1 de dezembro de 2012

Álbuns Subestimados: Rolling Stones - Their Satanic Majesties Request (1967)



O Rolling Stones já estava no topo antes do fim da década de 1960, e isso significa que eles já haviam ultrapassado os Beatles não apenas em termos de popularidade, mas principalmente no que diz a musicalidade que era sem sombra de dúvidas muito mais pesada e muito mais direta também e além desses detalhes outros também corroboravam para afirmar o quanto os caras eram mais freaks em relação aos seus “concorrentes” que apesar de possuírem um som legal e igualmente despojado eram um bocado mais refinados e nos demais a imagem era tudo fazia parte do jogo a máxima “quando mais e mais agressivo melhor” e lá estavam fazendo jus aos epítetos conquistados.



Já quase no fim da década de 1960, para ser mais preciso em 1967, o rock já estava bem mais desenvolvido e a sonoridade mais primitiva aos poucos ia ficando para trás, pois neste período bandas como o The Who, Jimi Hendrix entre outros traziam a cena novos elementos e faziam tanto os Beatles como o próprio Rolling Stones soarem como crianças e, além disso, outros estilos mais complexos como o progressivo, por exemplo, que já dava seus primeiros passos com bandas como o Pink Floyd, Procol Harum e mais algumas e o lance era um som mais experimental cujo termo correto para descrevê-lo é o psicodélico e muitas bandas já flertavam com esse gênero e um dos grandes expoentes nessa altura era o Jefferson Airplaine que neste mesmo ano caminhava para o lançamento do seu segundo álbum o excelente Surrealistic Pillow, um dos ícones dessa época brilhante.

Os Beatles as grandes estrelas do momento lançaram um dos discos mais brilhantes de sua carreira mostrando que não haviam fronteiras entre eles e a música e por isso a aventura sonora que foi a gravação de Sgt. Peppers que mostrava uma variada gama de possibilidades que abriam caminhos para que outras bandas também pudessem explorar sem medo algum e ai podemos ver os diferenciais da turma desse período que não tinha medo nenhum em buscar reciclar a sua sonoridade independente do resultado final.  

Dessa maneira os britânicos da banda Rolling Stones que já eram estrelas e já gozavam dos louros da fama não só no Reino Unido como nos Estados Unidos da América onde já tinham conquistado os corações dos jovens e principalmente das jovens (groupies), vinham de um álbum muito bem sucedido, Between the Buttons recentemente lançado e trazia alguns hits como "Let's Spend the Night Together" e "Ruby Tuesday" e como era de praxe naquele período o árduo trabalho shows e estúdio já que a concorrência era demasiadamente desmedida e para continuar mantendo-se em evidência era imprescindível que um novo álbum rolasse o mais depressa possível e aproveitando-se do que esta em voga naquele momento os caras partiram para um nova empreitada em estúdio. 


O novo álbum que estava a caminho é um dos trabalhos que reflete um período de turbulência da banda que neste momento atravessa sérios problemas com a justiça devidas as prisões de alguns membros da banda que não conseguiam se manter longe de problemas com os entorpecentes e neste caso, o LSD, foi o combustível que alimentou a banda que estava mergulhada nele e além de Brian Jones que nesta época namorava Anita Pallenberg e era o líder da banda, o seu principal mentor acabou influenciando Keith Richards que inclusive foi morar com ele e o inesperado também esteve presente, pois Bill Wyman o mais equilibrado e sensato da banda também se envolveu com essa substância "ilícita" e teve lá suas experiências e o resultado pode ser conferido no álbum. 

E os problemas não eram poucos, pois o produtor Andrew Oldham que além de empresário e produtor da banda foi o responsável por construir a imagem negativa em cima da banda (porque talvez sem suas declarações a imprensa que sem questionar comprava tudo e publicava e ajudava a aumentar ainda mais a reputação dos caras como os caras mais barra pesada da área todos esses problemas jamais aconteceriam como aconteceram), já de saco cheio com a falta de foco dos caras resolveu puxar o carro dele logo depois da apreensão de drogas acontecer e como a banda ficou na mão, ou seja, sem um produtor para empreitada o jeito  foi se auto produzir. 

Este álbum é uma caixinha de surpresas e a principal delas é a participação de duas figuras ilustríssimas, sim, ou seja, Paul McCartney e John Lennon que fizeram os vocais de uma faixa e quem acha que os grupos são rivais inimigos ou coisas do tipo estão enganados, pois a amizade entre ambos já existia a um bom tempo e quem não sabe os Beatles já haviam visitado os Rolling Stones quando eles dividiam o apartamento 102, na rua Edith Groove, em Chelsea e ambos ficaram trocando idéias, bebendo até altas horas da madrugada e ainda por cima sabe a música "I Wanna Be Your Man" ela foi dada de presente para os caras, foi o primeiro sucesso deles e por tanto inimigos não fazem coisas desse tipo correto? 


