8 de dezembro de 2012

Classic Heavy: Iron Maiden e os trinta anos de The Number of the Beast


Em 1980, o Iron Maiden começa a sua saga que se comprovaria bem sucedida, pois o primeiro passo foi dado com o primeiro álbum, Iron Maiden (1980), com uma capa cuja a figura, o mascote do grupo chamado de Eddie, que se conectou perfeitamente com a imagem e o som que a banda construiu em torno de si. O som além de ser um amálgama poderoso, ou seja, pesado e muito agressivo tinha uma cara punk também que realçava ainda mais a sonoridade, mas um dos grandes diferenciais da música produzida pelo quinteto britânico residia justamente nas suas influências que apesar de resultarem em composições velozes, agressivas e  pesadas que foram utilizadas pelo compositor e líder da banda, o baixista Steve Harris.     



Apesar do baixista ser o principal compositor, ele não estava sozinho na empreitada e contava com grandes músicos do seu lado, inicialmente com Dennis Straton (guitarra), Dave Murray (na guitarra também), baterista Clive Burr e nos vocais um jovem bem doidão chamado Paul Di´anno e mais o líder da banda é óbvio. Cercados de todos os aparatos necessários a banda fazia apresentações incendiárias e conquistou as rádios e os fãs que cada vez mais se multiplicavam em torno do grupo aumentando a popularidade do grupo, e claro as vendas dos álbuns. As mudanças na formação fazem parte do espetáculo e a primeira a acometer o Iron Maiden foi a saída do guitarrista Dennis Straton, pois o cara alegou diferenças musicais e abandonou o barco e para o seu lugar a bana recrutou outro talentoso guitarrista, Adrian Smith. 

Após o sucesso arrasador do primeiro álbum a banda vem com outro álbum de peso que servia para consolidar a fama do grupo em sua terra natal, Killers (1981), um álbum formidável do ponto de vista musical e a evolução do grupo era nítida e mostrava que o quinteto liderado por Steve Harris ainda iria muito longe na estrada do Heavy Metal. Com o advento da NWOBHM, os caras tornaram-se a referência máxima pela sonoridade praticada e nada mais teria volta, e isso significava que a Donzela de Ferro estava pronta alçar altos vôos, mas isso ainda demoraria mais um pouquinho para ser de fato conquistado ainda eram necessários mais alguns ajustes para poder levar a cabo os planos de conquistar outras plateias ao redor do planeta. 

Os problemas com Paul Di´anno começavam a se tornar um grande problema devido ao abuso de drogas e álcool, por parte do vocalista, mas por outro lado pesava contra o vocalista a vontade mudança na sonoridade, pois Steve Harris tinha uma visão mais ampla do negócio e óbvio que iria dar um passo maior, mas não maior do que a perna e com certeza faria valer as suas pretensões de grandeza e a segunda baixa na banda foi uma junção dos dois e o que teve maior peso foi a segunda opção, pois Steve Harris queria e muito alcançar outro nível e as composições que ele tinha em mente, não eram compatíveis com o estilo de Paul Di´anno e assim encerra-se a primeira fase do grupo cujo legado rivaliza com a segunda fase que estava por vir. 

  
Para escolha do substituto entra em cena outra celebridade do banda, o empresário Rod Smallwood outra figura importante para o grupo (e um dos responsáveis pelo sucesso e fama que a banda viria angariar num futuro não obstante). Com o futuro da banda na pauta do dia e o desejo de fazer um som ainda mais complexo, apoiado nas influências do progressivo (uma das grandes paixões de Steve Harris), era urgente a contratação de um vocalista que pudesse canta-las e a sugestão de Steve Harris foi chamar um tal de Bruce Bruce que cantava numa banda chamda Samson capitaneada pelo guitarrista de mesmo nome e o vocalista já tinha dois registros com a banda rodando na praça e com considerável status. A principio o empresário do grupo relutou em não contrata-lo, mas a vontade do baixista falou mais alto e o empresário foi ao Reading Festival onde o Samson se apresentava e depois do termino do show dirigiu-se até Bruce Dickinson e assuntou com ele sobre uma audição para o grupo e lá foi ele para Hacney onde tocou Prowler, Sanctuary e Running Free e depois disso o resto é aquela velha história que todos já sabemos muito bem. 

