10 de novembro de 2012

Álbuns Subestimados: Deep Purple - Stormbringer (1974)


Em 1973, uma surpresa os fãs do Deep Purple em cheio, o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover não faziam mais parte da banda e isso significava o fim da formação clássica que tinha consagrado-os como um dos maiores grupos de rock dos anos 70, que ao lado de bandas como o Black Sabbath e o Led Zeppelin eram os expoentes da nova onda, ou seja, do novo estilo, o Heavy Rock (Hard Rock ou Heavy Metal), o fato era que essa tríade havia influenciado um sem número de bandas a aparecerem visando pegar o seu lugarzinho ao sol. 



Para a banda naquela altura contava com álbuns do cálibre de In Rock (1970), Fireball (1971), Machine Head (1972), Made in Japan (1972) e Who Do We Think We Are (1973), que são álbuns que estão entre preferidos de qualquer fã não só da banda como do estilo enquanto o último passou desapercebido e ficou apagado pelo sucesso de seu antecessor, mas tem o seu o valor e por isso é um álbum subestimado. Considerando os temperamentos dos integrantes de uma banda de rock, o que se pode dizer é que no Deep Purple o relacionamento interno entre o grupo não ia nada bem e isso gera algumas dúvidas referentes a saída da dupla. 

Para os que ficaram o negócio daquele momento em diante foram obrigados a refletir  um  fato comum que pode atormentar qualquer banda que tenha conseguido sucesso estrondoso e que se encontrava numa posição de estrelato, pois seguiriam em frente ou encerrariam as atividades e no caso dos britânicos prevaleceu a primeira opção, e então quem vai substituí-los a altura, ou seja, quem poderia fazer frente aos vocais de Ian Gillan que já havia impresso um estilo, uma marca na banda que dificilmente seria apagada ou talvez nunca seria apagada o que os forçaria a parar mais cedo ou mais tarde. 

Os caras foram a luta e trouxeram o já conhecido Glenn Hughes (ex-Trapeze) e o desconhecido David Coverdale (antes de trazê-lo para banda outros nomes já conhecidos foram sondados como Paul Rodgers que preferiu seguir com a idéia de montar o Bad Company) e pronto estava montado o Mark III e o jeito seria testar essa formação, mas de que jeito isso seria feito? É lógico que era em estúdio e gravando um novo álbum, que não era nada mais nada menos do que Burn (1974), que apresentava um Deep Purple com um som renovado e pronto para seguir em frente sem ter que provar mais nada para absolutamente ninguém que fosse. 

   
E as novidades nessa formação é que ao invés de ter apenas um vocalista a banda agora contava com duetos potentes e muito bem feitos e na parte musical da parte de Glenn Hughes traria outras influências como o Funk e o Soul e automaticamente a direção musical também iria tomar outros rumos gradativamente, ou seja, álbum após álbum. Nesse contexto surge então o álbum, Stormbringer segundo álbum do Mark III lançado no mesmo ano de estréia deste novo combo. 

O que a banda não esperava era as reações negativas por parte dos fãs e o álbum realmente tornou-se um ponto de mudança, de transição para outra sonoridade já que os novos integrantes que haviam entrado não iriam querer ficar amarrados a sombra do Mark II, e isso era mais do que óbvio. Até mesmo dentro da banda dividiu os músicos, fato que levou John Lord a considerar a sua saída da banda e o outro já mais do que conhecido é a saída de Ritchie Blackmore que não aprovava essa nova sonoridade e acabou se mandando para dar formas e cores ao seu Rainbow que pouco tempo depois estaria fazendo sucesso com o álbum Rising (1976).

Stormbringer teve um efeito forte sobre a banda e sobre os fãs também e por isso divide os fãs entre os entusiastas do álbum que sempre o defendem com unhas e dentes e os que simplesmente o ignoram e afirmam que este não é um álbum do "verdadeiro" Deep Purple e as discussões em torno de sua validade ou não já são tão antigas quanto o álbum em si e os fatos continuam os mesmos e cada um fica no seu canto apreciando ou não esta obra fantástica. Justamente por ser um entusiasta do álbum e gostar dele e considerar que ele foi e ainda é um álbum subestimado é que eu resolvi escrever este texto explicando porque eu o considero uma obra fundamental do rock e que ele não fica a dever nada para o que Deep Purple havia apresentado até aquele momento. 


Imagine uma banda funcionando redondinha, ou seja, totalmente entrosada entre si e mesmo que naquele momento tivesse as suas inseguranças e alguns atritos por conta disso num primeiro momento apresentam um álbum como Burn que pelo menos mostrava que a banda estava no caminho certo com essa formação estreante e que os novos membros acabariam obtendo um destaque muito grande e logo, logo se tornariam voz ativa na banda e começariam colocar a sua marca no material produzido pelo grupo. Essas mudanças foram anunciadas justamente por Glenn Hughes que trouxe na sua bagagem as suas influências do Soul e do Funk e não hesitou em momento algum em usá-las e isso significava um cheio de groove, swing e um balanço descomunal e claro acompanhado pelo peso, a velocidade e a agressividade do hard rock característico da banda. 