As participações de músicos de fora da banda rolaram e não foram poucos os convidados da a dar as suas contribuições para esta bolacha que estava a caminho outras personalidades além de Ian Stewart (considerado o sexto membro da banda e que desta vez não registrou nada),  participaram também Steve Marriott (que antes formar o Humble Pie estava no Small Faces) que fez backing vocals e tocou violão, Anita Pallenberg (namorada de Brian Jones na época) que fez backing vocals, e o grande John Paul Jones (que no ano seguinte estaria no Led Zeppelin, mas nessa ocasião era músico de estúdio) que faz os arranjos de corda, o produtor Eddie Kramer (que no ano seguinte trabalharia com Jimi Hendrix no mega clássico Electric Ladyland), Ronnie Laine (também do Small Faces) que fez backing vocals também, e pela primeira vez de muitas a banda contou com Nicky Hopkins que tocou piano e cravo.    

Todas estas ilustres participações refletiam uma série de coisa as primeira delas era justamente a falta de foco que levou Oldham a puxar o carro e como os caras estavam enchendo-se de dinheiro era natural questionar-se como, por exemplo, qual é o sentido da vida? e as demais é que os caras experimentaram uma série de recursos novinhos em folha, ou seja, efeitos sonoros, novos instrumentos (fato que Brian adorava e deu um gás a mais para ele na banda), ondas de rádio curtas e estáticas e os arranjos de cordas de John Paul Jones foram as novidades que embalaram as gravações do álbum. As gravações se arrastaram por meses, ou seja, começaram em fevereiro de 1967 e só foram terminar em outubro do mesmo ano e a colaboração entre os membros foi um dos grandes pontos de destaque desse processo nada fácil considerando o que estava acontecendo com os caras naqueles dias turbulentos demais. 

Their Satanic Majesties Request veio a público em dezembro de 1967, mas ao contrário de agradar o álbum acabou desagradando e embora tenha começado com as vendas no lá no topo e tenha também ganho rapidamente o disco de ouro, as vendas desceram a ladeira na mesma velocidade e passou a ser alvo de duras críticas por parte dos críticos e como também teve muitas opiniões a seu favor acabou dividindo opiniões, mas não escapou da comparação com o Sargent Peppers lançado pelos Beatles poucos meses atrás. Este texto destinado a revisar os álbuns subestimados vem para esclarecer primeiramente que este álbum lançado pelos Rolling Stones não tem nada haver com o Sargent Peppers e muito menos é um álbum ruim.



A abertura fica a cargo de "All Sing This Togheter" que conta com a participação de Paul McCartney e John Lennon fazendo vocais, e faz muito bem seu papel como faixa de abertura e mostra uma concepção diferente do flerte com o psicodélico pelos vários instrumentos utlizados. Em "Citadel" as guitarras flamejantes e pesadas de Jones e Richards mandaram muito bem o seu recado, e a faixa casa perfeitamente com a proposta apresentada pelo grupo. Pela primeira vez entrou uma música de Bill Wyman e isso pode ser considerado um marco, pois todas as faixas sempre são assinadas pela parceria história de Jagger e Richards, a faixa "In Another Land" e tem um som excelente e além da instrumentação comum de uma banda de rock também foi acometida pelas experimentações e instrumentos como harpa e o piano e mais uma série de backing vocals foram utilizados sem medo algum. 

Em "2000 Man", as melodias acústicas se mesclam as partes elétricas e criam um excelente ambiente e os vocais de Mick se encaixaram perfeitamente, ou seja caíram como uma luva nesta faixa e nada está fora do tom e as linhas de orgão são excelentes e muito bem colocadas e solos a mesma coisa e ainda por cima reforçam o peso e os refrões são bem melódicos e são uma das partes altas onde as linha de bateria simplesmente explodem excelente trabalho de Charlie Watts. A quinta e última faixa do lado A, é a repetição de "Sing This All Together (See Whats Happens)  não passa de uma longa faixa instrumental que conta com algumas vocalizações de Mick Jagger e mais uma série de instrumentos e variações, mas no final representa muito bem a proposta de explorar o rock psicodélico, uma boa faixa para viajar, saca?

Abrindo o lado B, pela primeira vez aparece uma faixa cuja autoria não é apenas atribuída a dupla dinâmica Jagger e Richards e outro detalhe importante é que "She's a Rainbow" é de autoria de Bill Wyman e foi um dos singles de promoção do álbum e obteve certo sucesso nas paradas e além disso, ou seja depois da introdução apresenta um belo instrumento conduzido por excelentes linhas de violão e de quebra apresenta excelentes linhas de piano e os vocais de Jagger como sempre matadores principalmente nos refrões e aqui Brian Jones (o cara simplesmente mandou ver na cítara, no orgão, na flauta e nos demais que executou) e John Paul Jones deixaram o melhor de cada um de si. A segunda deste lado, "The Lantern" também é pura viagem e mostra ser um dos grandes momentos do álbum e os solos breves se sobre saem junto com os climas da bateria e num ritmo tipo pergunta e reposta e os vocais suaves de Jagger vão conduzindo o clima místico e como o próprio título apenas usam o instrumento para iluminar o caminho trilhado, enfim brilhante. 



