Enquanto a
Inglaterra estava em plena NWOBHM lançando banda atrás de banda, os EUA também
estavam na sua onda e não deixavam por menos. O Thrash Metal vinha com tudo e a
terra do Tio Sam não teve dó e nem piedade, o Metallica vinha por um lado com
Kill ‘Em All (1983) e a posteriori vinha ainda mais matador com Ride The
Lightning, o Slayer também vinha daquele jeito com Show No Mercy (1983) e não
muito atrasado em relação ao seu “concorrente” responde com mais agressividade
emplacando o Hell Awaits (1985), a verdade é que o inferno não estava mais a
espera e dali passavam a largos passos bandas e mais bandas e muitos nomes com clássicos
foram firmando-se no cenário.
Daí eis que
surge o Metal Church, os caras não eram Thrash e nem Speed, ou seja, ficavam no
meio termo, eles mandavam um som pesado para ninguém botar defeito.
Primeiramente começaram o Metal Church (1984), um disco que abriu fronteiras
novas e que mostrava uma nova cara do metal e se afirmaram com The Dark (1986),
mas a verdade é que a banda não passou de uma posição intermediária no cenário
da época, ou seja, falta algo mais. As brigas internas levaram primeiramente o
vocalista David Wayne, devido ao abuso de drogas, logo depois foi a vez do
Kurdt Vanderhoof, o cara queria ser produtor, e, portanto, mandou-se e para o
seu lugar foi chamado John Marshall, além dele entrou o vocalista Mike Howe.
Com essa nova
dupla o Metal Church lançou Blessed in Disguise (1989), um excelente álbum só
que um pouco perdido, o The Human Factor (1991) já era bem a linha antiga, dos
dois primeiros, com clipe na MTV para “Date With Poverty”, uma faixa que reunia
todos os ingredientes do grupo e arrasava o quarteirão, a cidade e etc... Os
anos 90 trouxeram mudanças radicais na forma de ouvir música, estilo, ou seja,
eram os anos do efêmero grunge e do nú metal, a banda até tentou se adaptar com
Hanging the Balance (1993), mas parece que não deu certo, pois as vendas baixas
fizeram a banda debandar em 1995.
Os anos 90 foram
marcados também pela volta de algumas bandas com suas formações originais, a
banda principal do metal: o Black Sabbath havia depois de muitos anos levantado
de sua sepultura para dar o último susto com Ozzy em companhia, o resultado foi
o álbum Reunion (1998), um disco que deixou a desejar, mas deixava um recado
fundamental: ESTAMOS DE VOLTA! O Metal Church entrou nessa onda, mas ao
contrário dos britânicos editaram um álbum ao vivo com as melhores performances
da formação original, durante o processo de montagem do disco Vanderhoof,
Wayne, Arrington, Wells e Erikson decidiram que era de retornar aos palcos e
quiça até lançar um novo disco de estúdio.
O que aparentemente
parecia ser apenas uma ideia virou o mote, o disco realmente tornou-se
realidade. Masterpeace surgiu desse turbilhão trazendo de volta a banda, mas a
inspiração da banda não havia secado, as músicas tiveram outro tratamento, ou
seja, saíram mais polidas apesar de manter intacto o estilo Metal Church de
ser. Heavy/Thrash no comando para ninguém colocar defeito, “Sleeps With Thunder”
é o cartão de visitas para dentro do universo do quinteto norte americano. Uma
faixa que faz cair furiosos trovões sobre os ouvidos, enfim, as guitarras
funcionam como se fossem marteladas, os riffs e os solos resgatam a área dos
anos de êxito do grupo, a voz de Wayne continuava insana.
Em “Falldown” o
peso continua com refrãos grudentos e o mesmo se pode dizer das guitarras e da
cozinha que segura a onda e mantem a força do grupo. “Into the Dust” vem num
clima radiofônico, mas não deixa de ser um heavy no estilo do fictício Steel
Dragon, mas só que bem mais poderosa, os arranjos acústicos deram a ela um
toque especial deixando-a com melodias que cativam de imediato. “Kiss for the
Dead” é outra balada que segura a onda e que remete sim a Watch the Children
Pray do segundo álbum, mas a verdade é que ficou ligeiramente abaixo, mas
cumpre com o seu papel e não deixa cair a peteca.