Os fatos são claros e as provas estão no próprio álbum, e quando Coverdale põe o seu vozeirão para funcionar nota-se de cara, a cada faixa que ele está ali procurando o seu estilo próprio de cantar, e justamente por todas essas características que foram impressas no álbum é que faz dele um obra prima, que merece todo o crédito junto ao público que deveria fazer uma revisão deste trabalho para poder ter uma maior compreensão e depois responder se ele é merecedor do desprezo que recebeu por parte dos fãs da banda. A questão aqui não dizer se ele é melhor ou pior do que os álbuns que o antecederam e muito menos discutir se o Mark III foi ou não melhor que o Mark II, o que me interessa aqui é tentar explicar os fatores positivos do álbum, ou seja, a sua importância e para tentar ajudar a desfazer o engano de achar que a banda deixou de ser quem era porque lançou um álbum totalmente diferente do que costumava apresentar a cada lançamento. 

Agora partindo para a parte que interessa, as faixas que o compõe quando colocamos a agulha sobre o álbum e vem a introdução da faixa título que caí de cara num hard rock de raiz forte e cheio de peso como já era de se esperar e nessa mesma linha a banda ainda ataca com "High Ball Shooter" que além disso vem com certa dose de balanço e outra bem mais veloz e com boas doses de agressividade é a "Lady Double Dealer" e como estamos das influências Funk e Soul que recheiam grande parte das composições deste álbum faixas como "Love Don't Man a Thing" que tem uma pegada bem soul e além ser bem swingada também conta com os vocais de Covardale que já dava sinais do que faria pouco tempo depois no seu Whitesnake que invadiria as estações FM norte americanas desejando hits e mais hits. 

       
A faixa "Holy Man" é outra que bebeu dessa fonte e também anda pelos caminhos do soul e do funk e funciona muito bem pela tranquilidade do sua estrutura e andamento, um dos destaques deste álbum. Já em "Hold On" temos Coverdale de novo mostrando o seu estilo cativante de cantar acompanhando pelo balanço do baixo de Hughes e alguns backing estilo soul. Outras faixas que carregam as marcas de Glenn Hughes são: "You Can't Do It Right que é puro swing, enquanto Gypsy já seguia com suas levadas mais pesadas cheias de groove, enfim uma faixa genial e terminando vem emocional "Soldiers of Fortune" cujas melodias são para encher os olhos de lágrimas de tanta emoção que causam no ouvinte. 

A banda em si fez um excelente trabalho e caras como: o guitarrista, Ritchie Blackmore estava voando alto com a sua guitarra mandando um som de acordo com o que se esperava dele e para Ian Pace ficou comprovada a sua versatilidade e Jon Lord também não fez feio, mas não teve o mesmo empenho dos álbuns anteriores e a dupla de novatos desde o dueto até o baixo swingado e pulsante de Glenn Hughes fez muito bem a lição de casa e o resultado é este álbum incrível. Independente do que os fãs ou os críticos tenham pensado quando avaliaram o álbum em sua plenitude, ele estava bem a frente do tempo dele, pois nenhuma banda que tenha flertado com ambos gêneros chegaram tão perto dele e o diluíram de maneira tão perfeita e conseguiram um resultado tão brilhante, como o que foi atingido aqui e infelizmente ele foi mal compreendido e por isso acabou apagado e relegado ao esquecimento e ainda divide opiniões por ser realmente polêmico. 

Agora leitor está nas suas mãos e cabe a você, a tarefa de dizer se ele é ou não um álbum injustiçado ou se ele foi e ainda é digno de tantas críticas que recebeu e ainda recebe, mas para você poder decidir isso com clareza o suficiente, o único remédio é você ouvi-lo e ouvi-lo e deixar a opinião dos outros de lado e olhar com os seus próprios olhos e dizer o que você realmente pensa, pois você é o único que pode decidir. 


Faixas: 

A1. Stormbringer
A2. Love Don't Man a Thing 
A3. Holy Man 
A4. Hold On 

B1. Lady Double Dealer
B2. You Can't Do It Right 
B3. High Ball Shooter 
B4. The Gypsy 
B5. Soldier of Fortune 









      
  











Um comentário:

  1. O Deep Purple foi a primeira banda de que me tornei fã, principalmente por causa do Ian Paice, que foi (e ainda é) a minha maior referência na bateria de Rock quando comecei a tocar (sou baterista e comecei a tocar ouvindo Ian Paice)
    Sempre gostei muito de tudo que o Deep Purple fez até da sua breve parada após a morte de Tommy Bolin.
    Boa parte do que veio a partir de Perfect Strangers também me agrada. O único álbum que não engulo muito é "Slaves and Masters". Considero um equívoco a entrada de Joe Lynn Turner na banda.
    A influência Soul de Glenn Hughes, no meu entendimento, foi uma das melhores coisas que aconteceram no Deep Purple, pois deu uma renovada e abriu novas e interessantíssimas perspectivas.
    "Burn" e "Stormbringer" são obras primas. E "Come Taste the Band" também não fica atrás.

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