piores Discos do Rock: Queen - Hot Space (1982)


A década de 1980 proporcionou uma vasta gama de texturas, ou seja, de novas sonoridades dentro do hard rock e principalmente no heavy metal, pois surgiram uma série de subgêneros que podemos ouvir até hoje. Quem sobreviveu a década de 1970, pode continuar na incipiente e renovadora década de 1980, mas não escapou incólume e teve de se reciclar e não foram poucos os artistas que foram obrigados a transformar-se para poderem continuar relevantes e o Queen foi uma destas bandas que seguiu em frente e olhando para as possibilidades que poderiam abraçar não desperdiçaram a oportunidade de crescer mais (popularmente e financeiramente). 



Os britânicos vieram da anterior com a fama lá nas alturas e deixaram para trás excelentes álbuns de estúdio e um outro igualmente excelente álbum ao vivo. Os caras praticavam um rock pesado baseado nas guitarras de Brian May que descia a mão sem dó e muitos desprovido de piedade e o resultado foram algumas faixas histórias e clássicas que levaram a banda a alcançar o estrelato. Em 1980, os caras colocam no mercado o álbum The Game (1980), que já trazia algumas mudanças na orientação musical dos caras que já se aventuravam na música eletrônica experimentando uma coisinha aqui e outra acolá. 

No ano de 1981, o grupo estava no auge de sua popularidade e pela primeira vez desembarcaram para uma mega turnê sul americana passando pelo Brasil e pela Argentina com shows lotados em todas elas, os caras conseguiram fazer o que tanto queriam conquistar ambas as plateias e depois disso feito parecia que nada mais poderia derrubar os caras cuja a popularidade só fazia crescer no plano internacional. O grupo já havia dado sinais de que estava entrando um complicado processo de mudança, pois o hard rock agora teria uma novo companheiro o pop acompanhado por uma sonoridade mais eletrônica e portanto mais dançante perfeito para as discotecas e as suas fabulosas pistas de dança.  

Em 1982, o grupo lança Hot Space um disco totalmente diferente do que a banda já havia produzido até o momento e o resultado foi catastrófico, pois se a banda pretendia dar uma levantada nas finanças, o tiro saiu pela culatra e o álbum por parecer algo digno de grupos como: Ace of Base e mais uma leva dessa linha, deixou muito a desejar e a tal nova sonoridade adota estava realmente muito longe do Queen dos seus anos dourados onde lançou clássicos eternos do rock. A música eletrônica predominou no álbum e o hard rock que os havia consagrado simplesmente havia desaparecido para dar lugar a um dos maiores fiascos da história do grupo que amargou um tremendo fracasso. 

O que pode se explicar sobre esse fato é que o grupo queria mesmo se reciclar e atingir uma audiência maior, pois fazendo somente álbuns de rock pesado não daria aos caras o que eles queriam, pois nesta linha já existam inúmeras bandas inclusive influenciadas por eles fazendo este estilo mais pesado e provavelmente para os caras isso pesou e muito e se consideramos que os Rolling Stones quando entrou na década de 1980, se esqueceu completamente dos álbuns de rock que tinha lançado nas década de 60 e 70, para dar lugar a um som totalmente dançante e pop com alguma coisa de rock.  

A verdade que esta incipiente mistura de música eletrônica dançante só foi surtir efeito dois anos mais tarde quando, a banda retornou com o álbum The Works e apresentou uma mescla perfeita, ou seja, muito bem equilibrada do rock e da música eletrônica que redundou num som pop de peso e sucesso e o tanto é verdade que o grupo foi convidado para integrar o cast do Rock in Rio em 1985, e pela segunda os fãs iriam poder conferir os britânicos em solo tupiniquim, mas só que agora com uma roupagem sonora e com nossos sucessos e com a fama consolidada e status de mega banda. 

Do track list apenas a balada "Palabras de Amor" se salva, pois o resto fica impossível de descrever aqui, pois infelizmente é um show de horrores, cuja compra só vale a pena se for naqueles saldos a preço baixíssimos, pois pelo preço cheio é queimar dinheiro. Entendo perfeitamente que os artistas necessitam ser relevantes e por isso sempre é necessário alcançar outros horizontes, mas isso não significa que os caras tem o direito de apresentar qualquer coisa, é preciso lembrar o passado e manter-se relevante não é apenas mudar de estilo do dia para a noite, mas sim saber mesclar antigo e o novo e manter o equilíbrio, mas é uma pena que nem sempre dá certo e naquela oportunidade o Queen tenha falhado para voltar com a redenção dois anos mais tarde. 

Como eu já havia dito em posts anteriores nem todas as bandas foram bem sucedidas quando resolveram mudar os seus estilos, o Queen a primeira vista não foi, mas no fundo valeu o investimento e dar cara a tapa e colher os resultados negativos dessa aventura, pois se não fosse por este álbum provavelmente álbuns como The Works (1984), A Kind of Magic (1986) entre outros não teriam saído do papel. A ousadia em experimentar e renovar também tem seu preço e embora as vezes ele custe muito caro vale a pena pagar, pois sempre existe um porque que fica escondido nesse processo evolutivo que é o embrião de um sucesso que surge posteriormente e os resultado disso são obras clássicas e no caso do Queen esse tropeço abriu portas para um futuro ainda mais brilhante e milionário, por isso eu digo apenas repense os seus conceitos e procure entender que até o pior disco tem a sua função. 
  

  



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