Ainda era 1981, quando a rolou a segunda reformulação do grupo com a troca de vocalista, e os  planos para entrar em estúdio e gravar o terceiro capítulo da saga foram inciados e a banda pode se retirar do cenário para começar as gravações do terceiro álbum, que catapultaria a banda a fama internacional e a primeira turnê internacional com direito a primeira passagem pela terra do Tio Sam e com um grande detalhe com sucesso. O ano de 1981, já entrava na reta final quando a nova formação da donzela de ferro entrou em estúdio e começou os trabalhos de gravação e produção do novo álbum que seria lançado no ano seguinte, e a produção ficou nas mãos do competente e excelente produtor Martin Birch que já havia trabalhado no álbum anterior.

Os trabalhos de gravação e produção do álbum terminaram em janeiro de 1982, e o lançamento aconteceu em março do mesmo ano e a "surpresa" foi enorme com a aceitação positiva tanto dos fãs que o consumiram como água e da imprensa que rasgou-se em elogios ao grupo, mas por outro lado desagradou a ala conservadora que os tachou de satanistas pela capa, pois a nova versão de Eddie desta vez era ao contrário das duas primeiras, pois agora era mais ousada e o mascote aparecia no inferno controlando o demônio como se ele fosse uma marionete e embora as letras não refletissem as acusações e não desse margem para que elas ganhassem terreno não teve jeito a banda teve que lhe dar com elas, mas ao menos foi beneficiada pela época em que o álbum foi lançado e nenhuma censura foi feita e pode circular normalmente pelas lojas européias, norte americanas e sul americanas também. 

  
Clássico desde o seu nascimento, The Number of the Beast trazia uma sonoridade muito mais complexa que os anteriores e também era tão pesado, rápido e agressivo quanto eles e as guitarras gêmeas faziam toda a diferença neste novo trabalho do quinteto britânico e por isso mesmo não foi nenhuma surpresa que ele tenha se saído tão bem na praça. As influências do progressivo fizeram toda a diferença também, pois as influências de bandas como o Wishbone Ash foram recortadas e muito bem assimiladas no tocante as guitarras e suas complexas estruturas de ritmo, riffs e solos cheios de melodias cativantes e a bateria estava afiadíssima e o baixo a mesma coisa e faziam parte das guitarras e sustentavam toda a estrutura e permitiam que a estrutura complexa das faixas reproduzissem o peso e os solos velozes realçados pelos vocais que iam lá nas alturas em toda a sua magnitude, enfim perfeito.

O álbum abre com a faixa "Gangland", que é o exemplo perfeito da velocidade das guitarras de dos riffs pesados, rápidos e agressivos enfim uma verdadeira pancadaria promovida pela banda. A segunda faixa "Children of the Damned" que repete a proposta dos álbuns anteriores e se encaixa perfeitamente no conceito do álbum e a sua inspiração vem de outra influência do grupo, o Black Sabbath que em 1980, voltava a cena com o álbum Heaven and Hell e trazia "Children of the Sea" uma balada também, mas no caso das duas bandas eram baladas turbinadas, ou seja pesadas e no caso da primeira depois da calmaria entra a rítmica da bateria e a pancadaria rola solta arrasando com tudo o que encontra pela frente. Na terceira posição do lado A, temos a grandiosa "The Prisioner" outra daquelas de tirar o fôlego e mostram uma banda inteiramente afiada e afim de jogo, com uma dupla de guitarras pegando fogo e incendiando os auto falantes dos toca discos. 

Fechando o lado A, vem outra faixa de peso e que peso e talento a banda desfilou em "22 Acacia Avenue" é outra porrada sonora cheia de velocidade marcada pelos vocais melódicos de Bruce Dickinson e um baixo igualmente melódico e pesado. O lado B, começa com o grande hit do álbum, a faixa título (cuja inspiração veio de Harris, que assistiu o filme de terror, A Profecia II e também no poema que ele leu do poeta, Tam O´Shanter) que depois da sua famosa introdução cujo texto foi retirado da bíblia, do livro do Apocalipse versos (12:12) e (13:18), mas ao invés de utilizarem o ator de filmes de terror Vincent Price que cobrou os olhos da cara, a banda contratou um locutor que lia história de terror, na rádio Capital 95.8 e depois da narração a banda atacava com todo o seu poder de fogo e as guitarras gêmeas saiam destruindo, incendiando os auto falantes dos toca discos e levando os ouvintes ao delírio e claro conquistando os corações juvenis e adultos também, porque não?