Gomper é uma grande viagem instrumental capitaneada por Brian Jones, que merece todos os créditos e mostrou-se um exímio multi instrumentista, pois o cara tocou: o melotron, o saxofone, o dulcimer elétrico, o theremin, a harpa de pedal e o restante foi por Richards, Watts  e Jagger que também botaram para quebrar em suas funções. A penúltima faixa faixa do lado B, "2000 Lights Years From Home" é outra faixa totalmente viajante e psicodélica e mais uma vez Brian Jones ataca de maneira certeira no melotron, nos backing vocais, piano e theremin também aliás ele parece ter ganho vida nova dentro do grupo, neste álbum. Os vocais de Jagger naquele estilo suave ressalta muito bem  o espírito da música e aliado aos backing vocais dos demais integrantes temperam muito bem a proposta do álbum. Fechando o álbum vem "On With The Show" é faixa cuja a flauta as peças de flauta pertencem a canção popular paraguaia "Pajaro Campanera" composta por Félix Pérez Cardoso e além dessa parte ainda tem mais atrativos e a idéia em cima dela pretendia criar a atmosfera de uma boate. O instrumental criou excelentes melodias meio comediantes, mas interessantes e refletem a proposta do álbum e não deixam cair a qualidade. 

Embora a aventura dos Rolling Stones pelo psicodélico não tenha sido também sucedida como a banda esperava, o que não pode-se afirmar que o álbum se cópia de nada que havia sido lançado naquela época e muito menos que eles não estavam inspirados e devemos nos lembrar que a banda viva um dos piores momentos de sua vida, pois existia um risco muito grande de Richards e Brian passarem uma longa temporada atrás das grades e somando a isso a partida de Andrew Oldham também mexeu com a cabeça do quinteto e talvez a pressão e a incerteza que o futuro lhes reservava afetaram a banda, mas em nada diminuíram a capacidade composição e mesmo que tenham se desviado do "foco" produziram um dos grandes álbuns do rock psicodélico. 

A capa do álbum é uma imagem do grupo sentado no meio de uma paisagem psicodélica onde todos estavam trajando como vestimentas medievais cheias de babados como era característico do período e essa imagem que tanto aguça os colecionadores é que ela é estilo holográfico e é justamente esse o valor do disco, pois a música ficou nem para segundo plano e os bolhas de plantão apenas repetem o mesmo jargão que serviu para desqualificar a obra, mas e você leitor já ouviu o álbum? senão ainda não fez nenhum audição, eu sugiro que faça e não tenha medo da opinião alheia e siga o seu coração e deixe a sua mente trabalhar e depois dê a sua resposta se este álbum realmente foi ou não subestimado. 

Faixas: 
A1. Sing This All Together
A2. Citadel 
A3. In Another Land 
A4. 2000 Man 
A5. Sing This All Togheter (She What Happens)

B1. She's A Rainbow 
B2. The Lantern 
B3. Gomper 
B4. 2000 Light Year From Home 
B5. On With The Show 
  
   















3 comentários:

  1. acho um bom album! dentre aqueles albuns psicodelicos que foram lançados naquela epoca esta entre os melhores, e a maior prova de que a intenção não era copiar o sgt . peppers, e que o albun começou a ser gravado em fevereiro, antes de peppers ser lançado, gostei do teu texto só não concordo com dizer que she´s a rainbow é de bill, na verdade ela é de jagger e richard, outra coisa que ofuscou essa fase da banda , era a sequencia matadora, que viria no ano seguinte, beggars, let it bleed, stick e exile atropelaram tudo oq eles fizeram antes, mesmo sendo a fase 64 até 67 sendo muito boa.

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  3. Você tem razão, eu errei me confundi a faixa do Bill Wyman é a "In Another Land", mas o grupo tinha uma política, que a dupla Jagger e Richards levavam os créditos por todas as faixas e inclusive as não compostas pela dupla. Particularmente, eu gosto desse álbum pela participação de John Lennon de Paul McCartney, pelos arranjos de John Paul Jones na She's a Rainbow e pela participação efetiva do Brian Jones.

    O que ofuscou esse álbum foi o Sgt. Peppers e a imprensa rasgou o verbo chamando-o injustamente de cópia, o que não é verdade. Eu gosto mais desse álbum do que o dos Beatles. Nesse ano teve uma série de bandas como o Cream, que lançou o Disraeli Gears e tem também o cenário psicodélico norte americano, que nesse ano contou com outros lançamentos de peso do Jefferson Airplane, Grateful Dead, Country Joe & The Fish e mais uma série de bandas. Mas se for pegar pela discografia o grupo vinha um clássico, Between the Bottons que havia saído poucos meses antes e ainda estava em alta, mas também é verdade em relação aos outros, pois ele ficou bem no meio desses gigantes.

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