Nos anos de 1990,
o vinil chegou ao fim e no seu lugar entrou o cd com a promessa de melhores
preços e melhor qualidade e de abastecimento, da impossibilidade, quase que
infinito de um título esgotar e virar relíquia e ter seu preço estimado em
níveis estratosféricos. Fábricas de toca discos voltaram a fabricar aparelhos
melhores do que os do passado com preços melhores, amplificadores, caixas acústicas
de vários matizes, enfim, a tecnologia voltou seus olhos para essa indústria
que refloresceu e vem cada vez mais ganhando espaço no mercado e não para de
crescer o número de vendas cada vez maior ano por ano.
No Brasil, a
coisa é um pouco diferente devido ao incomodo da moeda, ou seja, o mal-estar do
câmbio que vira e mexe oscila fazendo disparar os preços do discos (para quem
gosta de rock é único jeito) e dos aparelhos. Esses são os males de um país que
não produz tecnologia e se insere nessas relações como consumidor final, mas em
contrapartida aproveitando-se do bom momento surgiu, por exemplo, a Polyson
dedicada à música brasileira e vira e mexe sempre há o anúncio do lançamento de
um medalhão como Os Mutantes, que tiveram sua discografia completa lançada e
relançada, o mesmo se aplica a Chico Buarque, a Arnaldo Baptista, entre tantos
outros.
Deixando de lado
os relançamentos (reedições) há outro meio de ouvir os discos nesse formato, o
ouvinte, no caso, apela para as prensagens originais (com a desculpa de vai
ouvir algo “melhor”), de época, cujo preço é salgado até os ossos e não é
incomum custarem o preço de um disco novo ou até, no mínimo, cinco vezes mais.
O problema que reside aí obriga trazer à baila a teoria marxista do fetiche que
se aplica aqui de “a” até “z” e se houvesse mais letras elas entrariam também.
Para quem é leigo dessa teoria, ela funciona assim: O produto, no caso, disco
de vinil, passa a ter um sobre valor e deixa de ser uma mera mercadoria
destinada a satisfazer uma necessidade e nela passa-se a incluir valores
sociais, simbólicos e sobre naturais, humanos, ou seja, e o mesmo valor que uma
bolsa ou uma calça, sapato de marca tal tem o vinil (a prensagem original)
passa ter também, ou seja, ele passa ser um objeto de adoração e a ter um valor
absurdo e quem comprar ao invés de comprar o real compra apenas aquilo que é a
transcendência que ele, o vinil “original”, representa.
Por ler o mundo
através dessas lentes e, não obstante, não tardei a perceber que essas distinções
iriam começar a aparecer, é que não compro esse tipo de prensagem e, primeiro,
o disco que é reedição faz a mesma função (e muito bem feita por não ter chiados e
estalos e quais outros ruídos) ao contrário de um disco usado, velho, que se
sabe lá por onde andou e cujo material já está desgastado pela ação do tempo, e,
que; com certeza, já perdeu o seu vigor para reproduzir o mesmo som que
reproduzia a 30, 40, 50 anos de seu lançamento e isso vale para a prensagem de
qualquer lugar do ocidente, oriente, reproduz. O bom é para quem vende que vai
faturar uma excelente grana em cima de quem compra, mas para mim essa conversa
não funciona.
As pessoas que
querem ouvir vinil não precisam se avexar e nem ter medo do que pensam os “sabichões”
que se julgam o suprassumo só porque gastam vultuosas somas em discos que
muitas vezes estão num estado deplorável só para parecerem o que não são e
quando não passam por verdadeiros palhaços. Em relação a teoria, o leitor pode
ficar descansado que ela serve para o bem viver, o marxismo não é uma teoria
proferida aos berros por um louco que quer a qualquer custo fazer uma
revolução, não, ela serve justamente para orientar a vida e torna-la mais
fácil, descomplicada e evitar que façamos papel de bobo, massa de manobra nas mãos gente esperta. Se alguém realmente entendeu o que aqui foi exposto corra, sem medo, e se esbalde nas suas reedições do gênero preferido, um grande abraço e boa sorte.
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