Em “Lb. Of Cure”
o peso volta a reinar, mas em relação ao passado tem um apelo mais homeopático,
ou seja, é mais acessível e não busca agredir como era de costume, ou seja,
vemos aqui um novo Metal Church, mais leve, enxuto. “Faster Than Life” volta
com um andamento mais sombrio ameaçador, pesado pelo simples prazer de assim
ser, mas apostando suas fichas nos vocais de Wayne num tom mais pesado e não
tão sujo como eram antes. “Masterpeace”, a faixa título, depois da introdução acústica
traz uma típica banda de metal tocando com toda a energia que possui. “All Your
Sorrows” é mais uma balada heavy com riffs bem pesados, já a letra discorre
sobre a vida e as suas dificuldades, os vocais rasgados de Wayne arrebentam, ou
seja, ficam com todos os méritos. “Toys in the Attic” é um cover do Aerosmith
cuja versão heavy/thrash do Metal Church ficou excelente e não perde quase nada
para a original. Fechando o álbum a banda apresenta “Sand Kings”, a faixa é digna
de nota e consegue chegar mais próximo do passado, porém o fato é inegável, o
Metal Church era outra banda. Enfim, o disco está mais voltado não é para as
guitarras e nem para outro instrumento, ou seja, foi feito para Wayne desfilar
a sua voz do jeito que bem entendesse e foi o que ele fez e muito bem feito.
O disco foi
malhado, pois de fato para uma banda que teve um começo meteórico e manteve-se
com dois álbuns excelentes os fãs tinham expectativas enquanto ao retorno e
obviamente esperavam por um disco que estivesse no mesmo nível e isso não
aconteceu, mas esse fato não faz de Masterpeace um disco ruim, ele é bom, é um
novo Metal Church, ou seja, o cenário no final dos anos de 1990 eram outro bem
diferente daquele que possibilitou o lançamento de álbuns como Metal Church e
The Dark. Só que ele apesar desses pontos importantes também tem defeitos, ou
seja, baladas em demasia, vocais muito melodiosos, guitarras e demais
instrumentos em segundo plano, ou seja, ficou parecendo um disco de vocalista
cheio de ego que pensa que a banda é só mero acessório para ele decolar nas
suas viagens insanas, mas de fato compensa porque as vozes eram realmente
insanas e foram exploradas na máxima potência é o que faz afirmar que Wayne foi
um dos grandes vocalistas de Metal.
O que parecia
certo naufragou e mais uma vez David Wayne se mandou e em 2001 lançou o seu
disco solo curiosamente chamado de Metal Church, em 2001. Mas infelizmente o
ex-vocalista do Metal Church e do Reverend (outra banda na mesma linha do Metal
Church) sofreu um acidente de automóvel que abreviou a sua vida deixando para
trás uma legião de fãs e de fato colocando termo a uma era do metal, o Metal
Church seguiu em frente lançando os seus álbuns com o vocalista Ronnie Munroe,
mas nunca mais obteve o mesmo brilho, a banda fez uma pausa forçada, ou seja, a
morte de Wayne causou impacto na banda e foi um dos fatores que os levaram a
abandonar os planos, mas como para tudo tem uma saída recentemente retornaram
com Mike Howe, que é que deveria ter feito a dezesseis anos atrás, e lançaram
neste ano o álbum XI resgatando o velho e bom Metal Church, mas isto é conversa
para um outro momento e enquanto este tempo não chega pegue Masterpiece e o
ouça bastante, depois tire as suas conclusões, e diga você mesmo se ele era tão
ruim como diziam...
Lista de Músicas:
01 Sleeps With Thunder
02 Falldown
03 Into Dust
04 Kiss For The Dead
05 Lb. Of Cure
06 Faster Than Life
07 Masterpeace
08 All Your Sorrows
09 They Signed In Blood
10 Toys In The Attic
11 Sand Kings
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