Outra canção que arrebatou os fãs de imediato foi "Run to the Hills" cuja introdução começa com grandiosos solos de guitarra e uma instrumental muito inteligente e que com certeza tem que ser escutada no último volume e assim como a faixa título tornou-se também um single para promover o álbum e trazia no lado b, a faixa Total Eclipse que foi composta nas sessões de gravação, mas ficou de fora e só entrou anos mais tarde na versão remasterizada do álbum, na versão em cd e cabe ressaltar que a esta faixa libera na íntegra toda a veia progressiva do grupo, que não teve nenhum escrúpulo para explorá-la, ainda bem que não teve. Na sequencia vem "Gangland" que reflete muito bem o entrosamento e o espírito do grupo com excelentes linhas de vocais, bateria, guitarras e baixo mostrando que tem personalidade própria como as demais e por isso esta no mesmo patamar de criatividade e inteligência do grupo e colocando um ponto final nesta obra prima que se resumiu a oito faixas, vem a pesadona e empolgante "Hallowed By Thy Name", cuja letra aborda a visão de uma pessoa que está prestes a morrer na forca, pois foi condenada a morte e a instrumental serve de perfeito pano de fundo para esta narração e seus longos sete minutos são cheios de guitarras e solos flamejantes com vocais que simplesmente voam alto assim como os demais instrumentistas.  

As composições são de autoria de Steve Harris que assinou completamente todas e outras as demais também levam a sua marca junto com: Dave Murray e Clive Burr, e apesar de reclamar para si a participação nas composições que compõe o álbum, o vocalista não foi creditado devido ao contrato que ainda tinha com o Samson e outro detalhe é que este álbum foi o primeiro onde novas músicas foram compostas especialmente para ele ao contrário dos demais. Outro aspecto curioso em relação a repercussão do álbum aconteceu no Brasil, e o fato é casca grossa porque se não fosse pelo Paulinho Heavy (ex-Inox), que trabalhava na EMI nessa época, jamais o Iron Maiden teria tido a fama que tem junto a rapaziada, pois a major relutava em lançar o álbum por aqui alegando que ele era muito pesado e não teria público para ele, o que era um terrível engano, pois o cara arregaçou a manga e foi a luta e conseguiu que o álbum fosse lançado por aqui e a repercussão foi enorme, pois as discotecas e as demais casas noturnas paulistanas que tocavam rock faziam sessões especiais e o tocavam na íntegra, e outro fato curioso é que o álbum aqui foi um dos campeões de venda e ganhou o disco de ouro e inclusive havia sido programada uma cerimônia para a banda receber o prêmio no programa do Chacrinha, mas acabou não rolando e ninguém sabe explicar porque não aconteceu e isso também era irrelevante, pois o sucesso da banda pelas terras brasileiras só aumentou ao longo dos anos e quatro anos mais tarde a banda repetiu o disco de ouro com Somewhere in Time (1986). 

O sucesso mundial foi estrondoso e para se ter uma idéia dessa popularidade e do estouro promovido pelo álbum, a banda recebeu o certificado de platina nos EUA, no Canadá ganhou certificado triplo de platina, na sua terra natal também ganhou disco de platina, na Suécia, na Austrália e na Alemanha ganharam o certificado de ouro. A banda pela primeira vez embarcou em uma grande turnê mundial e nela estava inclusos shows no principal mercado consumidor do heavy metal, a terra do Tio Sam e lá o sucesso foi devastador e isso se explica pelo prêmio conquistado por lá, e outras terras distantes como o Japão e a Austrália também sucumbiram ao poder de sedução de The Number of the Beast era a Maidenmania lotando estádios ao redor do planeta e o prestígio internacional finalmente havia sido conquistado e a partir de então era só caminhar sobre a terra como os gigantes do passado mostrando seu valor. Depois de escutar o álbum durante 26 anos de minha vida fica evidente porque até hoje o álbum arrebata milhares de fãs de já soma dezesseis milhões de cópias vendidas no mundo todo, pois além de ser novidade a música é realmente boa e alucinante e o impacto social é enorme devido as inúmeras banda que os britânicos influenciaram e ainda influenciam diretamente e por isso meu caro leitor se você foi um iniciante você já tem um bom começo e um bom motivo para gostar de heavy metal, pois aqui você tem um álbum para toda a sua vida e por isso aproveite e divirta-se. 

Faixas: 

A1. Invaders 
A2. Children of the Damned 
A3. The Prisioner 
A4. 22 Acacia Avenue 

B1. The Number of the Beast 
B2. Run to the Hills 
B3. Gangland 
B4. Hallowed be thy Name    









    










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